Publicado em: 31 ago 2015

O timing do PSB

Ronaldo-Barbosa

Nas várias entrevistas que concedeu a rádios na semana passada, a pretexto de divulgar evento sobre atuação nas redes sociais promovido pelo PSB, o presidente do partido em João Pessoa, Ronaldo Barbosa, deixou mais dúvidas do que certezas em relação a qual é mesmo o projeto socialista para a capital paraibana em 2016.

Apesar de todos os indícios de que o partido de Ricardo Coutinho pretende lançar candidatura própria no próximo ano em João Pessoa, Barbosa continuou a deixar dúvidas sobre se é essa mesma a intenção da direção partidária.

Sem confirmar a candidatura e reafirmar o óbvio (“o PSB tem nomes para disputar a PMJP”), a informação mais relevante no périplo radiofônico de Barbosa foi a de que qualquer coisa pode acontecer até a conclusão das convenções partidárias no próximo ano: do lançamento de candidatura a apoio à reeleição de Luciano Cartaxo, tudo pode acontecer em relação ao PSB.

Confusão proposital? A posição de Ronaldo Barbosa parece demonstrar que não.

O problema talvez não esteja na posição individual do presidente do PSB, que talvez expresse a falta de unidade do partido e confusão política que toma conta da cabeça dos socialistas em razão da ausência de uma diretiva mais clara por parte de sua maior liderança e maior eleitor do partido em João Pessoa, que é Ricardo Coutinho.

Como o governador tem enviado claríssimos recados sobre sua intenção de lançar candidato na capital, mas ainda não deixou claro que é isso mesmo que pretende fazer, o PSB parece ser hoje um dos poucos partidos que importam no jogo político da Paraíba a não ter uma clara posição sobre como vai agir em 2016.

Ora, como exigir “reciprocidade” do PMDB pelo apoio que o PSB pretende dar a Veneziano Vital em Campina. Reciprocidade a que posição, se os socialistas ainda não sabem com certeza se pretendem lançar candidato/as em João Pessoa?

Essa dubiedade em relação à posição do PSB em João Pessoa quando o assunto são as eleições de 2016 pode ser medida pela postura da dupla de vereadores que o PSB tem na Câmara de Vereadores: enquanto Zezinho do Botafogo apoia a administração petista, Renato Martins é um dos mais destacados oposicionistas. Até quando isso vai persistir? Até às vésperas das convenções do próximo ano? Isso nem de longe é exemplo de “nova política”.

“Aliança eleitoral”

Voltando a Ronaldo Barbosa, o dirigente socialista foi devidamente emparedado quando participou do programa Correio Debate, na última quinta.

Acossado pelos entrevistadores do Correio Debate, especialmente Fabiano Gomes e Wellington Farias, Barbosa sai pela tangente quando questionado sobre se a aliança PSB-PT seria ou não mantida. Barbosa tergiversou, deixando claro que ainda é muito cedo para antecipar posições.

E citou o exemplo de 2014, quando o PT resolveu de última hora apoiar a reeleição do governador Ricardo Coutinho.  Para a surpresa geral, Ronaldo Barbosa disse que aquela aliança foi apenas “eleitoral”, o que no jargão da esquerda quer dizer que foi uma aliança não programática, em suma, de ocasião, exclusivamente montada para atingir os objetivos comuns tanto de PT como de PSB.

Toda aliança entre partidos para disputar eleições pretende-se que seja programática. Eu pelo menos espero que assim seja. E cada partido tem seus objetivos próprios, que muitas vezes confrontam com objetivos estratégicos de um aliado. Assim é a política.

No caso da eleição de João Pessoa, o projeto do PSB de disputar sua prefeitura é mais do que legítimo considerando ser ela a mais importante da Paraíba e locus onde nasceu e se irradiou a força política que governa hoje o estado.

Vencer em 2016 em João Pessoa é central para a estratégia do PSB por várias razões, algumas das quais ainda serão analisadas aqui. Além do que as críticas administrativas à gestão petista, a qual o PSB não ajudou a eleger e da qual formalmente o PSB não participa, são pontos de grande relevância a justificar a não manutenção da aliança.

E a questão nacional tende a afastar PT e PSB – só é preciso agora observar se o PSB da Paraíba pretende contribuir para uma crítica “pela esquerda” ao PT ou se vai chancelar o programa adotado por Eduardo Campos e depois por Marina Silva, em 2014.

Enfim, o problema do PSB parece ser o timing para anunciar o rompimento com o PT.

O problema é que quanto mais os dirigentes do PSB tentam encontrar justificativas para as contradições de sua política, mais eles deixam margens para questionamentos e abrem flancos para serem explorados.

Notem também que o PT permanece calado sobre essa questão, mesmo que deixando passar oportunidades para também responder às estocadas no PSB, e não apenas no campo da política.

Esse melhor momento para o anúncio pode ter passado e quanto mais tempo leve para ser feito mais prejuízos políticos podem causar.

E a perda do apoio do PMDB é um exemplo disso – ninguém no PSB percebeu que Maranhão precisava ter participado desse jogo? Que Gervásio e Veneziano sozinhos não comandam o PMDB, especialmente em João Pessoa?

E Luciano Cartaxo continua a ganhar tempo político e, portanto, administrativo.

Na próxima postagem eu tratarei do projeto de Luciano Cartaxo.




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