Ex-gerente da Petrobras diz ter alertado pessoalmente a Graça Foster sobre corrupção
O Fantástico mostra com exclusividade a entrevista com a principal personagem das novas denúncias de corrupção que envolvem a Petrobras.
A ex-gerente Venina Velosa da Fonseca diz que muitos funcionários da empresa têm conhecimento das irregularidades. E convocou todos eles a também denunciarem.
Venina confessa que tem medo mas que vai até o fim. E assegurou que a atual presidente da estatal, Graça Foster, foi informada das irregularidades não só por email, mas, também, pessoalmente.
A ex-gerente da Petrobras Venina Velosa, que vem fazendo inúmeras denúncias sobre irregularidades nos negócios da empresa, aceitou conversar com o Fantástico.
Venina Velosa, que vem fazendo inúmeras denúncias sobre irregularidades na empresa, aceitou conversar com o Fantástico.
Glória Maria – A senhora prestou depoimento ao Ministério Público, inclusive entregou inúmeros documentos que comprovariam irregularidades nos negócios da Petrobras. Desde quando começou a fazer as denúncias?
Venina Velosa – Desde a primeira vez que eu percebi que havia irregularidades na minha área. Isso aconteceu em 2008. Desde 2008 eu venho fazendo essas… Eu venho reportando esses problemas aos meus superiores, o que culminou agora eu realmente estar levando essa documentação toda ao Ministério Público.
Glória Maria – Que tipo de irregularidades a senhora constatou ou verificou nos contratos da Petrobras?
Venina Velosa – São vários tipos. Irregularidades de pagamento de serviços não prestados, de contratos que aparentemente estavam superfaturados. De negociações que eram feitas onde eram solicitadas comissões para aquelas pessoas que estavam negociando e uma série de problemas que feriam o código de ética e os procedimentos da empresa.
Glória Maria – A senhora informou a que funcionários, a que pessoas da Petrobras sobre essas irregularidades?
Venina Velosa – A todos os meus superiores. Informei ao gerente executivo, aos diretores e até a presidente da empresa.
Glória Maria – A senhora poderia dar nomes?
Venina Velosa – Com certeza. Num primeiro momento, em 2008, como gerente executiva, eu informei ao então diretor Paulo Roberto Costa. Informei a outros diretores, como a Graça Foster. E, em outro momento, como gerente geral, eu informei aos meus gerentes executivos, José Raimundo Brandão Pereira e o Abílio, que era meu atual gerente executivo. Informei ao diretor Cosenza. Tanto quanto diretor, como ele era meu par, como gerente executivo. Informei ao presidente Gabrielli. Informei a todas a pessoas que eu achava que podiam fazer alguma coisa para combater aquele processo que estava se instalando dentro da empresa.
A atual presidente da Petrobras, Graça Foster, é funcionária de carreira da empresa, onde já trabalhou como diretora de gás e energia. Graça assumiu a presidência em fevereiro de 2012.
Ela substituiu Sérgio Gabrielli, que estava no cargo desde julho de 2005. No organograma de Petrobras também estava Paulo Roberto Costa, que chefiou a diretoria de abastecimento de 2004 a 2012. Ele assinou um acordo de delação premiada, para contar o que sabe em troca de uma possível redução da pena. Hoje, cumpre prisão domiciliar. A diretoria de abastecimento é atualmente comandada por José Carlos Cosenza. Nesse mesmo setor ainda trabalha o gerente executivo Abílio Paulo Pinheiro Ramos.
Já outro gerente executivo, José Raimundo Brandão Pereira, foi destituído em abril deste ano.
Glória Maria – A atual presidente da Petrobras, Graça Foster, diz que que a senhora mandou e-mail, mas que ela não teria entendido o que era. A senhora fez denúncia através de e-mail ou esteve com ela pessoalmente?
Venina Velosa – Eu estive com a presidente pessoalmente quando ela era diretora da área de gás e energia. Naquele momento, nós discutimos o assunto. Foi passada documentação para ela sobre processo de denúncia na área de comunicação. Depois disso, a gente… Ela teve acesso a essas irregularidades nas reuniões da diretoria executiva.
