Professor da UFPB faz monografias até para doutores em troca de dinheiro
Uma empresa comandada por um professor da Universidade Federal da Paraíba (UFPB) promete a alunos que desejam se graduar, se tornarem mestres ou doutores, a confecção de monografias e projetos. Para isso o interessado precisaria apenas desembolsar cerca de R$ 60 reais por lauda. Um trabalho de graduação tem em média 50 a 60 laudas, dependendo da instituição. Desta foram uma monografia de 50 laudas sairia por cerca de R$ 3 mil reais.
Segundo o professor, o trabalho abarca desde a preparação até a revisão do trabalho. “Boa parte da aprovação conta muito da performance realizada na hora pelo aluno. Vamos cercá-lo do maior número de informações. Na monografia extraímos mais caudo daquele assunto”, explicou o professor que também é dono da empresa, mas não teve o nome revelado.
Para que a empresa possa realizar o trabalho, segundo o professor, é feito um contrato entre o aluno e a firma. “Sou pessoa jurídica. Não tem como lhe passar a perna, vai ter contrato. Você vai acompanhar a elaboração, vai sentir necessidade colocar ou não informações no decorrer do processo”, explica.
O dono da empresa afirma que tem título de mestre e que teve um bom orientador, mas que hoje em dia a situação é bem diferente. “Se os orientadores fossem como o meu orientador, a minha empresa não existiria”, pontua.
O professor, que trabalha na UFPB, ainda justifica que é preciso ter a empresa para defender um ganho extra para poder sobreviver. “Ser professor hoje em dia… temos que nos virar em outras coisas. Para ser professor, ou você está fazendo com muito amor a disciplina, muito amor a profissão, mas para ganhar dinheiro como professor realmente… Eu sou sincero, não sou hipócrita.
A pró-reitora de graduação da UFPB, a ex-secretária de Educação de João Pessoa, Ariane Sá, afirmou que a situação é lastimável, mas revelou que não pode fazer nada.
“É lastimável, uma dissertação, TCC, tese de doutorado, é pra mostrar que o aluno está qualificado para exercer a profissão. A própria pessoa que por ventura esteja se apropriando de um material que não é seu, está colocando em risco a própria função”, argumentou a professora.
Segundo Ariane Sá, ainda existe uma lei de plágio que a qualquer momento pode ser acionada por quem vendeu a obra. “É um mercado inadequado. Mas infelizmente, a UFPB não pode fazer nenhuma investigação de ofício, tem que receber denúncias, aí sim pode investigar”, finalizou.
A entrevista foi concedida ao programa Correio Debate nesta terça-feira (22).
Paulo Dantas
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