Catador devolve objetos pessoais de Betty Lago que encontrou no lixo
Do lixo, duas vidas renasceram. Depois de encontrar pertences de Betty Lago em latões da Comlurb na Avenida Delfim Moreira, no Leblon, Zona Sul do Rio — e iniciar uma saga para contatar familiares da artista —, o catador Bruno Jesus Baptista, de 36 anos, respira mais aliviado. No último fim de semana, o rapaz finalmente entregou o acervo para Joyce Lago, irmã da atriz e modelo morta em setembro devido a um câncer.
— Isso tudo não aconteceu por acaso. Era fã de Betty, e acompanhei as novelas “Bang bang” (2005) e “Quatro por quatro” (1994). Não tive a oportunidade de conhecê-la pessoalmente, mas com certeza esse encontro vai ficar na minha lembrança para sempre — emociona-se Bruno ao tirar da sacola preciosidades e documentos de Betty, como agendas telefônicas, passagens aéreas, fotos e bilhetes de amigos.
O material foi encontrado na madrugada da última quarta-feira, enquanto Bruno revirava o lixo em busca de restos de alimentos.
Bruno chegou a ligar, usando um orelhão, para alguns artistas que estavam na agenda telefônica de Betty, mas não obteve a atenção de ninguém. A família ainda não sabe como a intimidade da atriz foi parar, sem aviso, nas ruas.
— Como já são coisas antigas, a pessoa que fez isso deve ter dado pouca importância. É um mistério! — diz Joyce, preocupada com a situação: — Não é possível que alguém tenha jogado fora de propósito. Se o Bruno encontrou uma quantidade grande de coisas, quem sabe não existem outros objetos espalhados por aí?
Filha de Joyce, Veruzka Lago, de 32 anos, emocionou-se ao encontrar detalhes desconhecidos da tia. Agora, ao lado da mãe e de amigos de Betty, ela se esforça para reconhecer a origem ou o significado de alguns pertences, como uma medalhinha de prata com a imagem de Nossa Senhora de Fátima.
— São lembranças que a gente gosta de ter e guardar. Se fossem levadas pelo gari e depois trituradas, ninguém iria saber. A sorte é que não foi assim. Talvez tenha sido uma ajudinha da Betty lá de cima, de onde ela está agora — diz Veruzka.
Joyce e Veruzka estão dispostas a ajudar o catador. Morador do Fonseca, em Niterói, Bruno é pai de três filhos — de 8, 6 e 4 anos. Viciado em cocaína desde os 16 anos, ele vagueia há dois meses pelas ruas da Zona Sul do Rio, coletando latinhas para revender.
— Há duas semanas não uso drogas, e acho que, a partir de agora, minha vida vai mudar. Preciso comprar alimento para os meus filhos, mas uma palavra de vitória já pode me ajudar. O principal eu já fiz, que foi devolver o que não é meu para as pessoas certas — diz Bruno, acrescentando: — Algo melhor vai acontecer depois disso tudo.
Com Extra Online
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