Pesquisa entre médicos pelo CRM-PB visa diagnosticar saúde física e mental da categoria
No enfrentamento diário das complexidades inerentes à preservação e os cuidados com a vida humana, os médicos carregam consigo um fardo singular, permeado por pressões e estresses que, embora únicos, revelam-se surpreendentemente comuns. Nesse contexto, elevam-se alarmantes índices de transtornos mentais, como a depressão e a ansiedade, que, em casos não raros, desembocam em tragédias irreversíveis, como suicídios, especialmente entre anestesistas. Agravando tal cenário, observa-se uma lamentável associação com a dependência de opióides, facilitada pelo acesso ágil a esses medicamentos.
Enquanto a expectativa média de vida do brasileiro é de 77 anos, desdobrando-se em 80 para as mulheres e 73 para os homens, a realidade do médico no país se revela significativamente mais árdua. Sua esperança de vida diminui em 12 anos, estacionando-se em 65, muitas vezes agravada pela necessidade de seguidos plantões extenuantes, seja para manter o padrão de vida almejado, seja para sustentar uma estrutura familiar fragilizada, encarando o custeio de netos e outros descendentes.
O presidente do Conselho Regional de Medicina da Paraíba (CRM-PB), Leandro Souza, estende a preocupação aos acadêmicos de medicina e pré-médicos, consciente do alarmante aumento nos casos de Síndrome de Burnout (exaustão física e mental devido ao estresse crônico relacionado ao trabalho), consumo de psicotrópicos e episódios extremos de atentados contra a própria vida.
“Precisamos interromper essa trajetória sombria e que preocupa a todos. Durante nossa gestão, ofereceremos cursos de carreira médica e educação financeira aos jovens médicos, proporcionando-lhes apoio para alcançarem maior estabilidade e, além disso, abordaremos a saúde mental como parte integral do Programa CRM Positivo”, declarou, durante entrevista ao Canal do jornalista Cândido Nóbrega, que pode ser conferida na íntegra clicando aqui
Segundo ele, dados a respeito da saúde mental e problemas sociais decorrentes do excesso de trabalho são contundentes:
– Os médicos enfrentam cinco vezes mais casos de Burnout;
– Apresentam um aumento de 20% nas taxas de divórcio;
– Há três vezes mais chances de suicídio em comparação com outras categorias profissionais;
“A pressão para sermos sobre-humanos e inquestionáveis em sua resistência leva a um inevitável esgotamento. Some-se a isso a má alimentação, a redução do tempo dedicado à convivência familiar, aos amigos e ao lazer, contribuindo para um cenário paradoxal onde quem cuida de nós não se cuida, o que exige uma intervenção urgente. Sabe-se que os médicos são resistentes a procurar ajuda e cabe a nós, enquanto Conselho, fazermos todo o esforço para quebrar esse círculo vicioso e superarmos essas dificuldades”, acrescentou.
Para enfrentar essa complexidade, o Órgão realizará uma abrangente pesquisa, sob a coordenação da respeitada professora e ex-reitora da UFPB, Margareth Diniz. O intuito é identificar as áreas críticas, seja na qualidade do sono, seja nas questões financeiras. Muitos médicos, sobrecarregados por suas responsabilidades, enfrentam endividamentos, resultantes de um padrão de vida desviado do ideal.
Leandro finaliza destacou a importância que essa pesquisa terá, ao proporcionar um diagnóstico completo e imperativo para guiar ações baseadas em evidências e direcionar intervenções específicas, proporcionando o suporte necessário a esses profissionais, toda uma categoria de exaustos.
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