Entrevista! Cauã revela o que o conquista na mulher: ‘Bom humor e uma boa trepada’
RIO – Quando chega à Praia de Grumari para encontrar com a equipe da Revista e fazer um ensaio fotográfico, num cinzento fim de tarde de dezembro, Cauã Reymond não tira os olhos do mar.
— Está lindo, perfeito. Um mar como esse só rola três, quatro vezes por ano aqui no Rio. Parece pequeno agora, mas repare a série (de ondas) entrando. O mar é que nem a vida, é feito de séries — reflete o ator, de 33 anos, que interrompe a pausa dramática com uma gargalhada. — Fui profundo!
As pranchas estão mofando na mala da caminhonete de Cauã há semanas. Em setembro, durante as gravações da minissérie “Amores roubados”, que estreia dia 6 de janeiro na TV Globo, o ator machucou o ombro numa cena de ação. Ele precisava correr e, na sequência, se jogar no chão, mas caiu de mau jeito. Até receber alta do fisioterapeuta, vai ficar longe do surfe.
— Passar dos 30 é uma desgraça! Aos 25, me sentia um monstro. Agora, fui dar uma de dublê e arrumei esse problema na acrômio-clavicular, na parte superior do ombro — lamenta ele, que está bem mais magro (vestindo calça tamanho 38) do que dez anos atrás. — Cortei glúten depois que li que o Novak Djokovic, jogador de tênis, também tinha cortado: ele emagreceu e melhorou o desempenho em quadra.
Cauã mostra um ótimo desempenho em conquistar toda a equipe de reportagem com uma série de gentilezas: amarra o cadarço do tênis da estagiária, se oferece para carregar o equipamento de luz do fotógrafo mato adentro, abre a porta do carro para a repórter. O largo sorriso no rosto só desaparece quando a separação de Grazi Massafera entra na roda. Desde meados de outubro, jornais e sites vêm publicando notícias relacionadas à vida amorosa dos dois, que começaram a namorar nos idos de 2007 e são pais de Sofia, de 1 ano e meio.
— Minha vida virou uma novela infinitamente mais criativa do que as escritas por nossos autores — reclama.
A história ganhou ares de folhetim quando a atriz Ísis Valverde, que faz par romântico com o ator em “Amores roubados”, foi apontada como pivô da crise conjugal. A informação não foi confirmada por nenhuma das partes. E, seguindo a novela diária, os últimos capítulos foram ilustrados por fotos do ator correndo na praia e indo ao supermercado sozinho, no Leblon, enquanto Grazi e a filha permanecem na casa da família, no Itanhangá.
Perguntado se estaria realmente solteiro, o ator diz que sim.
— Estamos separados. Já inventaram muita coisa sobre isso e quero dar um basta para que consiga até conversar com a Grazi em paz — diz.
Após desviar os olhos do mar, encara novamente a repórter.
— Eu sabia que você faria essa pergunta, mas a resposta faz parte de um núcleo íntimo. Tenho 12 anos de vida pública e entendo que o trabalho que faço é para o público. Claro que quero ser querido e que gostem do meu trabalho, como o atleta quer ganhar medalhas e o jogador de futebol quer fazer gols. Mas entendo que não preciso perder o direito à minha privacidade. Trabalho isso nas minhas sessões de análise, inclusive.
Durante a entrevista, Cauã se diz “relaxado” e lembra que a coletiva de imprensa da série, no último dia 28 de novembro, foi “um dia mais tenso”: era a primeira vez que ele estaria cercado por jornalistas após a notícia que dava como certa a separação e, de quebra, teria que fazer fotos ao lado de Ísis Valverde:
— Estava seguro. Não fiz nada de errado.
O único arrependimento daquela tarde de sabatina foi ter definido qual era o seu tipo de mulher: “Gosto de mulher que é tão ou mais inteligente do que eu.”
— Depois eu fiquei pensando… Essa declaração foi péssima!
Mas, fora a inteligência, o que uma mulher precisa ter para conquistá-lo?
— Bom humor, bom papo e uma boa trepada — responde.
O ator volta a sorrir quando o papo envereda para o papel de pai que assumiu recentemente:
— A paternidade mudou a minha vida. Quero ter mais três filhos, quero formar um timinho.
Filho de uma astróloga e de um terapeuta, que se separaram quando ele tinha 2 anos (quase a mesma idade de Sofia), Cauã conta que mudou completamente os conceitos que tinha sobre paternidade depois que a filha nasceu:
— Amadureci muito. Antes do nascimento da Sofia, eu tinha uma visão mais machista. Achava que os papéis de mãe e de pai eram bem separados. Agora, sou o maior “pãe”. E isso é muito mais gostoso. Trocar fralda, dar banho, dar o almoço fazem você estreitar os laços com a sua filha, você ganha mais intimidade. Uma das sensações mais gostosas é quando ela entra debaixo das minhas pernas e vejo que ela se sente segura perto de mim.
