Investigação da Lava Jato aponta propina de R$ 26 milhões para Collor
As investigações da Operação Lava Jato apontam que o senador Fernando Collor de Mello (PTB-AL) recebeu, entre 2010 e 2014, R$ 26 milhões como pagamento de propina por contratos firmados pela BR Distribuidora.
Collor é um dos 48 políticos investigados por suspeitas de participação em fraudes naPetrobras, investigadas pela Operação Lava Jato, e é alvo de inquérito no Supremo Tribunal Federal(STF) por lavagem de dinheiro e evasão de divisas.
Para investigadores, há indícios de que parte do dinheiro desviado tenha sido usado por Collor para compra de carros de luxo em nome de empresas de fachada. Alguns desses automóveis foram apreendidos pela Polícia Federal na Operação Politeia, um desdobramento da Lava Jato, realizada em 14 de julho.
O advogado Fernando Neves, que defende o senador Fernando Collor, afirmou que não comentará porque não obteve acesso a documentos da investigação.
A defesa de Collor apresentou um pedido ao Supremo Tribunal Federal para que os carros apreendidos na Politeia sejam devolvidos, entre os quais uma Ferrari, um Porsche e um Lamborghini que estavam na Casa da Dinda, residência oficial na época em que o atual senador era presidente da República.
O pedido de Collor ainda será analisado pelo ministro Teori Zavascki, relator da Lava Jato no Supremo.
Conforme a apuração, os carros não estão em nome de Collor, mas sim, em nome de empresas de fechada.
Dois carros são propriedade da Água Branca Participações, empresa de Collor que, conforme investigadores, não tem funcionários e é usada para lavagem de dinheiro.
As investigações também apontam que as prestações do financiamento do Lamborghini estão atrasadas.
No vídeo acima, a Operação Politeia, um desdobramento da Operação Lava Jato, cumpriu 53 mandados de busca e apreensão e envolveu novos nomes na investigação.
Para a cúpula da Lava Jato, os pagamentos pararam em razão da operação porque, segundo os investigadores, a propina parou de ser distribuída. Já existe, inclusive, um processo na Justiça de São Paulo para reaver o bem em razão da inadimplência.
Antes de o dinheiro chegar às mãos do ex-presidente da República, afirmaram esses delatores, a quantia teria circulado em um carro-forte de uma empresa de valores e em carros blindados.
As informações repassadas pelos delatores ainda estão sendo investigadas na Lava Jato. O acordo firmado por eles prevê redução de pena em troca de narrar fatos que possam colaborar para investigações – há possibilidade de anulação em caso de mentira.
Auxiliar do doleiro Alberto Youssef, Rafael Ângulo disse que entregou dinheiro vivo a Collor no apartamento dele, em São Paulo – R$ 60 mil em notas de R$ 100.
Na ocasião, ele classificou a Politeia de “espetaculosa” e “midiática” e acusou o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, de ter orquestrado a operação para vinculá-lo ao esquema de corrupção que atuava na Petrobras.
Em setembro daquele ano, um pedido de impeachment foi entregue à Câmara, que o aprovou em apenas duas horas de votação. Collor foi afastado do cargo, e o vice, Itamar Franco, assumiu em 2 de outubro.
Collor perdeu os direitos políticos por oito anos, e partiu para Miami.
Em dezembro de 1994, ele foi absolvido pelo STF da acusação de corrupção passiva no esquema Paulo César Farias, o PC.
Em 2006, 14 anos depois da queda, voltou à vida política ao ser eleito senador por Alagoas. Em abril de 2014, o STF considerou não haver provas suficientes para condenar o parlamentar pelo crime de peculato – uso do cargo público para desvio de recursos.
Com G1
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