Smartphones e tablets: Xiaomi dá os primeiros passos no Brasil e ultrapassa a Samsung na China
Mi4, o smartphone mais avançado da chinesa Xiaomi (Reprodução/VEJA)
A Xiaomi, fabricante chinesa de smartphones e tablets, começou a estruturar sua operação no Brasil. A empresa já possui endereço fixo em um prédio de escritórios localizado no bairro de Vila Olímpia, Zona Sul da cidade de São Paulo. Registrada em maio no país com a razão social Xiaomi do Brasil Tecnologia Ltda., a fabricante é liderada por Leo Marroig, contratado em junho como gerente geral da Xiaomi Global para a América Latina. Chen K. Lung e Guilherme Matias também vieram para completar a equipe.
No início de 2013, a empresa ocupava o 14º lugar no ranking global em venda de smartphones. Em apenas um ano, a situação mudou e ela alcançou a sétima posição no ranking global, à frente de gigantes como Motorola, Nokia e Sony Mobile. Isso foi possível graças ao desempenho na China, o maior mercado de smartphones no mundo. Por lá, segundo a consultoria Canalys, a Xiaomi assumiu a liderança de mercado no último trimestre, deixando para trás Samsung e Lenovo.
Apesar do início da operação, não há previsão de lançamento dos produtos da Xiaomi no Brasil. De acordo com o registro na Junta Comercial do Estado de São Paulo, a empresa deve atuar no comércio de equipamentos, desenvolvimento de software e suporte técnico. O registro sinaliza que a empresa, em um primeiro momento, não deve investir na fabricação local de smartphones e tablets. Os produtos poderão ser importados e vendidos em lojas próprias da marca, como já ocorre na China, mas também por meio de operadoras.
No ano passado, a Xiaomi contratou o brasileiro Hugo Barra, então vice-presidente para Android do Google, como seu vice-presidente global. O executivo lidera a expansão do negócio para outros dez países, entre eles o Brasil. No final de julho, o primeiro produto lançado na Índia esgotou rapidamente. A Xiaomi é conhecida por oferecer smartphones com recursos equivalentes a modelos avançados da Apple e Samsung, mas a preço de custo. O lucro da Xiaomi vem da venda de aplicativos, games e serviços, como backup em nuvem.
“É um momento difícil para a entrada de novos fabricantes de smartphones no Brasil, em especial desconhecidas, pois o brasileiro é muito sensível à marca”, disse um analista de mercado ao site de VEJA. Além disso, a Xiaomi pode ter dificuldade em ajustar seu modelo de negócio para o Brasil. “Não é fácil entender as regras para conseguir incentivos fiscais do governo para fabricação local”, diz outra fonte próxima a fabricantes do setor.
Linha de produtos – O smartphone mais avançado da Xiaomi é o Mi4, lançado no final de julho. O aparelho é equipado tela de 5 polegadas com resolução HD, processador Snapdragon 801 de 2,5 GHz com quatro núcleos, 3 GB de memória RAM, além de uma câmera traseira de 13 megapixels e outra frontal, de 8 megapixels – esta última superior aos modelos da Apple e Samsung. A versão básica do produto está à venda na China por 1.999 yuan, o equivalente a 700 reais.
Em maio deste ano, a Xiaomi também lançou uma espécie de cópia do iPad Mini, o Mi Pad. O produto possui tela de 7,9 polegadas, processador Tegra K1 de 2,2 GHz e acabamento em plástico. Ele é vendido por 240 dólares e é produzido em seis cores. O portfólio ainda conta com uma TV conectada de 47 polegadas e uma central multimídia similar à Apple TV que permite conectar a TV à internet.