Cauã morreu de saudades da filha nos 98 dias que passou gravando “Amores roubados” entre Petrolina, em Pernambuco, e Paulo Afonso, na Bahia, de julho a outubro.
— Foi muito sofrido passar o Dia dos Pais longe de Sofia. Falava com ela apenas pelo celular — lembra ele. — A primeira palavra que ela falou, na vida, foi papai, mas merecia ter falado mamãe.
Procurada pela reportagem, Grazi limitou-se a falar sobre a vida profissional do pai de sua filha:
— Admiro muito o foco e a determinação profissional do Cauã.
Em “Amores roubados”, minissérie com roteiro de George Moura e direção geral de José Luiz Villamarim, Cauã promete causar alvoroço na pele do sommelier Leandro. Espécie de Don Juan do Sertão, conquistará as personagens de Dira Paes (Celeste), Patrícia Pillar (Isabel) e Ísis Valverde (Antônia).
— O Leandro degusta vinhos e mulheres. Principalmente as cenas com a Dira são superquentes. Com a Patrícia também. Com a Ísis são quentes, mas com uma pegada mais romântica — conta o ator. — Em tempos em que os autores escrevem cada vez mais para mulheres ou para personagens masculinos-femininos, por conta dessa crise que o homem está vivendo na sociedade, o George escreve um homem muito masculino, um macho alfa.
Uma das tais sequências superquentes protagonizadas por Leandro e Isabel, ressalta Cauã, faz referência ao filme “Coração selvagem” (1990), de David Lynch:
— “Coração selvagem” foi o start da minha sexualidade. A cena em que o personagem do Willem Dafoe aperta o mamilo da Laura Dern e o puxa para baixo me deu um clique. Isso quando eu tinha 10 anos. Lembro até hoje de todos os detalhes e quando o Villamarim perguntou no set se eu lembrava do filme, eu já sabia exatamente em que cena ele estava pensando.
Para compor o adorável (e atormentado) conquistador, Cauã ouviu as músicas de “Yeezus”, “o álbum narcisista de Kanye West”, e fez laboratório com um amigo dos tempos em que era modelo.
— Nunca fui mulherengo, sempre fui namorador. Me inspirei, então, num camarada que morou comigo na Europa. Logo que o Villamarim me apresentou o texto, liguei para esse amigo, um cara que realmente tem esse dom, é matemático na arte da sedução. Ele é casado, não posso botar o nome na roda. É tão inteligente que sabe que quem come quieto come mais.
Após o término de “Avenida Brasil”, que foi gravada logo na sequência de “Cordel encantado’’, Cauã estava em merecidas férias da televisão. Mesmo assim, Villamarim, que tinha dirigido a novela de João Emanuel Carneiro a quatro mãos com Amora Mautner, resolveu interromper o descanso do ator para sondá-lo sobre “Amores roubados”. O convite foi aceito de pronto.
— Esse papel tinha que ser do Cauã, um artista inquieto, desejoso, que é muito racional na hora de estudar o personagem, mas explode no set. O Leandro possui todas as cargas dramáticas, e ele realizou um trabalho incrível. É o melhor personagem que o Cauã fez até hoje na TV. Acredito que 2014 seja um ano de virada para ele como um ator maduro — opina Villamarim.
2014: Mais estreias na TV e no cinema
Além de “Amores roubados”, no primeiro semestre do ano que está chegando, Cauã vai viver um policial no seriado “O caçador”, a partir de abril, na TV Globo, e ainda estrelar dois filmes. O primeiro a entrar em circuito será “Alemão”, de José Eduardo Belmonte (repetindo a parceria de “Se nada mais der certo”, de 2008): Cauã tinha sido convidado a encarnar o bonzinho da história, mas pediu para dar vida a Playboy, o chefe do tráfico. Depois será a vez de “Tim Maia”, sob direção de Mauro Lima (com quem já tinha feito “Reis e ratos”, de 2009): nesse, ele será um amigo do “síndico”. Nos dois longas o ator também acumula o papel de produtor associado nos créditos.
— O Cauã é intenso em tudo que se propõe a fazer — diz Belmonte. — Nas três semanas de filmagem de “Alemão”, ele se enfurnou em tudo quanto é canto do morro, bebeu cerveja nos botecos, jogou PlayStation na casa dos moradores. É muito CDF nos laboratórios que faz para a concepção dos personagens.
