TRIBUNAIS E CULTURA
MARCOS SOUTO MAIOR (*)
Sempre tive especial atenção à cultura em geral, mesmo em tempos de menino, já tocava em bandas marciais, nas festas populares nordestinas, era impecável nas quadrilhas juninas e, no saudoso Colégio Pio XII dispunha de um teatro com palco e duas centenas de cadeiras, onde inventei o conjunto musical Ari Barroso, que tocava para as meninas daqueles tempos dos anos sessenta. Ainda rapaz, fui alçado ao cargo comissionado de Secretário da Cultura, Esporte e Turismo da Paraíba, sendo governador Milton Cabral, onde me realizei no que gostava de fazer…
Na sequência, de advogado militante, entrei na disputa do cargo de desembargador do Tribunal de Justiça da Paraíba, e o tempo me levou até ser Presidente daquele honrado poder constitucional. De logo, preparei com afinco, o palácio da justiça paraibana para acolher duas exposições internacionais, no biênio 2001/2002, com todo requinte das artes plásticas vindas de Paris, através da Galeria Cazeau-Béraudière, levando ao encontro cultural de quadros de artistas como Renoir, Matisse, René Magritte, Cândido Portinari, Picasso e outros. Cerca de quarenta mil pessoas passaram pelas portas do Palácio da Justiça, nas duas etapas culturais.
Aplaudi a iniciativa do Tribunal de Contas do Estado da Paraíba, em ser moderno e destemido na aproximação da sociedade em torno da arte e da cultura, concebendo em cal e pedra o Centro Cultural Ariano Suassuna, em homenagem ao paraibano ilustre da Capital, o qual nascera no Palácio da Redenção, sendo filho do Presidente de Estado (governador) João Suassuna, assassinado na Revolução de 1930, por meros motivos políticos. Ariano deixou peças eletrizantes a exemplo do Auto da Compadecida (1955), O Santo e a Porca (1958) e A farsa da Boa Preguiça (1960). Em 19 dezembro 2014 fora inaugurado o novel instrumento de fomento, incentivo e disseminador da cultura paraibana. Merecida homenagem!
Coube ao então Presidente do TCE/PB, Fábio Nogueira, conceber e construir um espaço multicultural com equipamentos importantes: o Auditório Celso Furtado, com quatrocentos e vinte lugares, Salão de Exposições Lynaldo Cavalcanti, Escola de Contas Otacílio Silveira e a Biblioteca Otávio de Sá Leita Filho. Na gestão atual, do Conselheiro Arthur Cunha Lima, tem destacado apresentações mensais da Orquestra Sinfônica de João Pessoa e, exposições diversas. Nesta semana, a corte de contas paraibanas, completa as comemorações alusivas ao sesquicentenário de nascimento do ex-presidente Epitácio Pessoa, mais precisamente no auditório do Centro Cultural Ariano Suassuna, do Tribunal de Contas da Paraíba, será o palco da palestra, “Epitácio Pessoa – O diplomata e jurista da Corte Internacional de Haia” prolatada pelo ministro Francisco Rezek, ex-presidente do Supremo Tribunal Federal.
O presidente Epitácio Pessoa, também era paraibano, da cidade de Umbuzeiro, sua gestão política-administrativa do país se estendeu 1919 a 1922, vencendo o já septuagenário Rui Barbosa, e estava na França em 13 de abril de 1919 e somente regressando em 21 de junho daquele mesmo ano. Também, seria o primeiro presidente apoiado por Minas, no caso exato de ser um paraibano, representava a flagrante derrota da política do café-com-leite onde reinavam as oligarquias paulista e mineira. E, “foi ao mesmo tempo laborioso, esforçado e difícil”, disse o escritor Souto Maior, avaliando a política dos governadores na pressão sobre o governo federal.
Também tribunais são “A cultura, sob todas as formas de arte, de amor e de pensamento, durante milênios, capacitou o homem a ser menos escravizado”. André Malraux.
(*) Advogado e desembargador aposentado
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