Homem que decapitou namorada grávida é denunciado por feminicídio
O Ministério Público (MP) apresentou denúncia à Justiça contra o homem que decapitou a namorada grávida em março deste ano na Zona Sul de São Paulo. O desempregado José Ramos dos Santos foi acusado formalmente na sexta-feira (24) pelo crime de feminicídio praticado contra Shirley Souza, de 16 anos.
A vítima estava grávida de seis meses e foi morta porque Santos achava não ser ele o pai da criança. O bebê também morreu. No dia do crime, a garota admitiu ao namorado ter mantido relação sexual com outro homem.
O assassinato ocorreu na comunidade carente de Pedreira, no Jardim Selma. O desempregado está preso desde o fim de março após se entregar no 1º Distrito Policial (DP), na Sé, onde confessou o crime ao abrir a mochila e mostrar a cabeça de Shirley.
Antes de ir até a delegacia, ele publicou, em sua página pessoal no Facebook, a foto da cabeça da adolescente com a seguinte descrição: “Traição da nisso…mentiras…odeio”, escreveu horas depois de saber que vizinhos haviam encontrado o corpo da adolescente.
De acordo com a denúncia, oferecida pelo promotor de Justiça Fábio Ramazzini Bechara, “o crime foi cometido por razões do sexo feminino, tendo em vista o menosprezo revelado pelo denunciado em relação à vítima, relegando a sua condição de mulher, e tratando-a como se fosse um objeto pessoal dele”.
Denúncia e pena
José Ramos dos Santos foi denunciado por homicídio duplamente qualificado (mediante recurso que impediu a defesa da vítima e em razão de gênero) e por destruição e ocultação de cadáver, com agravante de a vítima estar grávida. A denúncia foi oferecida à 1ª Vara do Tribunal do Júri da Capital.
Desde março está em vigor a lei que torna hediondo o crime de feminicídio, que é o assassinato de mulheres por violência doméstica ou discriminação de gênero. A pena é de 12 a 30 anos de prisão – maior do que para homicídio. A punição pode ser aumentada se o crime for contra gestantes, menores de 14 anos ou maiores de 60.
O crime
Segundo a investigação policial, José Ramos dos Santos contou que matou Shirley na casa de seu irmão no dia 26 de março. Eles se encontraram, tiveram relações sexuais e discutiram por causa da possível traição.
O desempregado disse que a desconfiança aumentou após a mulher engravidar, pois ele afirmou ter visto na carteirinha de saúde dela que sua última menstruação foi em agosto, quando o casal estava separado. Após insistir, ela então teria confessado ter se relacionado com um amigo do casal às vésperas do Natal e do Ano Novo, segundo a versão do assassino.
Quando a adolescente se preparava para tomar banho, ele aplicou uma “gravata” até ela desmaiar. Ao perceber que a companheira estava morta, foi até a cozinha, pegou uma faca e decapitou a vítima. Em seguida, enrolou o corpo da jovem em um edredom, amarrou o tronco e os pés e o escondeu atrás de um botijão de gás.
A casa foi limpa para que o irmão não desconfiasse. Com o passar do tempo, o cadáver começou a cheirar mal e Santos decidiu levá-lo para a viela, onde o corpo foi encontrado por moradores. Ao descobrir que a adolescente havia sido achada, ele percorreu 30 quilômetros em dois ônibus e foi até a delegacia, onde se apresentou à polícia e foi detido em flagrante.
Detalhes cruéis do assassinato
José Ramos e Shirley se conheciam desde criança, pois o pai dele havia se casado com a mãe dela, até que os dois iniciaram um relacionamento amoroso.
Na noite do crime, eles haviam se encontrado na casa do irmão do rapaz, onde tiveram relações sexuais. Em seguida, José aplicou uma “gravata” em Shirley até deixá-la inconsciente, cortou a cabeça dela com uma faca de cozinha, enrolou seu corpo em um edredom e o escondeu atrás de um botijão de gás. Algum tempo depois, quando já se podia notar odor de decomposição, José levou o corpo da vítima para a rua.
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