Os dragões chineses da tecnologia
Xiaomi vs. Apple
Considerada a Apple da China, a Xiaomi é uma das maiores fabricantes de smartphones e tablets do país asiático (em casa, a empresa vende mais smartphones do que a rival americana). Em seu esforço para merecer a fama, tem atraído talentos de grandes companhias de tecnologia ocidentais. Um dos talentos “capturados” é o brasileiro Hugo Barra, ex-vice-presidente da plataforma Android, do Google. A missão de Barra é exportar a marca chinesa até 2016. Índia, Brasil, Rússia, Indonésia, Malásia, México, Filipinas, Tailândia, Turquia e Vietnã estão na mira da companhia, que já comercializa seus produtos em Hong Kong, Taiwan e Cingapura. A empresa também investe na produção de TVs. Neste mês, apresentou a Mi TV, um aparelho de ultra-alta definição (4K) que roda com sistema operacional Android.
Lei Jun, o fundador: Jobs do Oriente
Ao contrário dos colegas que tocam as gigantes chinesas, Lei Jun, de 44 anos, não colocou em seu cartão de visitas um nome americano. Se pudesse, seria Jobs Jun. Formado em ciências da computação, o executivo não deixa dúvidas de que é admirador de Steve Jobs, fundador da Apple. Em apresentações, veste-se como o americano: jeans e camiseta com gola alta. Ele fundou a companhia em 2011 e, desde então, figura no seleto grupo de bilionários chineses. Sua fortuna é estimada em 3,7 bilhões de dólares. Com o slogam “Só para Fãs”, Jun ganhou relevância no mercado local e agora busca expandir o império para os países emergentes.
Valor de mercado: 10 bilhões de dólares
Concorrentes: Apple e Samsung
Baidu vs. Google
O Baidu domina com folga o mercado de buscas da China, com mais de 60% de participação de mercado. Lançado em 2000, iniciou seu processo de internacionalização em 2005, ao abrir capital na Nasdaq, a bolsa de valores que reúne empresas de tecnologia. O principal objetivo agora é ganhar relevância em mercados emergentes. A operação internacional é tão importante que os funcionários que cuidam do assunto estão concentrados em uma unidade em Shenzhen, no sul da China: são 10.000 chineses olhando para o resto do mundo.
Robin Li, o fundador: “Larry Brin” chinês
Li Yanhong, ou Robin Li, de 45 anos, se graduou na China, mas partiu para os Estados Unidos para fazer um mestrado em ciências da computação. Antes de criar o Baidu, trabalhou em empresas de consultoria de mercado. Em 1996, durante a temporada na América, elaborou um algoritmo de busca chamado RankDex, uma espécie de primo mais velho do PageRank, do Google, cuja função é similar à solução encontrada por Larry Page e Sergey Brin: criar um ranking de páginas da internet. O fundador do Baidu é um dos três homens mais ricos da China: sua fortuna é estimada em 11,8 bilhões de dólares, segundo a Forbes.
Valor de mercado
55,8 bilhões de dólares
Concorrentes
Google, Bing e Yahoo!
Tencent vs. Skype, Facebook e WhatsApp
O grupo atua em segmentos como entretenimento, internet, mobilidade e publicidade on-line e já figura entre os maiores do mundo do setor de tecnologia. Em 2004, abriu capital na bolsa de Hong Kong. Sob seu guarda-chuva, estão os principais serviços sociais do país, como QQ, QZone e WeChat. O QQ é seu produto mais popular na China, com 848 milhões de usuários mensais, o que equivale a quase 70% da base mundial de usuários do Facebook (1,28 bilhão).
O Tencent também é dono do Qzone, lançado em 2005, que permite aos usuários ouvir músicas, gerenciar blogs e compartilhar fotos. A plataforma conta com mais de 625 milhões de usuários mensais e desde 2012 funciona no exterior a partir do QQ International.
O aplicativo de mensagens instantâneas WeChat é outro sucesso do grupo. Inspirado no WhatsApp, ele chegou ao Brasil em 2013 e já é um dos serviços chineses de maior sucesso fora do país asiático: 30% dos usuários não são chineses. O app conta com cerca de 400 milhões de usuários mensais, ante 450 milhões do WhatsApp, que hoje pertence ao Facebook.
