Publicado em: 5 maio 2014

Na PB, grávidas migram para ter filhos em João Pessoa e CG

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As duas maiores cidades da Paraíba concentram boa parte dos partos de todo o estado. As maternidades públicas de referência no atendimento em João Pessoa e Campina Grande, o Instituto Cândida Vargas (ICV) e o Instituto de Saúde Elpídio de Almeida (Isea), respectivamente, fazem mais partos de grávidas vindas de outros municípios do que de sua própria cidade. A falta de uma rede de obstetrícia no estado seria ainda, na avaliação do diretor clínico do ICV Juarez Alves, o principal fator desencadeador do aumento de partos cesarianos no instituto.

Mais de 53% dos 700 partos mensais realizados pela Maternidade do Cândida Vargas ficam por conta dos encaminhamentos feitos por outros municípios paraibanos à capital. E na prática essa demanda acarreta o aumento de cesarianas, segundo Juarez Alves. O considerado ideal por ele é que sejam realizadas apenas 35% de cirurgias cesarianas, principalmente, as que representam riscos à vida da gestante e do bebê.

Juarez Amaral (Foto: Kleide Teixeira/G1)
“Por falta de uma rede obstetrícia, há um grande
número de cesarianas”, garante o diretor do ICV
(Foto: Kleide Teixeira/G1)

A maternidade tem programas de referência como o das mães cangurus, onde os bebês prematuros ficam presos às mães por algumas semanas para manter o contato direto com elas e se desenvolverem melhor.

A alternativa para reduzir a quantidade de cirurgias cesarianas seria a implantação de uma rede com hospitais. “Deveria ter uma rede obstetrícia em cada cidade polo no estado. Para se ter ideia, em apenas um dia, de Itabaiananós recebemos dez grávidas e oito tiveram que fazer cesariana”, afirmou.

Por mês, a unidade realiza 1.100 atendimentos, 6 mil atendimentos de emergência e de 650 a 700 partos. Apenas 47% desses partos são realizados em grávidas de João Pessoa. As demais que somam os 53% são originárias das várias regiões do estado. Juarez Alves reforça que na Grande João Pessoa só as cidades de Santa Ritae Cabedelo mantém estruturas para atender grávidas e realizar partos.

Projeto das "mães canguru" são referência no tratamento de bebês prematuros (Foto: Francisco França/G1)
Projeto das ‘mães canguru’ são referência no tratamento de bebês prematuros
(Foto: Francisco França/G1)

A mesma realidade identificada em vários municípios do interior paraibano se identifica na região metropolitana de João Pessoa. Nas cidades que compõe o Litoral Sul, a divisa com o estado de Pernambuco e o Litoral Norte não há maternidades, segundo o diretor do Cândida Vargas. “Em alguns casos, nessas cidades o ar condicionado não está funcionando ou falta anestesista, por exemplo, e há a indicação de cesariana. Então, essas pacientes são trazidas até a Cândida Vargas”, frisou.

No Isea
Campina Grande é a principal referência para a realização de partos no interior do estado e chega a receber também pacientes do interior de estados vizinhos, como Pernambuco e Rio Grande do Norte. Em média, por dia, o Instituto de Saúde Elpídio de Almeida (Isea) realiza 480 partos e 14.400 por mês. Mais de 73% desses procedeimentos realizados são feitos em pacientes  encaminhadas por outros municípios. Na principal unidade de referência da região do Agreste e Sertão paraibanos, a média de partos cesarianos chega a 39%. Para este ano, segundo a diretora geral da unidade de saúde, Marta Albuquerque, foi pactuada uma redução de até 5%.

Isea, em Campina Grande, é referência em atendimentos de alta complexidade (Foto: Nicolau de Castro/G1 PB)
O Isea é referência para atendimentos de alta complexidade (Foto: Nicolau de Castro/G1)

Marta Albuquerque enfatizou que a média considerada ideal pela Organização Mundial de Saúde (OMS) é a de 15%, no entanto, a projeção para Campina Grande, devido ao atendimento às gestantes de alto risco, é de que as cesáreas correspondam aos 30% do total de partos. O Instituto de Saúde Elpídio de Almeida disponibiliza 155 leitos entre obstetrícia e neonatal.

A realização do pré-natal é a única forma de atenuar maiores problemas para a saúde das grávidas que podem repercutir no parto, conforme explicou Marta Albuquerque. Por isso, é preciso que além de pactuações, os municípios garantam a realização do atendimento das grávidas no pré-natal de forma eficiente com a realização de exames simples até os complexos.

Marta Albuquerque, diretora geral do Isea (Foto: Nelsina Vitorino/G1)
Marta Albuquerque diz que é preciso que municípios
ofereçam pré-natal de qualidade para suas grávidas
(Foto: Nelsina Vitorino/G1)

“É preciso que os municípios ofereçam um pré-natal de qualidade para as grávidas que serão encaminhadas para as unidades de referência, responsáveis por partos de alto risco. É preciso que as grávidas tenham acesso mais rápido, inclusive, à cultura de urina”, frisou.

Diante da cobrança do Ministério Público da Paraíba (MPPB), devido aos números considerados preocupantes, a Secretaria Municipal de Saúde de Campina Grande realizou em março deste ano uma capacitação sobre pré-natal de risco habitual com os profissionais que atual na atenção básica da saúde.

Uma outra capacitação com base no pré-natal de alto risco está agendada para o mês de maio. A titular da pasta, Lúcia Derks, enfatizou que a realização de capacitações e sensibilização dos profissionais de saúde nos outros municípios será um fator determinante para reverter o quadro de mortalidade neonatal na cidade.

 

 

 

 

 

Portal do Litoral PB

Com G1 PB




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