RC X Cássio: essa disputa permanece atual?
“(Cássio) está coberto por essa aura golpista contra a presidente eleita e quer também derrubar um governador eleito. Mas ele vai ter que esperar quatro anos e vai apanhar de novo”.
A frase acima foi dita ontem (24/08) pelo governador Ricardo Coutinho em entrevista à imprensa durante solenidade de entrega da reforma e ampliação da Escola Estadual Mestre Sivuca.
RC se referia ao senador Cássio Cunha Lima e às esperanças cultivadas, tanto pelo atual líder da oposição no Senador como por boa parte dos seus seguidores na Paraíba, de retornar ao governo pelas mãos não do povo, mas de juízes da justiça eleitoral.
2018?
Mas, há algo que as palavras de Ricardo Coutinho não expressam com clareza e que só vão ficar mais claras na medida em que 2016 e 2018 entrar em pauta.
Quando RC diz que Cássio terá de esperar para 2018, o governador parece indicar que não apenas planeja derrotar o tucano, mas vencer em 2018.
Essas são duas alternativas só parecem complementares, mas não são iguais, porque derrotar Cássio não é o principal objetivo do governador. RC não age com o fígado e é estratégia pura.
A primeira questão é que RC chama Cássio para a disputa, escolhendo novamente o adversário. Um adversário que ele pode novamente vencer. Coutinho mais do que ninguém sabe que antagonizar com Cássio mantem o conteúdo político das disputas eleitorais iniciado em 2010.
E ninguém hoje representa melhor as características da velha política derrotadas nas duas últimas eleições do que o herdeiro dileto dos Cunha Lima.
Eu diria que RC anseia mesmo por uma nova candidatura de Cássio, mas ela não dependerá exclusivamente da vontade do tucano. A candidatura de Cássio em 2018 dependerá de três variáveis, não necessariamente na ordem a seguir:
1) a disputa em Campina Grande no próximo ano; 2) a sucessão presidencial e a montagem dos palanques tucanos nos estados, especialmente no Nordeste; 3) a evolução da avaliação do governo Ricardo Coutinho nos próximos três anos.
Vencer em Campina, sem dúvida, dará sobrevida ao projeto cassista. Uma derrota será um desastre, o que pode significar que 2018 pode obrigar Cássio a lançar-se candidato a governador para colaborar com a chapa presidencial tucana.
Quanto a terceira variável, é preciso antes dizer que eu tenho percebido um erro de avaliação comum sobre o futuro político de Ricardo Coutinho, especialmente nomes para sucedê-lo.
Nome se constrói.
O importante mesmo será Ricardo Coutinho manter e ampliar a boa avaliação do seu governo. Com isso, ele pode almejar a escolha de um sucessor que seja expressão legítima do projeto político por ele liderado, sem que necessariamente seja uma liderança política reconhecida – João Azevedo é um exemplo disso?
E fora Ricardo e Cássio não há muitos nomes disponíveis no mercado, exceção feita ao do prefeito pessoense Luciano Cartaxo, que terá de passar pela prova de fogo de 2016.
No campo ricardista, que inclui hoje o PMDB, não há lideranças com capacidade de aglutinar e gerar expectativas de vitória.
Veneziano claramente age para recuperar a força que já ostentou, prejudicada claramente depois que saiu da prefeitura de Campina. Mesmo eleito prefeito da Rainha da Borborema, em 2016, Vené terá apenas um ano e três meses de administração e, claro, não cometerá a loucura de sair da prefeitura para embarcar em uma aventura.
E Veneziano é o nome do PMDB que o partido dispõe para tentar recuperar no futuro o governo do estado, e esse não é um projeto de curto prazo.
Por isso, apostar na consolidação da aliança com o governador Ricardo Coutinho pode ser mesmo a alternativa política que resta ao PMDB. Resta saber se José Maranhão terá essa compreensão ou se preferirá o ziguezague político próprio dos agrupamentos sem projeto.
No caso de Luciano Cartaxo… Bom, essa é uma outra história que merece uma análise à parte.
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