Especialista afirmam: ‘redes sociais não têm o poder de eleger’
As mídias sociais para políticos são uma realidade no atual cenário eleitoral e administrativo do Brasil. De norte a sul, em qualquer cidade ou estado. Ah, com essas mudanças eleitorais sem dúvida nenhuma esse será o ano da eleição digital! Disseram os otimistas. Bom, é e não é. Acho que primeiro é importante explicar que mudanças foram essas.
A nova legislação mexeu de forma contundente na maneira de se fazer campanha. Ela reduziu o tempo de campanha de 90 para apenas 45 dias, reduziu o tempo de TV para apenas 10 minutos (dividido entre os partidos) e durante apenas 30 dias, acabou com o programa eleitoral gratuito na TV para vereadores — que agora só podem aparecer nas inserções, não pode mais por bandeira, cavaletes ou mesmo pintar muros e adesivos foram reduzidos para meio (!) metro quadrado. Hoje o candidato já pode se dizer pré-candidato, só não pode pedir voto. A campanha, em tese, ficou menor e mais espartana.
O Sucesso das redes sociais na política vem da campanha de Barak Obama. Porém, nos Estados Unidos tem mais que o dobro de pessoas conectadas que no Brasil. Com 120 milhões de pessoas conectadas, o Brasil fica atrás apenas dos Estados Unidos (242 milhões).
Embora nem toda a população tenha acesso à Internet e mídias sociais, o que os políticos falam em seus perfis nas redes sociais acaba sendo repercutido por outros veículos. O acesso (às informações dos políticos nas redes sociais) se dá de diferentes maneiras. Mesmo que não se tenha um computador em casa, a pessoa fica sabendo pelo rádio, pelos jornais ou mesmo por outras pessoas.
O diretor de Comunicação e Marketing da Fundação Getúlio Vargas (FGV), Marcos Facó, especializado em marketing digital pela Universidade de Harvard, tem uma má notícia para quem enxerga nas redes sociais o caminho para uma vitória eleitoral: “As agências de marketing e consultorias querem criar um novo mercado e ficam alimentando um mito em torno do poder das redes sociais em uma eleição. Elas são só mais uma ferramenta. Não têm o poder de eleger ninguém”.
Para ele, o grande problema de quem aposta no poder das redes é achar que o eleitor brasileiro é aquele que vive nos grandes centros. “A TV e o rádio ainda são os melhores meios de penetração nos rincões do País.” Disse.
“Sou defensor das redes sociais, mas elas não serão as responsáveis pela vitória de um candidato. A nossa tendência é imaginar que todo mundo usa Waze, Uber, tem smartphone, 4G… Mas o Brasil é muito grande. Fora da bolha de quem mora em grandes centros ou é formador de opinião, o alcance dos meios digitais é muito menor. As agências de marketing e consultorias querem criar um novo mercado e ficam alimentando um mito em torno do poder das redes sociais em uma eleição. Elas são só mais uma ferramenta. Não têm o poder de eleger ninguém”, afirmou o especialista.
O Marketing encontrou uma ferramenta para se valorizar e continuar faturando em agências ou marqueteiros, através da internet.
Quando a gente fala do poder de influência das redes sociais estamos falando dos eleitores dos centros urbanos, de universitários, de gente esclarecida e que consome notícias nessas plataformas. Os especialistas ignoram esse recorte e tratam como se todo o Brasil fosse igual. A TV e o rádio ainda são os melhores meios de penetração. A comunicação é mais palatável e direta. A pessoa que não tem um grau de formação adequado também tem dificuldade em absorver informações escritas. Até os chamados memes precisam de um background cultural para serem traduzidos.
Mesmo se o candidato tiver milhões de seguidores ele não terá mais chance?
