Ex-cantor de funk vira morador de rua após sucesso repentino na TV
Quem passou em frente à loja Fran’s Café, na Avenida Paulista, em São Paulo, na manhã desta segunda-feira, se deparou com uma cena pouco comum: um morador de rua, abrigado sob a marquise, usava um notebook. Leitores registraram o momento e enviaram fotos para o EXTRA através do WhatsApp (21 99809-9952 e 21 99644-1263). O que poucos sabiam é que, na verdade, o desabrigado é Júlio César Lourenço da Silva, de 43 anos, que ficou famoso há cerca de seis anos como MC PiuPiu, intérprete do funk “Dança da Galinha”.
A gestora da cafeteria, Adriana Braguini, de 38 anos, contou que o morador de rua está sempre pela região e costuma se abrigar na frente da loja. Nesta segunda-feira, no entanto, ele acabou chamando a atenção de quem passava pelo local porque estava carregando dois computadores.
— Ele apareceu com os computadores hoje de manhã e me pediu para carregar um deles na loja. Eu deixei. Todo mundo viu, achou diferente, e está tirando foto. Ele está aqui na porta e disse que com o computador vai mudar de vida agora — contou Adriana.
Por telefone, Júlio César conversou com o EXTRA. Ele contou que foi parar nas ruas de São Paulo há quase sete anos por causa de problemas familiares e com drogas. Em 2009, Júlio viu sua sorte mudar ao participar de um programa de TV, que lhe deu uma casa. As aparições na televisão como MC PiuPiu renderam alguma fama à família, mas a boa fase durou pouco. Sem se livrar do vício, ele foi parar na prisão, em 2011, acusado de bater na mulher, e voltou para as ruas depois de solto.
Piu Piu, como é conhecido no local, conta que encontrou os computadores e o modem em um caçamba de lixo na madrugada desta segunda-feira.
— Eu achei numa caçamba (de lixo) aqui perto da (Avenida) Paulista. Eu peguei tudo e guardei. Um computador funciona, o outro não. Eu vou vender o que está quebrado. O modem não está entrando na internet — conta Júlio. — Já fazia muito tempo que eu não mexia em um computador. Eu vou usar o aparelho para mandar meus e-mails, entrar no meu Facebook e tentar ver televisão.
Ele conta que por ter sido visto com os aparelhos acabou recebendo mais atenção que o normal.
— Teve gente tirando foto minha escondido. Outros pediram para me fotografar. Eu disse que podia. Eu só não entendi o motivo disso tudo — disse Júlio, que vai usar o computador com um objetivo importante para ele. — Quero me entreter com ele para não fazer nada de errado, para ficar longe das drogas.
Júlio, que se abriga perto da Estação Brigadeiro do metrô de São Paulo, diz que o consumo do crack é um problema em sua vida, mas que não perde o sonho de voltar a cantar.
— Estou com a aparência acabada, mas eu sou a mesma pessoa. Eu estou com novas músicas. O que eu mais quero na vida é que aconteça uma outra mágica, um empresário ou alguém importante, que venha me resgatar — contou ele.
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