Entre os documentos a que Venina se refere, ela mostrou ao Fantástico um e-mail que enviou a Graça Foster em outubro de 2011: “Eu gostaria de estar aí, conversando com você, olhando direto nos seus olhos para você sentir o que eu quero dizer, mesmo correndo o risco de chorar na sua frente. Vou escrever mesmo sabendo que existe a possibilidade de você ir na sala do diretor Paulo Roberto e de ele depois me questionar o que fui fazer na sua sala. Vou falar em nome da mulher que exige respeito, e que vai lutar até o fim, para que um dia suas filhas jamais digam: ela se cansou, ela desistiu no meio do caminho”.
No e-mail, Venina pergunta: você faria diferente? E segue: hoje, eu posso dizer que estou praticamente sozinha na empresa.
Venina explica que escreveu para Paulo Roberto Costa porque estava se sentindo humilhada e assediada – e que reiterou que jamais o traiu e que tudo o que fez foi para atender as normas e o código de ética da Petrobras.
Venina também escreveu que, do imenso orgulho que tinha da empresa, passou a sentir vergonha. Disse que técnicos brigavam por novas formas de contratação, melhorias nos contratos e o que acontecia era o esquartejamento do projeto e licitações sem aparente eficiência.
Na mensagem, Venina ainda afirmou a Graça Foster: gostaria de te apresentar parte da documentação que tenho. Parte dela eu sei que você já conhece.
E terminou dizendo: gostaria de te ouvir antes de dar o próximo passo. Não quero te passar nada sem receber um sinal positivo da sua parte.
Glória Maria – O que é esquartejamento de projetos?
Venina Velosa – Você tem uma refinaria, são várias unidades que são construídas. Então você tem várias formas de você fazer a contratação. A depender da forma que você faz a contratação, você facilita ou dificulta a fiscalização. Em nenhum momento, se não houve a compreensão do que eu estava falando, fui chamada a dar esclarecimento a respeito do assunto. Então teve esse momento e teve agora, no fim da minha gestão em Cingapura, onde eu fiz um relatório de tudo que aconteceu na minha área de gestão. Os resultados positivos. Os resultados que poderiam ser melhores.
Glória Maria – A Graça Foster diz que ela só recebeu este ano um relatório, uma denúncia da senhora. É verdade?
Venina Velosa – Os e-mails que eu enviei para ela já foram publicados e a documentação adicional já foi entregue ao Ministério Público.
Glória Maria – Ela diz que não entendeu o que a senhora disse na época, o que a senhora acha disso?
Venina Velosa – O que eu posso falar é o seguinte: se falar que irregularidade na área de comunicação é problemas na licitação. Se isso não está suficientemente claro, eu, como gestora, posso falar o seguinte: eu buscaria uma explicação, principalmente por uma pessoa que eu tinha muito acesso. Nós sempre tivemos muito acesso. Eu conhecia a Graça na época que ela era gerente de tecnologia, na área de gás, e era gerente do setor na área de contratos. Éramos próximas. Então, ela teria toda liberdade de falar: Venina, o que está acontecendo.
Segundo uma reportagem publicada há nove dias pelo jornal Valor Econômico, em 2008, Venina descobriu que contratos para pequenos serviços chegaram a R$ 133 milhões entre janeiro e novembro daquele ano, ultrapassando, em muito, os R$ 39 milhões previstos.
Segundo o jornal, Venina procurou Paulo Roberto Costa e no encontro, segundo a gerente, o então diretor de abastecimento apontou o dedo para o retrato do presidente Lula e perguntou se ela queria derrubar todo mundo.
Venina encaminhou a denúncia ao então presidente da Petrobras, Sérgio Gabrielli, que instalou uma comissão para apurar o caso. O responsável pela investigação era Rosemberg Pinto, então assessor especial de Gabrielli e hoje deputado estadual na Bahia, pelo PT.
A comissão apurou que foram pagos R$ 58 milhões em contratos de comunicação para serviços não realizados.
E identificou notas fiscais com o mesmo número para diversos serviços, num total de R$ 44 milhões.
O diretor da área de comunicação, Geovanni de Moraes, chegou a ser demitido. Mas, segundo a reportagem, uma licença médica impediu que ele fosse desligado imediatamente. E Geovanni ficou mais quatro anos na empresa.
Glória Maria – A senhora relatou também um encontro com o atual delator de toda essa história de corrupção da Petrobras, Paulo Roberto, no qual a senhora apresentou várias denúncias de várias irregularidades e que ele teria tido a reação de dizer ‘você quer derrubar o governo’ e teria apontado para uma foto do presidente Lula. O que a senhora quis dizer com isso? O que aconteceu exatamente?
