Paraibanos de diferentes religiões contam como vivem o dia do Natal
No dia 25 de dezembro os seguidores do cristianismo celebram uma das maiores festividades da religião, o dia do Natal. Mas, para seguidores e praticantes de outras religiões esta data é celebrada diferente. Em algumas é mantida a importância solene, a celebração da vida, a importância da união, as divindades. Por outro lado, há aquelas em que o dia é apenas mais um no calendário, sem rituais ou tradições, mas apenas um feriado. Em João Pessoa, na capital da Paraíba, alguns moradores que professam diferentes credos explicam como vivenciam o dia de Natal.
O sentido desta data para os católicos foi definido pelo Padre Marcelo Monte, da Arquidiocese da Paraíba, como a celebração do amor de Deus pelos homens. “Nossa fé acredita que no natal, Deus entra na história da humanidade e não só entra, mas a modifica para levar o homem criado à sua imagem e semelhança a um caminho de felicidade plena, conversão e santidade”, explicou ele.
25 para lembrar a importância da festa de Natal
(Foto: Felipe Velez / Arquivo Pessoal)
Segundo o Pastor da Igreja Anglicana, Marcio Meira, este é o grande dia do nascimento do salvador. Na igreja em que ele é responsável, há um tempo de preparação para que os fieis melhor vivenciarem esta época. Com a chegada do dia 25, ela conta que há na sua Igreja muita alegria e festas, com cultos especiais, apresentações artísticas e uma programação que recorda aos fieis a importância do nascimento do menino Jesus.
Batizado na Igreja Católica desde quando criança, Daniel Bezerra, de 15 anos, vai vivenciar pela primeira vez um Natal como recomenda a fé do catolicismo. Apesar da pouca idade, Daniel contou que professou outras religiões, como o protestantismo e teve uma breve passagem pelo satanismo. Segundo ele, a data não fazia o menor sentido para ser celebrada e acabou tornando-se apenas um dia para dormir um pouco mais.
No entanto, em 2014 o adolescente, que voltou a praticar a fé católica, disse que espera com ansiedade pelo seu primeiro Natal. “Este ano será diferente, me preparei no advento, que são as semanas que antecedem o nascimento do Filho de Deus. Desta vez, quero celebrar bem nas missas e celebrações. Creio de verdade que o menino Jesus irá nascer”, contou Daniel.
Natal, Deus entra na história da humanidade
(Foto: Nilda Vaz / Arquivo Pessoal)
Este mesmo sentido é vivenciado por Martina Cavalcanti, de 20 anos, que diferente de Daniel, foi batizada na Igreja Católica, mas decidiu seguir como protestante na Igreja Sara Nossa Terra. Ela relatou que com o passar dos dias que antecedem o Natal seu coração se enche de expectativa, porque tem a certeza que virá um tempo de alegria, festas e momentos de reflexão.
Na igreja em que ela frequenta, no bairro do Bessa, em João Pessoa, há um culto especial. Depois desta celebração, Martina segue para reuniões familiares, onde participa de ceias em casas de amigos e conhecidos. “Eu fico muito intrigada com as pessoas que usam do natal pra remeter ao papai noel e esquecem o verdadeiro motivo do Natal”, desabafou Martina.
Há também quem nunca na vida tenha celebrado o Natal. Este é o caso de Rosimere Machado, de 26 anos, que é seguidora dos ensinamentos dos Testemunhas de Jeová. “Não sei bem quando será o Natal, mas para mim é apenas um feriado, um dia livre para aproveitar. Não desejo para os amigos feliz natal, mas sim, bom feriado!”, contou ela.
Rosimeire é Testemunha de Jeová desde que nasceu e não considera que o dia 25 seja o nascimento de Jesus por não haver evidências bibílicas. Ela também considera a época como um oportunidade de aquecimento das vendas no comércio. “Não minha casa não tem festas, ficamos em casa, como um outro dia qualquer, não temos o costume de dormir tarde em dias normais, então como este não é diferente vamos dormir no mesmo horário. Na Igreja mesmo no dia 24 e 25 não terá nenhuma reunião”, explicou Rosimere.
