Mais de 120 profissionais de saúde já morreram vítimas de ebola na África
A Organização Mundial da Saúde (OMS) informou nesta segunda-feira (25) que até o momento, mais de 120 profissionais da área de saúde morreram após contraírem o vírus do ebola na Guiné, Nigéria, Libéria e em Serra Leoa. Além dos mortos, mais de 240 teriam sido contaminados pela doença. O surto, considerado o mais grave desde que o vírus foi descoberto em 1974, tem feito um número sem precedentes de médicos, enfermeiros e demais profissionais da saúde infectados.
Entre os fatores que explicariam a proporção elevada de infecção entre a comunidade médica estaria a falta de equipamentos de proteção pessoal, como luvas e máscaras, que não estariam disponíveis em quantidade suficiente a suportar a demanda de médicos em atividade na região – inclusive em enfermarias dedicadas ao tratamento de ebola. Além disso, a situação estaria fazendo com que diversos profissionais da área de saúde estejam trabalhando muito além do número de horas considerado seguro nesse caso.
Mas também não é só a escassez de equipamento que aumenta a transmissão. A OMS explica que os equipamentos de proteção individual são em geral quentes e pesados, limitando consideravelmente o tempo que os médicos e enfermeiros poderiam trabalhar em uma ala de isolamento, principalmente em uma localidade de clima tropical.
A diretora-geral da OMS Margaret Chan declarou na última semana é preciso intensificar os esforços na luta contra o ebola. “O nível desse surto de ebola e a ameaça persistente que a doença representa requer outro nível de resposta da OMS e dos países atingidos. E isso vai exigir mais recursos, perícia médica, preparação regional e coordenação. Os países têm identificado o que eles precisam, e a OMS está fazendo a ponte com a comunidade internacional para impulsionar um plano de resposta”, afirmou.
Os índices de mortalidade na comunidade médica também estariam dificultando a OMS de garantir uma entrada suficiente de médicos vindos de outros países. A OMS apontou também que o impacto sobre os profissionais de saúde neste surto tem uma série de consequências negativas para o combate ao ebola. Em primeiro lugar, estaria a perda de médicos em um lugar onde já existe um déficit muito grande: A OMS estima que, nos três países mais atingidos, exista apenas um ou dois médicos para cada 100 mil pessoas. Além disso, existe o próprio medo dos profissionais de saúde, que passariam a temer pela vida e deixariam de ir para os hospitais – impossibilitando a abertura de centros de saúde. Por fim, teria o próprio impacto na sociedade, gerando mais insegurança e medo ao ver que até mesmo os médicos estariam desprotegidos do vírus.
Margaret Chan já havia dito anteriormente que o surto de ebola ainda pode durar muitos meses. “Ninguém está falando tão cedo sobre um fim para o surto. Os países mais atingidos estão entre os mais pobres do mundo. Além disso, só recentemente emergiram de anos de conflito e de guerra civil que deixaram seus sistemas de saúde, em grande parte, destruídos ou pelo menos deficientes”, apontou Chan ao New England Journal of Medicine.
O atual surto de ebola
Segundo os últimos dados da OMS, mais de 1,3 mil pessoas já morreram em decorrência da atual epidemia de ebola e, desde o início dela, mais de 2,4 mil casos da doença já foram identificados. O vírus do ebola foi descoberto no ano de 1976, e já fez milhares de vítimas em outros surtos epidêmicos.
A OMS diz que esse surto difere em outros fatores de outras epidemias de ebola mais recentes. Nos últimos surtos de ebola, os casos costumavam acontecer em áreas mais remotas, com uma propagação e contaminação mais controlável. Dessa vez, tanto as capitais quanto as áreas mais rurais tem sido afetadas – e isso faria com que as possibilidades de que alguém não diagnosticado entrasse em contato com a equipe médica aumentassem.
Além disso, diversas outras doenças endêmicas – malária e febre tifóide, por exemplo – possuem sintomas iniciais semelhantes ao ebola, dificultando um cuidado emergencial mais rápido. A OMS aponta também que casos de infecção na comunidade médica aconteceram em momentos que médicos desprotegidos precisaram agir instantaneamente para auxiliar pacientes muito debilitados.
Portal do Litoral PB
Com JB
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