O cineasta cortou um dobrado para o rostinho do galã da TV passar credibilidade como um traficante:
— O chefe do tráfico é realmente uma celebridade no morro. E o jeito para gravar de forma verossímil foi botar a câmera no ombro e soltar o Cauã no morro como a celebridade que ele é. Ele entrava nos bares, conversava com senhoras e crianças como o Playboy, e os moradores o tratavam como o Cauã. Os seguranças ficaram estressadíssimos e a produção enlouqueceu para conseguir pegar autorização de imagem de 50 pessoas, mas deu certo — conta Belmonte.
Playboy é um dos personagens do currículo de Cauã que mais se aproximam de um anti-herói. Na TV, em que ele estreou como o Mau Mau de “Malhação”, ainda não teve oportunidade semelhante.
— Tenho vontade de fazer um bom vilão na TV. Mas nunca tive a preocupação de fugir do estereótipo do galã. Tive, sim, a preocupação de escolher bem os meus personagens. Acho que o galã tem uma função a cumprir dentro da dramaturgia. Em muitos momentos, o galã é o herói da trama. E, quando você começa a sua carreira, você quer ser o herói. É natural. Depois de um tempo, você conquista mais segurança, tanto financeira quanto artística, e começa a poder escolher mais e mais.
Ficou mais fácil escolher depois de 2008, ano em que interpretou o Halley, que roubou a cena em “A favorita”, a primeira novela de João Emanuel Carneiro no horário nobre, e colheu bons frutos e prêmios com a repercussão de “Se nada mais der certo”.
— Depois desse ano, surgiram personagens cada vez melhores, tanto no cinema quanto na TV. Quando acabou a novela, enquanto vários colegas tiraram férias, emendei muitos trabalhos no cinema, escolha absolutamente minha.
Cauã herdou a paixão pelo cinema do pai, o psicanalista José Marques.
— Na adolescência, meu filme preferido era “Top Gun”: todas as vezes que ia à locadora com o meu pai, escolhia o mesmo filme. Acho que vi umas 14 vezes. Queria muito ter aquela jaqueta e a moto do Tom Cruise. Mas, em casa, via todo tipo de filme com meu pai, “Carne trêmula” e tudo mais… — conta Cauã, que, na última vez em que foi ao cinema, viu (e adorou) “Blue Jasmine”, de Woody Allen.
O último livro que Cauã leu foi “Sobre a brevidade da vida”, do filósofo romano Sêneca. E, ainda semana passada, emendou “Poética”, que lembra os 30 anos da morte de Ana Cristina Cesar:
— Minha mãe briga comigo se eu não ler pelo menos dez livros por ano.
Ele foi se interessar por literatura e pelos estudos em geral depois de “velho”. Na infância, era um garoto-problema: foi expulso do colégio mais de uma vez e, no total, passou por nove escolas diferentes, inclusive por um instituto para crianças com deficiência auditiva.
— A minha primeira paixão foi uma surdinha — lembra ele. — Eu tinha uns 8 anos, e a paixão ficou no plano platônico.
Até os 14 anos, Cauã queria ser político (“Meu avô era vice-presidente do BNDES, e eu achava que ele era político”, conta), depois sonhava em ser piloto de helicóptero. Mas a sua primeira carreira, vamos dizer assim, foi como lutador de jiu-jítsu. Faixa preta, ganhou duas vezes o campeonato brasileiro. A sua segunda profissão foi modelo: aos 16, 17 anos, teve a beleza descoberta pelo caça-talentos Sérgio Mattos. Sua primeira campanha foi ao lado de Gisele Bündchen e Fernanda Tavares. Logo caiu nas graças de Karl Lagerfeld e alçou carreira internacional. Quando estava morando em Nova York e desencantado com o mundo das passarelas, inscreveu-se num curso de interpretação com Susan Baston, coach de Tom Cruise e Nicole Kidman.
— Quando eu era pequeno, minha mãe já dizia que eu seria ator, por causa do meu mapa astral. Mas eu não dava bola para astrologia. Pelo contrário, tinha até preconceito — lembra o leonino. — Aos 28 anos, no retorno de Saturno, comecei a fazer meu mapa astral anualmente. Não com a minha mãe, claro. E leio horóscopo no jornal também, acho que funciona como um oráculo.
Ele também acredita em tarô. Católico, respeita o espiritismo e a umbanda.
— Minha analista tem uma frase que acho genial: “Vamos deixar Deus de lado um pouquinho porque a gente não sabe o que ele está fazendo agora?” Gosto de me conduzir pelo palpável, pelos atos, pelos desejos, pelas coisas que vão acontecendo ao longo da vida — diz ele, antes de botar o pé no mar para sentir as vibrações de Grumari.
O GLOBO
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