Mesmo com um nome sugestivo para a data, para Emanuel (um dos nomes bíblicos de Jesus) Pessoa, de 27 anos, que é Judeu, o nascimento de Jesus Cristo como acreditam os Cristão também não é celebrado, pois não é compatível com a sua fé. Emanuel explicou que não existe um ‘Natal’ no Judaísmo, o que existe próximo a este período é o ‘Hanukkah’, que significa ‘dedicação’ ou ‘inauguração’, mas que pode ser traduzido como Festa das Luzes.
“Esta festa é comemorada em 25 de Kislêv, no nono dos doze meses do calendário judaico. No calendário gregoriano essas datas são móveis, neste ano foi do dia 16 a 23 de dezembro. Na festividade são utilizados enfeites de luzes na casa. Outra tradição é a troca de presentes durante os oito dias. Normalmente esta é uma festividade familiar, cada um realiza em sua casa, é costume judaico comemorar em comunidade o primeiro e último dia da festividade. Há amigos praticantes de outros estados que se reúnem conosco, geralmente em casa, ou algum local privado, nada aberto ao público”, relatou Emanuel.
Segundo Emanuel, esta é uma tradição bíblica dos Judeus e na mesma data e horário, todos os judeus ao redor do mundo realizam a festividade do mesmo modo.
Para Mãe Tuca, presidente da Casa de Cultura Ilé Asé d’Osoguiã – IAO, o dia 25 não significa o nascimento de Jesus Cristo, pois não há nenhum orixá que remeta ao Natal. Na sua crença, no terreito não ocorre nenhum ritual especial ou celebrativo por causa do significado, que é cristão.
“Nós do candomblé não temos nenhum vínculo com o Natal. Existem apenas as confraternizações, por conta do sincretismo, mas nada que remeta à religiosidade. Eu particularmente participo nesses dias das reuniões com a minha família de sangue, que são bem tradicionais e religiosos. Porém, acolhem com muito respeito a diferença religiosa”, explicou Mãe Tuca.
‘Embora não rezemos, nem acreditemos em nada, o Natal é uma época de reunir as pessoas. Dá pra se usar ao menos pelo motivo de união e amizade também”, diz Camila Rique sobre o Natal. Ela é uma jovem ateísta, de 24 anos, que diz não acreditar em nenhuma religião, ou algo ligado à fé, embora respeite todas as expressões espirituais.
Natal entre amigos estimular a união
(Foto: Camila Rique / Arquivo Pessoal)
Apesar de sua descrença, Camila disse que considera o Natal uma época bem de família, o que se torna uma ótima oportunidade para reunir pessoas difíceis de encontrar durante o ano, incluindo os amigos.
Entretanto, ao mesmo tempo, fez questão de ressaltar que acredita que esta é também uma época de falsidades, onde se preza a união e amizade e dá pra se perceber que as pessoas que falam mal umas das outras, vivem de abraços e beijos.
Ela ainda contou que sua família é bastante religiosa e na noite do Natal fazem orações, das quais ela nunca participa, mas seus parentes a respeitam.
Membro há mais de 25 anos da Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, Dona Iraêrcia Arcanjo, de 69 anos, diz que tem muitos motivos para celebrar neste final de ano. “Não existe data mais importante no ano do que o Natal, apesar de que nós temos a consciência de que Jesus não nasceu neste dia, mas aproximadamente no mês de Abril. Nas casas podem ter até árvores de Natal. Lá na igreja celebramos o dia 25 com reuniões, confraternizações e muito louvor. Afinal, acreditamos que o filho de Deus irá nascer”, disse Iraêrcia.
Este anos ela ainda vai aproveitar a ocasião para comemorar a sua formatura no curso de Letras, na Universidade Federal da Paraíba, durante um jantar, onde disse fazer questão da presença dos familiares.
G1
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