Empresas pagaram R$ 39 milhões por contrato da Petrobras; diz MPF
Alvo da 31ª fase da Lava Jato, o Consórcio Novo Cenpes pagou R$ 39 milhões em propina para conseguir um contrato na Petrobras entre 2007 e 2012, afirmou o procurador da República Julio Carlos Motta Noronha, em entrevista à imprensa nesta segunda-feira (4), em Curitiba.
As empresas envolvidas no esquema construíram o Centro de Pesquisas e Desenvolvimento Leopoldo Américo Miguez de Mello (Cenpes), no Rio de Janeiro. O consórcio foi formado pela OAS, Carioca Engenharia, Construbase Engenharia, Shahin Engenharia e Construcap CCPS Engenharia.
Noronha afirmou que o grupo de empreiteiras formou um cartel e acertou o preço da licitação, mas a WTorre decidiu participar da disputa, oferecendo um valor menor pela obra. Segundo oMinistério Público Federal (MPF), R$ 18 milhões foram pagos para que a WTorre desistisse da licitação.
“Uma empresa recebe R$ 18 milhões para não fazer absolutamente nada”, disse Roberson Henrique Pozzobon, procurador do MPF.
Após uma renegociação de preços, a Petrobras e o consórcio fecharam o contrato, em 2008. “Um contrato que começou com valor de R$ 850 milhões terminou com valor superior a R$ 1 bilhão”, disse o procurador da República.
Parte dos recursos entregues aos operadores foi repassado depois para funcionários da diretoria de Serviços da Petrobras e agentes políticos ligados ao PT, segundo as investigações.
Entre as contas utilizadas para a realização dos repasses para o ex-tesoureiro do PT Paulo Ferreira estão as da escola de samba Estado Maior da Restinga, de Porto Alegre e da madrinha da bateria da agremiação, que receberam R$ 45 mil e R$ 61,7 mil, respectivamente.
O presidente da escola de samba Estado Maior da Restinga, Robson Dias, disse ao G1 que repasse de R$ 45 mil foi feito para bancar uma viagem à China, tema do enredo da agremiação no carnaval de 2010, mas que não sabia que os recursos eram da Petrobras. A reportagem não conseguiu contato com a madrinha da bateria.
Um dos principais alvos é o ex-tesoureiro do PT Paulo Adalberto Alves Ferreira, que está detido desde 24 de junho, quando foi alvo da Operação Custo Brasil, que investiga fraudes no crédito consignado de servidores públicos.
Os mandados de busca e apreensão tiveram como alvo as sedes do consórcio Nova Cenpes, das construtoras Construbase, Construcap, Schachin e WTorre e imóveis residenciais de executivos dessas empresas.
Segundo o MPF, Alexandre Romano, que é ex-vereador da cidade de Americana pelo PT, confessou ter repassado mais de R$ 1 milhão do Consórcio Nova Cenpes para Ferreira, por meio de contratos simulados. As contas da escola de samba Sociedade Recreativa e Beneficiente do Estado Maior da Restinga, doRio Grande do Sul, e de um blog, entre outras, foram usadas para os repasses.
Segundo o procurador Roberson Henrique Pozzobon, a escola de samba teria recebido R$ 45 mil das mãos de Romano.
A PF busca Erasto Messias da Silva Jr., da construtora Ferreira Guedes, e Genesio Schiavinato Jr, diretor comercial da construtora Construbase.
Os dois detidos serão levados para a Superintendência da PF em Curitiba.
“Existem provas a respeito desses fatos, que passam por mais de cinco colaborações premiadas, acordo de leniência e provas, como contratos falsos”, disse o procurador da República Julio Carlos Motta Noronha.
Segundo Noronha, o operador Alexandre Romano, além de colaborar com depoimentos, apresentou provas documentais: depósitos bancários e cheques destinados a pessoas vinculadas ao ex-tesoureiro do PT Paulo Ferreira.
Com G1
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