Preocupado com a instabilidade no futebol, técnico vira taxista na Paraíba
Dirigir uma equipe de futebol não é uma tarefa fácil e é necessário lidar diariamente com a pressão e com o estresse da profissão. O mesmo se pode dizer dos taxistas, que precisam lidar com a correria do trânsito louco das cidades. E que tal ter as duas profissões? É exatamente isto o que está vivendo o treinador Neto Maradona, que tem passagens por vários clubes do Nordeste e no currículo um título de campeão paraibano em 1999. Mas atualmente sem clube, o treinador cearense comprou um carro e virou taxista em Campina Grande, na Paraíba. O que pesou para decisão tão radical? Segundo Neto, o táxi é uma alternativa diante da grande instabilidade profissional do mundo do futebol, que segundo ele é ainda mais grave no Nordeste. Mas ele garante que, apesar dos reveses, continua sendo técnico.
– Não mudei de profissão. Continuo sendo técnico. Isso aqui é apenas uma alternativa, uma opção que a gente precisa ter. Porque na nossa região, o campeonato é curto e as vezes você inicia um estadual, mas não termina. Aqui no táxi não tem como eu cair, aqui vou ser permanentemente o treinador da viatura – explicou.
Com um vasto currículo na carreira, Neto Maradona já treinou várias equipes na Paraíba como Sousa, Treze, Campinense e Botafogo-PB. No Belo, foi campeão paraibano de 1999. O treinador já passou também pelo futebol piauiense, potiguar, cearense e pernambucano.
Já na pré-temporada para o Paraibano 2015, inclusive, ele chegou a ser anunciado como técnico do Miramar, mas ele acabou deixando a equipe por discordâncias com a diretoria do clube. Foi depois disto que ele investiu na nova carreira.
E agora na função de taxista, Neto faz um comparativo entre as duas profissões e crava: “é muito mais fácil dirigir um carro do que uma equipe”.
– No futebol são 24 horas concentrado, trabalhando, olhando o posicionamento da equipe. A cobrança é muito maior. Você ganha um jogo e ainda é questionado. No táxi não. Você só precisa ter muita atenção. Aqui (no táxi) tem seus problemas, mas ele se torna mais fácil – resumiu.
Apesar de estar temporariamente longe dos gramados, Neto Maradona garante que não esquece a função de treinador. E ainda revelou que sente saudade da rotina desgastante de um técnico de futebol. E promete: não vai largar o futebol.
– Sinto saudades, porque o futebol é uma coisa que eu adoro, que eu faço todo dia quando eu chego em casa à noite. Eu dou uma olhada na internet, vejo os trabalhos táticos de certos treinadores, as mudanças que existem e que toda hora está existindo. Trabalhos de fundamento também. Eu não quero sair da bola. Não vou sair da bola.
Avaliação da atual situação do futebol paraibano
Ainda que cearense, foi na Paraíba que Neto Maradona construiu a maior parte da sua carreira, seja como atleta ou como técnico. E ele critica a falta de investimento dos clubes paraibanos nas suas categorias de base. Para ele, as equipes deveriam olhar mais para os atletas da terra.
– O pessoal aqui da Paraíba poderia ter um pouco mais de planejamento, de colocar jovens para jogar, investir nos atletas da região. Como existia antigamente. Mas hoje eles preferem um investimento alto, uma aposta alta, que as vezes têm consequência. Está aí o resultado recente do nosso futebol, que foi muito negativo, em termos de Treze e Campinense. Treze e Campinense foram uma negação (em 2014) – disparou.
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*Com supervisão de Phelipe Caldas
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