Publicado em: 3 dez 2016

Polícia Militar resgata trabalhadores paraibanos escravizados por empresário em Brasília

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Um caminhão com 15 homens submetidos a trabalho escravo foi abordado pela Polícia Militar do Distrito Federal na última quinta-feira (1º), na BR-080, próximo à entrada da cidade de Brazlândia. As pessoas, com idades entre 20 e 50 anos, são oriundas de cidades da Paraíba e do Ceará e circulavam o Brasil dentro do baú do caminhão para vender panelas. Segundo informações da PM, a vítima mais antiga estava há seis anos sofrendo os abusos.

O operador do esquema era também o motorista do caminhão apreendido, um empresário cearense sem passagens pela polícia. “Ele ficava com os funcionários por uma média de quatro meses fazendo vendas. Eles só comem o tanto que conseguirem vender e não conseguem voltar para os estados pois criaram dívidas com o patrão”, explicou o tenente Lélis, que participou da abordagem na BR-080.

Um dos trabalhadores é um jovem da cidade de São João do Rio do Peixe, no Alto Sertão paraibano, identificado apenas como Luan. Em um vídeo postado na Internet, ele explica que foi parar no esquema porque sua família estava passando fome em São João do Rio do Peixe, então ele resolveu ajudar.

O jovem pediu dinheiro adiantado ao empresário para comprar a passagem para Brasília, porém a dívida só aumentava, já que nos dias em que não conseguiam êxito nas vendas, os trabalhadores pediam mais dinheiro para se alimentar, até que chegou um tempo em que eles só podiam comer se vendessem alguma coisa.

– Minha família estava passando fome, essas coisas, aí ele me chamou pra vir aqui trabalhar. Mas nós só comia se nós vendesse alguma coisa. Muita gente aqui já passou um dia, dois dias de fome – relata o paraibano.

Tenente Lélis informou que o caminhão foi selecionado ao acaso, pois não apresentava nenhuma irregularidade, e se surpreendeu com o achado. “Não é comum para nós esse tipo de situação”, resumiu. Segundo ele, nenhum dos homens nasceu ou sequer já morou no DF.

O motorista foi encaminhado para a Superintendência da Polícia Federal, pois o crime de submeter trabalhadores a condições análogas ao de um escravo extrapola as esferas estadual e distrital.

Confira o depoimento de um trabalhador explorado:

 Jornal de Brasília




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