Será que a Globo finalmente deixou de ser mesquinha?
Um momento histórico para os amantes da televisão brasileira: Silvio Santos apareceu em dois canais simultaneamente na noite deste domingo (8). Sim, caro navegante! A Globo deu o braço a torcer e liberou a participação do humorista Ceará imitando o maior apresentador da história do Brasil no “Tomara Que Caia” – que concorre diretamente com o próprio no SBT. Uma simples ação que diz muito sobre a nova política da emissora carioca para tentar atrair telespectadores.
Durante muitos anos, a Globo pôde se dar ao luxo de reinar absoluta na liderança e manter uma estratégia de recursos humanos bastante questionável. Contratados que pediam demissão eram simplesmente “apagados” da história da empresa e saíam sob ameaça de nunca mais voltar (inclusive, não podiam nem sequer aparecer em propagandas nos intervalos comerciais da Casa). Já quem trabalhava em outros canais e era recém-contratado sempre precisava passar por um longo período na geladeira para “limpar” a imagem da antiga empresa (a própria Eliana, aliás, só não virou global porque não aceitou ficar tanto tempo fora do ar). Menção a outras emissoras? Nem pensar! Agora, porém, a história está ficando diferente.
Vendo sua plateia cair ano após ano com o avanço das novas mídias, a ex-Vênus Platinada resolveu deixar de lado as amarras e tenta se livrar do antológico “Padrão Globo de Qualidade” (que ajudou a sepultar muitas biografias nos últimos 50 anos). Os primeiros sinais da mudança já haviam sido dados com a estreia do “Tá No Ar” (2014), um programa ousado que só daria certo se pudesse falar sobre tudo e todos. E deu.
Depois, veio a reformulação do “Vídeo Show”: o programa vespertino criado exclusivamente para promover os produtos da Globo se viu obrigado a apostar em outros tipos de conteúdo para segurar a audiência. Hoje, com a ótima e escrachada Monica Iozzi, a atração consegue rir de si mesma e também passou a citar artistas não globais. A geladeira do canal atualmente está mais vazia, já que agora só segue contratado quem tem produto no ar. Ficou mais difícil ignorar completamente ex-funcionários… É claro que, em alguns casos, a antiga determinação ainda prevalece: a nova estrela da Record, Paloma Bernardi, por exemplo, está sendo vetada em reportagens sobre o Carnaval carioca. Um erro que tende a ficar cada vez mais raro.
Entre outros fatores, a força da voz democrática na internet foi um dos principais motivos para afrouxar a política engessada da programação: antes, era mais fácil abafar polêmicas, escândalos e críticas. Agora, tudo se espalha rapidamente por meio das redes sociais. O próprio “Tomara Que Caia”, aliás, mesmo segurando a liderança, corria o risco de sair do ar por causa do alto índice de rejeição do público.
Ver o Ceará fazendo o Silvio Santos na Globo, concorrendo contra o próprio Silvio Santos no SBT, é a prova de que as emissoras estão começando a ficar no mesmo nível. Acabou essa história de “liderança absoluta”. As constantes vitórias de “Os Dez Mandamentos”, da Record, contra o horário nobre global também são um sintoma de que nenhum veículo é inatingível. Vamos torcer para que as coisas fiquem mais equilibradas de agora em diante.
Com RD1
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