Pony Ma, o fundador: copiando o ICQ
Conhecido como Pony Ma, Ma Huateng, de 42 anos (em destaque na foto acima) se formou em ciências da computação na Universidade de Shenzhen e, antes de fundar a Tencent, em 1998, trabalhou na China Motion Telecom Development Limited. Ele costuma dizer que a ideia de empreender surgiu depois de assistir a uma apresentação dos criadores do ICQ, precursos dos atuais programas de mensagens instantâneas. Como não havia nada similar na China, ele se inspirou na solução americana e lançou no país o OICQ (Open ICQ). Após uma disputa legal pelo nome, a Tencent rebatizou o serviço de QQ.
Valor de mercado
135,4 bilhões de dólares
Concorrentes
Skype, Facebook, WhatsApp
Alibaba vs. Amazon, Mercado Livre, PayPal
O Alibaba nasceu em 1999 e funciona como uma plataforma de serviços digitais, com e-commerce, classificados e sistema de pagamento. O grupo domina 80% do comércio eletrônico na China e movimentou, em 2013, o equivalente a 248 bilhões de dólares. O Taobao, Tmall e o Alibaba.com são os três principais sites do grupo.
O Taobao é a maior divisão da empresa e seu catálogo de produtos chega a 760 milhões de unidades, oferecidas por 7 milhões de vendedores. Os comerciantes, normalmente pequenos empreendedores, não pagam para utilizar as prateleiras digitais. A receita vem de publicidade e de recursos que melhoram a exposição das ofertas. O Tmall, por sua vez, é voltado a grandes empresas e seu catálogo é de 70.000 produtos. Já o Alibaba.com é um misto dos dois serviços.
A preparação para a abertura de capital na bolsa de Nova York, que deve acontecer no segundo semestre, é a face mais visível da internacionalização da companhia. No Brasil, o grupo atua sob o selo AliExpress. Segundo dados da comScore, o serviço atrai 11 milhões de consumidores por mês — metade do líder Mercado Livre.
Jack Ma, o fundador: de professor a megaempresário
Ma Yun, mais conhecido como Jack Ma (em destaque na foto acima), de 49 anos, fundou o Alibaba em 1999. É, antes de megaempresário, um apaixonado pela língua e a cultura inglesas. Ele faz circular a anedota que, durante a infância, vivia diante de um hotel para topar com turistas e praticar o idioma com eles. Depois de graduar-se em letras, virou professor do idioma. É aficionado também por artes cênicas e, por isso, promove anualmente na sede do Alibaba um concurso de talentos do qual ele próprio não fica de fora.
Jack Ma conta que o nome do negócio, Alibaba, lhe ocorreu durante uma viagem a São Francisco. A inspiração foi mesmo o conto árabe Ali Babá e os Quarenta Ladrões. Para validar a ideia, ele foi às ruas perguntar a quem passava se o personagem era tão popular quanto imaginava. Com a resposta positiva, batizou a companhia.
Valor de mercado
150 bilhões de dólares
Concorrentes
Amazon, eBay e PayPal
NetEase vs. Blizzard
Fundada em 1997, a NetEase está entre as maiores empresas de tecnologia na China. Seus principais produtos são os games — ela distribui os títulos da americana Blizzard — e o site www.163.com. A companhia abriu capital nos Estados Unidos e aparece listada na Nasdaq. No primeiro trimestre de 2014, a NetEase registrou uma receita de 405 milhões de dólares. A empresa também é conhecida por seus serviços de e-mail gratuito, sites de relacionamento, fórum e publicidade on-line.
William Ding, o fundador: game boy
Ding Lei, ou William Ding, de 42 anos, é engenheiro de telecomunicações e possui uma fortuna estimada em 4,2 bilhões de dólares. Depois de se consolidar como o “game boy” da China, começou a expandir o negócio para o setor móvel com o desenvolvimento de aplicativos para smartphones e tablets. Criador de porcos, já chegou a promover uma campanha de marketing em que distribuía carne suína aos jogadores dos games do NetEase.
Valor de mercado: 9,3 bilhões de dólares
Concorrentes: Riot e Blizzard
Portal do Litoral PB
Com Veja
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