‘Toada para José Siqueira’: Cine Banguê tem sessão e debate, com apresentação da Camerata PRIMA
A trajetória de um dos maiores nomes da música brasileira estará nas telas do Cine Banguê, na Fundação Espaço Cultural da Paraíba (Funesc), em João Pessoa, na próxima quinta-feira (30), quando haverá sessão especial do longa ‘Toada para José Siqueira’. A exibição do filme sobre o maestro paraibano terá início às 19h, com um debate logo em seguida. Ingressos custam R$ 10 e R$ 5 (pagamento apenas em dinheiro).
O documentário tem direção de Eduardo Consonni e Rodrigo T. Marques (os mesmos diretores de ‘Pedro Osmar – Pra liberdade que se conquista). É um filme que mergulha no imaginário da cultura popular para revelar uma das mais importantes e desconhecidas figuras da música brasileira. ‘Toada para José Siqueira’ é tão didático quanto poético e levou duas décadas para ser concluído (em uma pesquisa vasta de documentos, fotos, imagens e depoimentos).
Entre os debatedores estarão a professora e pianista Josélia Vieira (consultora musical do filme), o ator Fernando Teixeira (narrador do longa), José Vianey dos Santos (pesquisador sobre a obra de Siqueira) e o músico Rainere Travassos (diretor artístico-pedagógico do Programa de Inclusão Através da Música e das Artes-PRIMA e que regeu, no filme, a Orquestra José Siqueira do PRIMA). A bilheteria abre uma hora antes do começo da sessão.
Além da exibição e do debate, a programação da noite da próxima quinta-feira contará com a apresentação ao vivo da Camerata PRIMA, como forma de homenagear o maestro José Siqueira, nascido em Conceição (no Sertão da Paraíba), no dia 24 de junho de 1907 e falecido no Rio de Janeiro, no dia 22 de abril de 1985. Siqueira teve sua obra reverenciada em diversas partes do mundo e foi perseguido pela ditadura militar instaurada em 1964.
José Siqueira – Filho de um mestre da banda Cordão Encarnado, que lhe ensinou a tocar diversos instrumentos como saxofone e trompete, Siqueira atuou em bandas de música de várias cidades do interior da Paraíba. Foi para o Rio de Janeiro (1927) como integrante das tropas que tinham sido recrutadas para combater a Coluna Prestes e logo ingressou na Banda Sinfônica da Escola Militar, como trompetista.
Siqueira, que dá nome à Sala de Concertos da Funesc, estudou (1928-1930) composição com Francisco Braga e Walter Burle-Marx, no antigo Instituto Nacional de Música, e formou-se em Composição e Regência (1933), iniciando sua brilhante carreira de compositor e regente no Brasil e no exterior, em grandes orquestras dos Estados Unidos, Canadá, França, Portugal, Itália, Holanda, Bélgica, Rússia etc.
Foi professor da Escola de Música da Universidade do Brasil, hoje da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Fundou a Orquestra Sinfônica Brasileira (1940) e formou-se em Direito (1943). Viajou pelos EUA e Canadá e fundou a Orquestra Sinfônica do Rio de Janeiro (1949). Quando esteve em Paris (1953), frequentou o curso de Musicologia da Sorbonne. Oficializou junto ao prefeito Miguel Arraes, a Orquestra Sinfônica do Recife, a mais antiga do país.
Idealizou e criou a Ordem dos Músicos do Brasil, assumindo a sua presidência (1960). Fundou a Orquestra Sinfônica Nacional (1961) e a Orquestra de Câmara do Brasil (1967). Ainda criou a Orquestra de Câmara do Brasil, Sociedade Artística Internacional, Clube do Disco e Ordem dos Músicos do Brasil. Publicou vários livros didáticos tais como ‘Canto Dado em XIV Lições’, ‘Música para a Juventude’, em quatro volumes, ‘Sistema Trimodal Brasileiro’, ‘Curso de Instrumentação’, entre outros.
Foi aposentado (1969) pela ditadura militar por ter relações com o regime comunista. Proibido de lecionar, gravar e reger no Brasil, encontrou abrigo na extinta União Soviética, onde regeu a Orquestra Filarmônica de Moscou e participou como jurado de grandes concursos de música internacionais. Também foi em Moscou que boa parte de sua obra foi editorada e preservada enquanto que no Brasil o governo militar tratou de ‘apagar’ a sua imagem.
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