Milhões de seguidores não quer dizer nada. Os maiores usuários de Twitter, por exemplo, são os jornalistas e pessoas ligadas ao mundo da comunicação. E ainda tem quem diga que o Brasil usa o Twitter… Nem o jovem usa tanto como se imagina. Esses posts que se espalham pelo WhatsApp, Facebook e Twitter são resultantes do trabalho de convertidos. Quem acessa esse material já é o eleitor desse candidato. O impacto em termos de conquista de voto é muito baixo.
Políticos sabem usar a rede?
Políticos não usam bem as redes sociais. O marketing político atinge uma classe pequena, mas acha que está atingindo todo mundo. É difícil pautar as redes sociais quando você não está nos extremos. Tudo parte do amor ou do ódio. Quem está no meio, quem se manifesta num nível mais profundo de discussão, pouco participa desse debate. O barulho é de quem ama e odeia, quem defende ou ataca. O político recebe likes e só ouve elogios. Os críticos são reduzidos. O marketing político é incipiente no digital. Na TV e no rádio, é mais simples e funciona.
“Humanize” seu perfil! Mas tome cuidado com a descontração
É recomendável que políticos não escrevam em tom sério o tempo todo. Nas redes sociais, as pessoas gostam de conhecer o lado mais humano dos políticos. Gostam de acompanhar pensamentos, observações e sentimentos cotidianos de seus representantes. Por isso, humanize-se!! Faça selfies de fotos e vídeos, deixem sua imagem o mais natural possível, evite logomarcas, propagandas, seja natural, direto, ágil e se preocupe com o time, com as publicações na hora que acontecem o fato. Hoje em dia, a agilidade e dinamismo são essenciais nas redes sociais que não param um segundo. Aproveite tudo que essas ferramentas oferecem e use de uma forma não midiática.
O menos pode ser mais, a comunicação direta e sem propaganda e marketing em cada publicação pode custar menos e render mais seguidores.
Evite Conflitos
Nunca entrar em conflito com eleitores e opositores nas redes sociais é uma regra, pois isso pode levar as pessoas a terem uma imagem ruim do político. Como dissemos, atacar ou difamar outras pessoas é proibido segundo a legislação política.
O bom senso deve ser usado também na hora de responder aqueles eleitores ou militantes contrários a determinadas ideias. É preciso ter bastante cuidado ao abordar pautas polêmicas. Ter educação, ser cordial e falar com clareza são o mínimo exigido. Se os assessores detectarem que determinada pessoa tem apresentado comportamento difamatório ou esteja incitando discussões, poderá conversar com ela por chat.
Quais são os cases de sucesso no mundo da política?
O exemplo de Barack Obama é um dos mais proeminentes na política quanto ao uso das redes sociais. Um dos motivos para se inspirar nele é a mobilização de pessoas que ele conseguiu por meio desses canais.
Obama ressaltou a importância do voluntariado e também do maior engajamento das pessoas na política. Por isso, é fundamental mobilizar assessores e até eleitores fãs a gerarem conteúdo — criar posts, comentar, interagir em lives etc. Mas não só isso: Também é preciso investir nesses canais, buscando sempre conteúdos de interesse público.
Outro bom exemplo de case de sucesso é o de Hillary Clinton na sua corrida presidencial. Clinton utilizou diferentes redes sociais para promover a aproximação do eleitorado e viabilizou ações variadas nelas. Na ferramenta Periscope, por exemplo, ela transmitia ao vivo os seus discursos para que eleitores de todas as partes do mundo pudessem vê-los.
Com tantos recursos, os políticos precisam manter essa presença ativa e trazer para o dia a dia dos cidadãos informações sobre a política. Isso colabora muito para a aproximação entre as partes, sendo benéfica para ambos os lados.
Agora que você já entendeu a necessidade e a importância das mídias sociais para políticos e sabe como se posicionar nelas, que tal aprofundar a sua presença online?
Lembrando que não podemos comparar a presença da população dos Estados Unidos com o Brasil nas redes sociais, pois as condições de acesso à internet no país de primeiro mundo são incomparáveis.
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