Venina Velosa – Esse evento aconteceu quando eu fui apresentar o problema que ocorreu na área de comunicação. Eu cheguei na sala dele e falei: olha, aqui tem só uma amostra do que está acontecendo na área. Eram vários contratos de pequenos serviços onde nós não tínhamos conhecimento do tipo de serviço, do que estava sendo prestado, mas mostrava esquartejamento do contrato. Aí, naquele momento, eu falei: eu nunca soube nada disso, estou sabendo disso agora e acho que é muito sério e temos que tomar atitude. Aí ele pediu que eu procurasse o gerente responsável e pedisse para que ele parasse. Aí eu falei: ele já fez, não tem como eu chegar agora e falar: vamos esquecer o que aconteceu e vamos trabalhar diferente daqui para frente. Existe um fato concreto que tinha que ser apurado e investigado. Aí, nesse momento, ele ficou muito irritado comigo. A gente estava sentado na mesa da sala dele, ele apontou para o retrato do presidente Lula, apontou para a direção da sala do Gabrielli e perguntou: você quer derrubar todo mundo? Aí eu fiquei assustada e disse: olha, eu tenho duas filhas, eu tenho que colocar a cabeça na cama e dormir. No outro dia, eu tenho que olhar nos olhos delas e não sentir vergonha.
Glória Maria – Eu pergunto, você quer derrubar todo mundo?
Venina Velosa – Não. O que eu quero é uma empresa limpa. O que eu quero é que os funcionários da Petrobras possam sentir orgulho de trabalhar nessa empresa. O que eu não quero é ouvir o que a gente ouve quando entra no táxi e fala assim: o senhor pode me deixar ali naquele prédio da Petrobras? Aí vem a brincadeira: você vai lá pegar seu trocado? Eu não quero isso. O corpo técnico não merece isso. Por isso é que eu estou aqui passando por todo esse desgaste, que não é pequeno, para a gente conseguir reerguer essa empresa novamente.
Glória Maria – Por que que a senhora pediu ajuda à atual presidente da Petrobras, Graça Foster, que, na época, era diretora de energia e gás, para redigir relatório sobre irregularidades observadas em negócios na Petrobras. A senhora disse na mensagem que a Graça Foster sabia do que a senhora estava falando porque pediu ajuda a ela e que era diretora de outra área. Que irregularidade a senhora apontava?
Venina Velosa – Na verdade, o que aconteceu: durante esse processo todo da comunicação eu fui muito assediada, fui muito pressionada. O tempo todo tinham assistentes do presidente, assistentes dos diretores na minha sala falando: “tem muita gente envolvida, você não pode tratar essa questão dessa forma”. Então, quando a gente conduziu todo o processo de apuração, eu tinha que formatar, fazer um documento final para que ele fosse encaminhado às áreas que teriam que tomar as ações. Na verdade, o que estava ocorrendo era uma pressão grande para que isso não fosse feito. Aí, eu fui lá não para pedir para formatar. Foi para falar o seguinte: eu vou ter que fazer isso. Para quem que eu mando? Mando para auditoria? Copio o jurídico? Diretor? Na verdade, era para pedir conselho. O que eu fiz foi emitir documento para a diretoria, que é quem teria que tomar as ações, copiando o jurídico, porque o jurídico teria ações ali, e o diretor de abastecimento.
Glória Maria – A senhora diz que vem recebendo várias ameaças, inclusive com arma apontada para sua cabeça, que as suas filhas vêm sendo ameaçadas. O que está acontecendo?
Venina Velosa – Depois que eu apurei essa questão da área de comunicação, durante esse processo todo da área de comunicação, a gente recebeu várias ameaças por telefone. As minhas filhas deveriam ter 5 e 7 anos. Eram bem novas. Teve outros momentos mais difíceis. A opção que eles fizeram em 2009 foi realimente me mandar para o lugar mais longe possível, isso está entre aspas, onde eu tivesse o menor contato possível com a empresa. Aparentemente eu estaria ganhando um prêmio indo para Cingapura, mas o que aconteceu foi que realmente quando eu cheguei lá me foi dito que eu não poderia trabalhar, que eu não poderia ter contato com o negócio, era para eu procurar um curso.
Gloria Maria – Existem ainda dentro da empresa pessoas envolvidas com o esquema de irregularidades?
