Centenário do livro de José Américo “A Paraíba e Seus Problemas”, será celebrado com evento e edição especial
O livro “A Paraíba e seus problemas”, de José Américo de Almeida, completa o seu primeiro centenário neste ano de 2023.
Em recente reunião com o professor da UnB Marcos Formiga (membro do Conselho Fiscal do Centro Internacional Celso Furtado) e com Janete Lins, Gerente do Museu da Casa de José Américo (FCJA), a Secretaria de Representação Institucional do Governo do Estado (SERI), iniciou os preparativos para o evento que terá lançamento de uma edição especial da obra e de três fortunas críticas que a ela se referem.
Presentes também na reunião reunião o secretário executivo Adauto Fernandes e a secretária da pasta Suely Santiago.
O evento será um seminário, para o qual diversas autoridades e intelectuais ligados à obra e à história de José Américo foram convidados, a exemplo do ex-presidente da República, José Sarney, que assina o prefácio do Livro e já confirmou sua presença na Paraíba, terra do seu pai.
“A secretaria de representação dará todo apoio necessário para acompanhar os próximos passos da confecção para edição que será imprensa na gráfica do Senado. O livro será relançado em programações que serão realizadas na Paraíba e em Brasília. A ação conjunta da FCJA, do IHGP e da Academia Paraibana de Letras reforça a importância da leitura e da cultura paraibana”, afirmou Adauto Fernandes.
Biografia de José Américo de Almeida
José Américo de Almeida (1887-1980) foi um escritor e político brasileiro. Sua obra “A Bagaceira” deu início à “Geração Regionalista do Nordeste”. Foi eleito para a Academia Brasileira de Letras, em 27 de outubro de 1966, ocupando a cadeira nº. 38. Foi também advogado, professor universitário, folclorista e sociólogo.
Infância e Formação
José Américo de Almeida (1887-1980) nasceu no engenho Olho d’Água, município de Areia, Paraíba, no dia 10 de janeiro de 1887. Filho de Inácio Augusto de Almeida e de Josefa Leopoldina Leal de Almeida aos nove anos, com a morte do pai, foi entregue aos cuidados do tio o padre Odilon Benvindo.
Estudou no Seminário de João Pessoa e no Liceu Paraibano. Mudou-se para o Recife, onde ingressou na Faculdade de Direito, concluindo o curso em 1908. Exerceu a magistratura, foi promotor da comarca do Recife e da comarca de Sousa, na Paraíba. Em 1911 foi nomeado Procurador do Estado.
Carreira Literária
Em 1928. José Américo de Almeida ingressou na literatura com a publicação da obra “A Bagaceira”, romance que provocou entusiasmo na crítica e o tornou nacionalmente conhecido, dando início à “Geração Regionalista do Nordeste”. A obra reflete e ataca o ultrapassado sistema de concentração latifundiária no Nordeste, que o autor denunciava como responsável pela miséria da região.
O título do romance denomina o local em que se juntam no engenho os bagaços de cana. Figuradamente, pode indicar um “objeto sem importância”, ou ainda “gente miserável”. No prefácio, o autor manifesta seu espanto diante da realidade nordestina: “Há uma miséria maior do que morrer de fome no deserto: é não ter o que comer na terra de Canaã”.
O personagem do romance “A Bagaceira” é Lúcio, universitário e filho de senhor-de-engenho. A partir dele, o enredo se organiza em dois planos. No primeiro, o autor retrata as observações e a análise da vida rural, diante dos sertanejos que fogem da seca e empregam-se temporariamente nos engenhos. No segundo, relata o caso de amor, envolvendo a retirante Soledade e Lúcio.
Além da Bagaceira, José Américo publicou mais dois romances com temáticas idênticas: “O Boqueirão” e “Coiteiros”, ambos de 1935. O escritor deixou ainda alguns discursos, ensaios e memórias.
O Romance Moderno
A grande preocupação do movimento modernista, em todas as etapas de sua evolução, era enfocar a realidade brasileira. O romance regionalista da década de 30 conquistou tal objetivo. O ponto de partida foi o romance “A Bagaceira” de José Américo de Almeida.
Filiada à linha regionalista de José Américo, a obra “O Quinze” de Raquel de Queiroz também conquista popularidade literária em 1930. Destacam-se ainda: “O Menino de Engenho” (1932) de José Lins do Rego, “Caetés” (1933) de Graciliano Ramos e “Cacau” (1933) de Jorge Amado.
Carreira Política
José Américo de Almeida dedicou-se à política e teve uma maior projeção do que na literatura. Foi governador da Paraíba. Durante seu mandato fundou a Universidade Federal da Paraíba, sendo nomeado seu primeiro reitor.
Entre 1930 e 1934, no governo de Getúlio Vargas, foi nomeado Ministro da Viação e Obras Públicas. Em 1935 foi nomeado Ministro do Tribunal de Contas da União.
Em 1945 foi eleito Senador pela Paraíba. Em 1951 voltou a ocupar o cargo de Ministro da Viação e Obras Públicas. Em 1966 foi eleito para a Academia Brasileira de Letras, para a cadeira nº. 38.
José Américo de Almeida faleceu em João Pessoa, Paraíba, no dia 10 de março de 1980.
Obras de José Américo de Almeida
Romances
- A Bagaceira (1928)
- O Boqueirão (1935)
- Coiteiros (1935)
Discursos e Ensaios
- A Paraíba e Seus Problemas (1923)
- O Ministério da Viação no Governo Provisório, (1933)
- O Ciclo Revolucionário no Ministério da Viação (1934)
- A Palavra e o Tempo, ensaio, (1937-45-50) (1965)
- As Secas no Nordeste (1953)
- Ocasos de Sangue (1954)
- Discursos do Seu Tempo (1964-1965)
- O Anjo Negro (1967)
Memórias
- Eu e Eles (1970)
- Antes Que Me Esqueça (1976)
Acompanhe as notícias do Portal do Litoral PB pelas redes sociais: Facebook e Twitter