Nova operação da PF investiga desvios na Petrobras desde 1997
A Polícia Federal deflagrou nesta quinta-feira a operação Sangue Negro, que apura suspeitas de desvio de dinheiro na obtenção de contratos da Petrobras que teriam ocorrido desde 1997. Segundo nota da PF, a investigação começou antes da Operação Lava Jato, que também apura um esquema de corrupção montado na estatal brasileira, e tem alvos em comum. Ao todo, a polícia cumpre nove mandados judiciais: quatro de prisão preventiva e cinco de busca e apreensão no Rio de Janeiro, Angra (RJ) e Curitiba.
Três dos mandados de prisão foram expedidos contra pessoas já presas pela Lava Jato em Curitiba. São elas: o ex-diretor de Serviços da Petrobras, Renato Duque, que é ligado ao PT, ex-gerente-executivo de Engenharia Pedro José Barusco Filho, e o ex-diretor da área Internacional Jorge Zelada.
A Sangue Negro mira contratos firmados entre a Petrobras e a empresa holandesa SBM Offshore, uma das maiores fabricantes de plataformas marítimas de exploração de petróleo do mundo. Segundo a PF, uma empresa que fazia a ponte entre as duas companhias recebia repasses da ordem de 3% a 5% dos contratos. “Esse dinheiro retornava em forma de pagamento de propinas”, disse a PF.
A operação investiga crimes de sonegação fiscal, evasão de divisas, desvio de recursos públicos, lavagem de dinheiro, entre outros.
A denúncia do MPF abrange ainda a contribuição pedida por Renato Duque aos agentes da SBM, no valor de 300,000 dólares, para a campanha presidencial do Partido dos Trabalhadores (PT) em 2010. Integrantes da direção atual da SBM estão sendo denunciados por favorecimento pessoal, por terem adotado condutas tendentes a evitar ação penal contra algumas das pessoas envolvidas em atos de corrupção.
Até o momento, foram efetivamente recuperados em procedimentos de colaboração premiada, entre multas e repatriação, mais de 96 milhões de reais, a maior parte com a cooperação de autoridades suíças. Também foram denunciados Julio Faerman, Luís Eduardo Campos Barbosa, Robert Subiate, Didier Henri Keller, Anthony (“Tony”) Jogn Mace, Bruno Yves Raymond Chabas, Sietze Hepkema e Philippe Jacques Levy.
O CEO da Progress Ugland Anders Mortensen também foi denunciado por crime de corrupção, embora não relacionado com a SBM.
SBM – A multinacional holandesa contrói e opera plataformas para petroleiras do mundo todo. No Brasil, a empresa tem contratos com a Petrobras que somam pelo menos 27 bilhões de reais. A relação comercial entre as duas empresas começou em 1996.
Em delação premiada à força-tarefa da Lava Jato, o ex-gerente da Petrobras Pedro Barusco relatou que a empresa holandesa pagava propina em troca de benefícios em licitações. Barusco confessou ainda que pediu a Júlio Faerman, representante da SBM no Brasil, que desse um “reforço” de 300.000 dólares para a campanha presidencial da presidente Dilma Rousseff em 2010. Considerado uma das peças-chaves para desvendar o petrolão, Faerman também assinou um acordo de delação premiada com o Ministério Público Federal, no qual concordou em repatriar 54 milhões de dólares que estavam depositados em bancos suíços.
Com Veja
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