Publicado em: 16 abr 2015

Polícia aponta que mãe matou filho autista envenenado e tentou matar ex-marido

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O delegado Wilder Brito, titular do 16º Distrito Policial, informou, ontem, durante entrevista coletiva, o resultado do laudo pericial que investiga a morte de Lewdo Ricardo, 9 anos, e o envenenamento do ex-marido, o subtenente Francilewdo Bezerra. Segundo Wilder, o laudo apontou a mãe de Lewdo, Cristiane Renata Coelho, 41 anos, como a autora do crime. “Foi a própria mãe que matou o filho autista no dia 10 de novembro, com veneno para rato (chumbinho) no sorvete de morango. Já para envenenar o marido, ela amassou o veneno, colocou no vinho e deu à ele em pequenas dosagens”, afirmou.

Investigação

Após o crime, o subtenente foi acusado pela esposa de ter sido o autor do crime e por ter tentado cometer suicídio. Em coma por uma semana no Hospital Geral do Exército, em Fortaleza, após se recuperar, Francilewdo Bezerra auxiliou nas investigações, disse o delegado. “A mulher informava que o marido era o culpado. Mas, no decorrer das investigações, e depois de todo o trabalho da perícia, hoje, temos elementos para dizer que Cristiane é a culpada”, destacou Brito.

Dentre os fatores que levaram a polícia a chegar até a autora do crime, está a pesquisa na internet sobre envenenamento. “Em decorrência das análises nos aparelhos eletrônicos e de mídia, foi detectado que, enquanto o marido utilizava o notebook para assuntos de trabalho, ela pesquisava na internet sobre como matar uma pessoa por envenenamento. Quando fomos fazer a reconstituição do crime, pedimos para eles acessarem o notebook, como acessavam comumente. O Francilewdo acessou usando um navegador específico. Já Cristiane acessou o navegador que continha as pesquisas sobre envenenamento. Esse foi um dos pontos fortes que levaram ao resultado, embora haja outros”, comentou.

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O delegado acrescentou, ainda, que foi analisado o perfil psicológico de cada um, além do prontuário médico e celulares. “Ele nos disponibilizou o prontuário médico, e ela nunca apresentou. O subtenente também nos deu, prontamente, as senhas das redes sociais. Já ela, protelou por muito tempo, inclusive, a entrega do aparelho celular”. Wilder aponta este fator como um dos motivos pela demora da conclusão desse inquérito. “O celular dela foi de grande importância para o resultado final. Observamos que ela apagou mensagens e inseriu outras”, relatou.

Sobre a demora de cinco meses para o fim do inquérito, o perito de informática, Lúcio Leão, falou sobre a necessidade de reforço dos indícios. “Apesar de termos indícios da autoria, precisávamos reforçá-los para que mais tarde, na Justiça, eles não pudessem ser contestados. Isso demorou um tempo, fora outros pontos que contribuíram para a demora.”

Motivação

Sobre a motivação do crime, o delegado acredita que tenha sido a de “livrar-se da criança, pois ele tinha autismo de alto grau, ficar com o amante, com a pensão do marido e o seguro de vida. Mas, esta é uma hipótese, pois os meios nos levam a pensar assim”, contou.

O perito Luiz Rodrigues apontou dificuldades nas investigações devido ao perfil psicológico da acusada. “Foi difícil para a equipe de peritos achar uma verdade real. Ela é muito dissimulada, mente muito e de uma inteligência ardilosa e focal. Ela escreve muito bem, inclusive, intitula-se poetisa. Diz que está escrevendo um livro sobre o caso.” Cristiane é formada em Educação Física e Radiologia. “Ela conhece o corpo humano e foi, inclusive, capaz de autolesionar para incriminar o marido. Como ela é muito sabida, subestimou a inteligência da polícia. Tudo que ela podia para atrapalhar, ela fez”, alertou. Rodrigues comentou, ainda, que se o subtenente tivesse falecido por conta do envenenamento, as investigações iriam ser dificultadas. “Se ele morre, ficaria uma novela para desvendarmos o autor do crime. Mas, mesmo fragilizado, com lapsos de memória, devido aos efeitos do veneno, ele se dispôs a ajudar nas investigações, participando da reconstituição ainda doente”, destacou o perito.

Liberdade

Embora o laudo já esteja pronto, o delegado afirmou que o inquérito ainda não está fechado. “Este não é o relatório final. Não podemos prendê-la ainda. Essa questão de pedir prisão é daqui para frente. O inquérito ainda não foi fechado. No entanto, já chegamos à culpada. A prisão não é o delegado que decreta. Eu apenas fundamento o pedido. Se o Ministério Público e Justiça concordarem e entenderem as acusações como pertinentes, eles decretam. Caso contrário, a prisão não acontece”, explicou Wilder Brito, acrescentando que irá trabalhar para concluir o mais rápido possível antes que ela possa tentar fugir.

Em Recife, junto à família desde a época do crime, o delegado ponderou que há possibilidades de a acusada fugir. “Ela tem parentes no Rio de Janeiro e até na China. Mas vamos trabalhar para que este fato não aconteça. Contudo, a partir de hoje, ela está indiciada por homicídio triplamente qualificado”. O delegado informou que o crime prevê mais de 30 anos de prisão.

Amante

O possível amante da suspeita também pode ser indiciado como participante no crime. “Ele pode ser indiciado como coparticipante, mas ainda não estamos certo disso. Estamos investigando. A emergência maior era a de chegarmos ao autor. Ainda não temos 100% de certeza, embora haja essa possibilidade tanto de ele ter incentivado quanto de ajudado nas pesquisas ou acobertado Cristiane”.

 

O Estado




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