Fora de linha, camiseta do MST vira moda e chega a R$ 100
“O que dizer desta camiseta? Ela e original. E é vintage”, lia-se no anúncio de uma peça que pertencera a um empresário famoso da noite e estava à venda por R$ 80 em um site de produtos usados, nos primeiros dias de junho.
A peça, vermelho-sangue, vinha com a estampa de um casal levantando uma peixeira dentro do riscado do mapa do Brasil. Era uma camiseta tamanho G do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra, custando o mesmo que uma peça nova do estilista Alexandre Herchcovitch.
Comentários contrários à venda ou ao seu preço tomaram redes sociais. “Isso resume a ironia do Brasil”, escreveu Carla Lima. A roupa desapareceu da internet.
A peça tinha saído do armário do empresário Facundo Guerra, nome por trás de bares como o Riviera e baladas como o Cine Joia. “É uma camiseta que comprei no Fórum Social Mundial de Porto Alegre em 2001. Não teria porque tirar da loja”, afirma Guerra.
O site Enjoei, que botou o preço no item e escreveu a descrição que abre este texto, decidira que era por bem cancelar a venda e guardar a peça. “As pessoas começaram a cair de pau em cima dele. Não queria que fosse uma coisa desagradável”, diz Ana Luiza McLaren, dona do site.
Não foi a primeira vez que o manto do MST alcançou um preço mais de 300% maior que seu valor original, que oscila entre distribuição gratuita e R$ 20 para quem não é filiado ao MST.
“Paguei R$ 100 por uma para um cliente, arquiteto”, diz o personal stylist Kiko Dee, que não revela o nome do cliente nem se um assentamento se estabelecer no seu apartamento em Perdizes.
Membros da banda O Teatro Mágico também incorporaram a peça ao figurino de palco, em turnês passadas, o que levou fãs a procurarem roupas parecidas.
O MST, que atualmente está com a produção de camisetas suspensa, escreveu uma nota dizendo não ter controle da venda dessas peças. “A camiseta, a bandeira, nosso hino e até as barracas: são símbolos de representação da luta desde o surgimento do movimento.” Em breve, as camisetas vermelhas devem voltar ao site do movimento, para qualquer um comprar por cerca de R$ 20. “É o que uma família precisa para viver um dia em um assentamento”, diz um membro do MST.
Com Folha
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