Dilma vai defender na ONU normas internacionais contra espionagem
As ações de espionagem dos Estados Unidos a correspondências do governo brasileiro serão um dos principais temas do discurso da presidente Dilma Rousseff na abertura da Assembleia-Geral das Nações Unidas, na próxima terça-feira (24). Ela embarca na noite deste domingo (22) para Nova York, onde fica a sede da ONU.
Primeira chefe de Estado a discursar, a presidente deverá pedir que as ações de inteligência entre nações sejam regulamentadas pelas Nações Unidas. Dilma quer que o organismo internacional crie normas específicas e limites a ações de espionagem para coibir excessos. A presidente deverá ainda fazer uma defesa do respeito à soberania dos países e à privacidade de correspondências na internet.
A fala antecede o discurso do presidente norte-americano, Barack Obama, que subirá à tribuna da Assembleia das Nações Unidas logo após Dilma. Na última terça-feira (17), a presidente anunciou o adiamento da viagem que faria em outubro a Washington, nos Estados Unidos.
A decisão foi motivada pelas denúncias de que a NSA, agencia de segurança norte-americana, espionou Dilma, seus assessores e também a Petrobras, segundo revelou o programa Fantástico.
Após a divulgação das denúncias, o governo brasileiro pediu explicações aos Estados Unidos e informou que a visita a Washington teria de ocorrer após a apuração dos fatos e o compromisso do governo norte-americano de que as atividades de interceptações serão interrompidas.
De acordo com o Itamaraty, o ministro de Relações Exteriores, Luiz Alberto Figueiredo, terá uma reunião bilateral nesta semana com o secretário de Estado norte-americano, John Kerry, para tratar do tema da espionagem e de questões comerciais.
O encontro será na próxima quinta (26) ou sexta (27). Não há previsão de reunião bilateral de Dilma com Obama. Apesar de pretender fazer uma crítica pública às ações de inteligência dos EUA, a presidente terá agenda com empresários norte-americanos em Nova York para mostrar que os investimentos comerciais entre os dois países não devem ser afetados pelo mal estar gerado entre os governos brasileiro e norte-americano.
Dilma fará na próxima quarta (25) discurso em um seminário sobre oportunidades de investimentos em infraestrutura no Brasil, organizado por um banco norte-americano. O evento terá a participação de empresários estrangeiros, dos ministros Guido Mantega (Ministério da Fazenda) e Fernando Pimentel (Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior), do presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, e do BNDES, Luciano Coutinho.
Segundo assessores do ministro de Relações Exteriores do Brasil, na reunião com John Kerry, Luiz Alberto Figueiredo vai cobrar explicações sobre as denúncias de espionagem, mas também deverá frisar que o impasse político não pode afetar a relação comercial entre os dois países.
Rio+20
Outro tema do discurso de Dilma será o cumprimento do documento firmado durante a Rio+20, a Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, realizada em junho do ano passado, no Rio de Janeiro. A conferência produziu um documento assinado pelos 188 países que participaram do evento.
Após discursar na abertura da Assembleia-Geral da ONU, Dilma participa, às 15h de terça (24), da primeira sessão do Foro de Alto Nível de Desenvolvimento Sustentável, criado para analisar as realizações e deliberações da Rio+20.
Portal do Litoral PB com G1
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