Venina Velosa – Se você chamar irregularidade é amplo. Eu diria o seguinte: se eu tenho como processo subordinada a mim, como a gente conversou sobre bunker, você tem claramente desvios tem compra de combustível superfaturada, você tem discussão de prêmios envolvendo negociações e você não tem as medidas consideradas compatíveis com esse nível de atividade, talvez … Alguma irregularidade esteja associada.
Gloria Maria – Existem documentos internos da Petrobras que mostrariam que a senhora teria assinado aditivos pra acelerar a inauguração da refinaria de Abreu e Lima. É verdade?
Venina Velosa – Nenhuma área de negócio, não só a minha, nenhum gerente executivo, não só eu, assinam contratos ou aditivos. Todos os esses contratos e aditivos,como eu já disse antes, são negociados e são assinados pela área de serviços.
A refinaria Abreu e Lima está sendo construída em Ipojuca, na região metropolitana do Recife, em Pernambuco. As instalações serão usadas, principalmente, para a produção de óleo diesel. Quando projeto foi lançado, em 2005, no governo Lula, o orçamento inicial era de menos de dois bilhões e meio de dólares. Mas o custo total da obra deu um salto enorme e, agora, deve passar dos 20 bilhões de dólares. Esse valor é quase seis vezes maior do que todo o dinheiro gasto com a construção dos 12 estádios da Copa do Mundo.
Glória Maria – Existe uma mensagem da senhora para o Paulo Roberto na qual a senhora faz agradecimento pelo crescimento na sua carreira e menciona que estava vivendo situações de conflito pela possibilidade de fazer coisas fora das normas da empresa e do código de ética e relata que, ao se deparar com essas situações, teve dialogo caloroso e tenso e foi chamada de covarde por querer pular fora do barco. Isso significa que em algum momento a senhora foi cúmplice? Ou trabalhou ou atuou junto com o Paulo Roberto?
Venina Velosa – Eu trabalhei junto com Paulo Roberto, isso eu não posso negar. Na diretoria de abastecimento, a partir de 2005. Eu diria que, de 2005 a final de 2006, foi um trabalho muito voltado para melhoria da gestão de abastecimento, que culminou no Prêmio Nacional de Responsabilidade. Foi pela primeira vez na história desse prêmio que foi dado para uma empresa, por um negócio com o porte tão grande. Eu trabalhei com Paulo Roberto, esse documento se refere à época desse problema da comunicação onde eu falei quando começamos a trabalhar, eu falo isso para todos os meus gerentes para todos que sou subordinada. Eu só trabalho mediante os procedimentos e código de ética da empresa. Não trabalho se tiver que contrariar isso, então, quando começou a acontecer, foi o caso do desvio da comunicação. E eu comecei a ser pressionada. Então o que eu quis dizer foi : você está me assediando, eu não vou fazer isso. E o desgaste foi muito grande e a história toda já foi contada, em momento nenhum eu cedi.
Gloria Maria – Quer dizer que a senhora nunca participou de nenhum esquema do Paulo Roberto?
Venina Velosa – Se eu tivesse participado de algum esquema, eu não estaria aqui hoje. Eu não teria feito a denúncia que eu fiz, não teria ido ao Ministério Público, entregue o meu computador com todos os documentos que eu tenho desde 2002. Eu não teria feito isso.
Glória Maria – Em nota, a Petrobras diz que afastou a senhora por atitudes fora da ética e fora das normas da empresa. A que a senhora atribui a isso?
Venina Velosa – Na verdade, as atitudes não foram fora da ética nem fora da norma, foram atitudes pouco corriqueiras para um empregado que quer ver as coisas sendo feitas da forma correta. Por um empregado que quer denunciar escrevendo. Eu escrevi, eu não entrei na sala e falei, eu registrei. Eu mostrei isso. Quando eles falam que eu estou fazendo uma coisa fora do código de ética, denunciar irregularidades é fora do código de ética?
Glória Maria – Você tem uma família. Ou tinha. Foi para Cingapura com filhos e marido? Depois disso tudo que aconteceu, como está a sua vida agora?
