Publicado em: 10 jan 2014

“Des-Americanização”, clama a China.

Depois da paralisia do orçamento do governo americano (shutdown) que causou riscos a economia norte-americana e mundial. Parece que a China quer mudanças. Sobretudo em construir um mundo mais democrático e menos americanizado.

Não é de agora que Pequim busca uma nova equação geopolítica, a começar por dar voz mais ativa no FMI e no Banco Central aos países emergentes. Claro que a China não advoga bater de frente com o EUA– não pelo menos agora- mas defende uma reforma do sistema e organismos internacionais de modo que se tornem mais democráticos.

A ideia de uma “des-Americanização” (menos influencia dos Estados Unidos no mundo) está em curso. Pelo menos foi como o jornal estatal de noticias da China, o Xinhua, publicou no dia 14 de outubro de 2013 no artigo em inglês intitulado: “U.S. fiscal failure warrants a de-Americanized world” em português: “A derrota fiscal dos Estados Unidos pede por um mundo des-Americanizado”.

O artigo critica duramente os EUA e parece clamar por uma “nova ordem mundial”, usa discursos que remetem à Guerra-Fria, faz critica aos EUA em relação aos ataques de drones (aviões não tripulados), crise econômica, torturas e guerras ilegítimas. Em um dos trechos da matéria publicada pelo Editoral Xinhua é bastante claro:

“Sobretudo, em vez de honrar seus deveres como potencia liderante responsável. uma Washington interessada só em si mesma abusa de seu status de superpotência e gera caos ainda mais profundo no planeta, disseminando riscos financeiros para todo o mundo, instigando tensões regionais e disputas territoriais, e guerreando guerras ilegítimas, sob o manto de deslavadas mentiras”.

O texto clama ainda que uma nova moeda seja institucionalizada em lugar do dólar americano para o comercio internacional: É hora de uma “criação de uma nova moeda internacional de reserva, a ser criada para substituir o dólar norte-americano hoje dominante”. Publicou o Jornal Chinês.

Mas esse movimento de “des-americanização” já está em curso, com graus variados de velocidade. Considere-se, por exemplo, o interesse chinês pelo Sudeste Asiático, como também sua aproximação diplomática com a Ásia central, os chamados países “ãos”, ricos em petróleo e gás natural. Sem falar, da aproximação no que diz respeito ao comércio entre os países BRICS (Brasil, Rússia, Índia e África do Sul) que as negociações já estão sendo feito nas moedas dos respectivos países membros.

Sem contar com ameaça do Petroyuan a ultrapassar o petrodólar. Segundo a OPEP, a China deve se tornar o maior importador de petróleo do mundo, resultado do crescimento acelerado e das fortes vendas de automóveis no país. Somado a isso, a China tem desenvolvido contatos com a Rússia, Irã, Sudão e Venezuela, se esses países chegarem a vender petróleo à China em Yuan, milhões de barris diários deixaram de serem negociados em dólares americanos.

É, parece que a China pretende tirar as luvas diplomáticas e deixar para trás a instrução de seu lider Deng Xiaoping: “mantenha a calma”.

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Paulo Henrique

Professor, Mestre em Relações Internacionais e Bacharel em Economia.




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