Vigilante se despede de cão que foi sacrificado em vídeo e emociona internautas
https://www.youtube.com/watch?v=NuzaA6Or4aI
Othello de Sadonana nasceu e foi criado em Nova Lima, na Região Metropolitana de Belo Horizonte. Era respeitado pelos amigos e colegas de trabalho. Passou grande parte da vida trabalhando como vigilante em um condomínio de luxo da capital. Se aposentou aos oito anos e morreu no dia em que completou nove.
O pastor alemão tinha um tumor maligno bem perto do coração e foi sacrificado no último sábado (4). Todo o processo foi filmado pelo dono, o também vigilante Marcos Pimenta, 29 anos, que trabalhou com Othello por quase quatro anos. “Começamos juntos. Aprendi muito com ele. Era um superparceiro. Um grande amigo”, conta.
do cão Othello (Foto: Arquivo pessoal)
O vídeo foi publicado na internet e já teve mais de 11 mil visualizações. “Eu filmei porque queria ter uma última lembrança do meu amigo. Depois publiquei e marquei no Facebook pessoas que tiveram uma ligação com ele. Mas a história tomou uma proporção tão grande. Estou recebendo mensagens do Acre, de São Paulo, do Rio Grande do Sul. Uma loucura”, disse Marcos.
Uma das pessoas que foram “marcadas” na rede social por Marcos foi o adestrador Max Macedo que treinou Othello. “Ele nasceu aqui comigo. Eu treino cães para vigilância. Quando ele estava pronto foi trabalhar com o Marcos. Os dois ficaram muito apegados. Assim que Othello parou de trabalhar, dei ele para o Marcos”, revela.
“Quando a gente trabalhava junto, era eu que tratava dele. Limpava canil, tirava pelo morto, dava de comer. No trabalho, ele era dócil quando tinha que ser e ágil no momento certo”, explica Marcos.
Marcos Pimenta em um condomínio de BH
(Foto: Arquivo pessoal)
Segundo o vigilante, Othello mudava de comportamento assim que observava alguma coisa errada. “Uma vez, ele percebeu a entrada de alguns homens em uma obra, que planejavam roubar um ar-condicionado. Afugentou todos. Era muito bom de serviço”, conta.
O pastor alemão ficou pouco menos de um ano na casa de Marcos. Ele sofria de uma grave doença na pele que fez com que perdesse todo o pelo. Assim que Othello terminou o tratamento da dermatite, seu dono percebeu uma alteração no pescoço do cachorro.
“Tinha uma gordura na papada que depois desceu para o tórax. Apareceu um caroço rígido no local. Levei para o veterinário que recomendou uma biópsia urgente. Era um tumor maligno, próximo ao coração. Tudo foi muito rápido. Questão de dias mesmo. Ele já não estava comendo direito. A boca estava inchada. Corri para a clínica. Tinha a possibilidade de cirurgia, mas não havia certeza de plena recuperação. Veterinário disse que ele iria sofrer demais. Aí eu disse ‘pode sacrificar, melhor a alternativa'”, disse o vigilante.
No vídeo, Marcos usa uma braçadeira de adestramento para manter o cão calmo e distraído para que o veterinário fizesse aplicação do medicamento. O concunhado do vigilante, César Augusto, fez a filmagem e também se emociona durante o vídeo. Graças a Othello, Marcos começou a trabalhar com adestramento de cães por hobby. “Eu faço figuração que é uma etapa importante no treinamento. Sempre gostei de animais. Sempre cuidei dos cães da família”, disse.
Hoje, o cão ganhou uma página em sua homenagem “Eterno Othello”. “É para as pessoas conhecerem um pouco da história dele. Outro dia recebi uma mensagem de uma menina que decidiu fazer veterinária por causa do vídeo. Mesmo depois de morto, o Othello está trazendo coisas boas pra mim”.
Eutanásia
O sacrifício animal é previsto pela resolução n°1000, que faz parte da legislação que regulamenta a medicina veterinária no Brasil. Segundo um dos pontos do texto, “a eutanásia pode ser indicada nas situações em que o bem-estar do animal estiver comprometido de forma irreversível, sendo um meio de eliminar a dor ou o sofrimento dos animais, os quais não podem ser controlados por meio de analgésicos, de sedativos ou de outros tratamentos”.
Ainda de acordo com o Conselho Federal de Medicina Veterinária (CFMV), são princípios básicos dos métodos de eutanásia “elevado grau de respeito aos animais;
ausência ou redução máxima de desconforto e dor nos animais; busca da inconsciência imediata seguida de morte; ausência ou redução máxima do medo e da ansiedade; segurança e irreversibilidade; ausência ou mínimo impacto ambiental; ausência ou redução máxima de risco aos presentes durante o procedimento; ausência ou redução máxima de impactos emocional e psicológico negativos no operador e nos observadores”.
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