Venina Velosa – Eu tinha uma família, sim. Um apartamento, marido, duas filhas. A minha mãe, minha família. Simplesmente o que eles fizeram foi me afastar do meu país, das empresas que eu tanto gostava, dos meus colegas de trabalho. Eu fui para Cingapura, eu não vi minha mãe adoecendo. Minha mãe ficou cega, fez transplante de coração, eu não pude acompanhar minha mãe. Meu marido não pôde mais trabalhar, ele teve que retornar. Eu fui o tempo todo pressionada para fazer coisas que não eram dentro do código de ética da empresa. A única coisa que me sobrou foi meu nome. E quando eu vi que eles colocaram meu nome associado a coisas que eu não fazia, eu chamei minhas duas filhas e falei: ou eu reajo e tento fazer, limpar meu nome, ou vou deixar isso acontecer, a gente vai ter uma certa tranquilidade agora e o trator vai passar por cima depois. O que nós vamos fazer? Minhas filhas falaram: vamos reagir.
Glória Maria – Existe uma denúncia também na Petrobras de que a senhora teria beneficiado seu ex-marido com contrato, que a senhora teria feito contrato dentro da empresa pra ele. É verdade isso?
Venina Velosa – Na verdade, foram dois contratos: um em 2004 e outro 2006. Eu me casei em 2007. E a condição para gente assumir esse relacionamento é que o contrato de 2007 fosse descontinuado.E isso foi feito.
Gloria Maria – O contrato foi anterior ao casamento?
Venina Velosa – Foi anterior ao casamento. No momento que a gente assumiu a relação, a condição foi: vamos interromper esse contrato porque tem uma questão de ética dentro da Petrobras e minha que eu não posso aceitar. Isso foi feito com parecer jurídico. Agora, só quero deixar bem claro que essa empresa é muito competente, não fui só eu que fiz o contrato, a atual presidente quando trabalhava na TVG, em 2001 e 2002, também assinou contrato com ele. Depois, em 2008, também assinou contrato com a empresa para fazer integração dos modelos de gestao das termoelétricas. Ela fez isso com base nas características técnicas da empresa da mesma forma que eu fiz antes de me casar. E depois de casada, nós interrompemos o contrato.
Glória Maria – Você vai até o fim? Você tem medo?
Venina Velosa – Eu vou até o fim, sim. Eu também tenho muito medo sim. Eu não posso falar que eu não tenho porque no momento que você denuncia, em vez de você ver respostas para denúncias, você vê simplesmente a empresa tentando o tempo todo falar o seguinte: você não é competente, você fez um monte de coisa errada. E o tempo todo as pessoas tendo que responder, mostrando documentos, que aquilo não é verdade. É uma máquina que passa por cima da gente. Ela está passando. Eu tenho medo? Eu tenho medo. Mas eu não vou parar, eu espero que os empregados da Petrobras. Porque eu tenho certeza que não fui só eu que presenciei, eu espero que os empregados da Petrobras criem coragem e comecem a reagir. Nós temos que fazer isso para poder realmente fazer a nossa empresa ser de volta o que era. A gente tem que ter orgulho, os brasileiros têm que sentir orgulho dessa empresa. Eu vou até o fim, estou convidando vocês para virem também.
A Petrobras voltou a declarar que tomou todas as providências para elucidar os fatos citados por Venina Velosa da Fonseca. Segundo a empresa, não procede a afirmação de que não houve apuração sobre as irregularidades apontadas por Venina porque todas foram encaminhadas às autoridades competentes.
A Petrobras também repetiu que, possivelmente, a funcionária trouxe a público as denúncias porque foi responsabilizada por uma comissão interna. A empresa reafirmou que Graça Foster e José Carlos Cosenza não sabiam de irregularidades e que a presidente da Petrobras só foi informada dessas irregularidades, por Venina da Fonsenca, no dia 20 do mês passado.
O ex-presidente da Petrobras, Sergio Gabrielli, afirmou que nunca foi informado diretamente por Venina da Fonseca sobre a existência de corrupção na empresa.
A defesa de Paulo Roberto Costa declarou que praticamente todos os aspectos investigados pelo Ministério Público Federal foram mencionados na delação premiada do ex-diretor e que não há como comentar incidentes específicos.
O ex-presidente Lula não quis se pronunciar. E os demais citados na reportagem não foram encontrados.
E em entrevista publicada neste domingo por jornais da América Latina, a presidente Dilma Rousseff afirmou que o Brasil não vive crise de corrupção.
A afirmação foi feita em resposta a perguntas sobre as denúncias de irregularidades na Petrobras. A presidente disse também que a indignação dela com as denúncias é igual a de todos os brasileiros e que os culpados devem ser punidos. Segundo a presidente, no Brasil não há intocáveis.
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