Homologação da terra Potiguara de Monte-Mor tem presença da ministra Sônia Guajajara, em Rio Tinto e Marcação
“É momento de reparação; reparação por tudo que a própria igreja causou pra gente no passado. É reforçar toda a nossa história, a nossa luta, e pensar muito no futuro. Rememorar, tudo aquilo ali, hoje”, pontuou a ministra durante discurso.
A área da TI Potiguara de Monte-Mor, com 7.530 hectares, abriga 5.799 habitantes do povo Potiguara e marca um avanço significativo no reconhecimento dos direitos dos povos indígenas no estado.
A demarcação das terras foi homologada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva no dia 4 de dezembro. O local abriga seis aldeias, conforme divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em 2022.
Marcação, onde fica grande parte do território, é o único município do Brasil que tem como chefe do executivo uma pessoa indígena. Índia Ninha é da etnia Potiguara e conquistou 76,79% dos votos válidos no pleito.
A cidade tem tradição de eleger mulheres indígenas. A ex-prefeita, Lili (DEM), também é indígena Potiguara e apoiava a candidata que saiu vitoriosa na disputa. Outra curiosidade é que todos os nove vereadores eleitos são indígenas.
Segundo o Censo de 2022, o município possui 8.999 habitantes, sendo que 88,08% do total são indígenas.
Processo de demarcação
Após um longo e desafiador processo de 40 anos, a luta pela homologação do território teve início em 2002 com a publicação de um estudo antropológico pelo Governo Federal, conforme explica a Claudecir Braz.
Em 2007, foi emitida a portaria declaratória; dois anos depois, em 2009, ocorreu a demarcação física pela Funai.
Em 2022, uma ação civil pública de obrigação de fazer foi protocolada pelo Ministério Público Federal na Paraíba (MPF-PB), com a União e a Fundação Nacional do Índio (Funai) como representadas. Ela pedia a imediata demarcação da terra indígena de Monte-Mor.
Aldeia Coqueirinho do Norte, na cidade de Marcação, na Paraíba — Foto: Zelma Brito/Prefeitura de Marcação/Divulgação
A luta não se limitou à ação governamental, mas também à força e mobilização do movimento indígena. “Não é governo. A gente não tem que parabenizar só o governo. O governo faz seu papel institucional, mas nós fazemos parte do movimento indígena”, reforça a Cacique Claudecir, destacando o papel de organizações como o Acampamento Terra Livre e a Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (APIB).
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