Bilhete desmente conteúdo de suposto e-mail deixado por médico que se matou
A tecnóloga em edificações, Tatianne Mendes Lomonaco, ex-companheira do médico Waldir Pedrosa Dias de Amorim, que cometeu suicídio no final da tarde do último domingo, 18, pulando do sétimo andar de um prédio no bairro do Cabo Branco, em João Pessoa, divulgou uma nota no final da manhã desta terça-feira, 20, dando a versão dela sobre o relacionamento que existia entre os dois.
Na nota, ela se diz surpresa com a divulgação de fatos pessoais do casal, divulgados nas redes sociais durante todo o dia de ontem, sem ao menos terem dado direito de resposta para ela.
Tatianne Mendes Lomonaco anexou fotos que mostram o relacionamento do casal desde o ano de 2014 e um bilhete, escrito de próprio punho pelo médico, endereçado aos filhos dele aonde desmistifica o teor do suposto e-mail divulgado em alguns portais de notícias e nas redes sociais.
No bilhete, ele diz o seguinte:
“Peço-lhes o máximo de respeito à dor de Tatianne. Eu a convenci a morar comigo, não o contrário.
Morro de uma doença conhecida chamada depressão.
Sinto vergonha por haver fracassado.
Peço-lhes perdão”
Leia abaixo a íntegra da nota:
“Fui surpreendida nesta segunda feira com divulgações nos mais diversos grupos via internet e alguns portais de notícias com a postagem de um suposto email enviado pelo meu ex-companheiro, Waldir Pedroza.
Não bastasse a dor de perder uma pessoa que convivi por três anos, mesmo com brigas que foram parar na delegacia da mulher, vejo o meu nome e o nome da minha família jogado na lama, sem ao menos ter o direito de resposta.
Vivemos juntos por mais de três anos. No início do nosso relacionamento ele estava em processo de divórcio amigável e não residia mais na mesma casa da ex-mulher. Alugamos um apartamento na Avenida Guarabira, no bairro de Manaíra.
Em momento algum o pressionei a viver comigo e tampouco forcei um relacionamento. Ele enviou um bilhete aos filhos, escrito de próprio punho, e fez questão de deixar-me uma cópia, onde deixa clara a contradição com relação ao que supostamente foi escrito por ele em e-mail espalhado pelas redes sociais. A verdade sempre vem à tona, sempre aparece.
Em sã consciência ele não teria exposto a mim e a minha família que sempre prezou pela moral e pelos bons costumes. Infelizmente ele não está mais aqui para responder pelas calúnias supostamente deflagradas por ele.
Meus pertences ainda estão no apartamento em que moramos até poucos dias antes da sua partida, não existiam ou existem apenas roupas como relatado no suposto e-mail que tentou, também, descaracterizar a agressão. Quando cita que “defendeu-se levemente”, ora, não se permite sequer uma agressão verbal a qualquer pessoa. Como pode um homem admitir que agrediu e tentar minimizar esse fato utilizando o termo levemente? Temos que ficar reféns das agressões porque somos dependentes e o marido ou companheiro se “reveste de probidade e idoneidade” para a sociedade?
O fato é que no ano retrasado fui sim agredida por ele e fiz o que toda mulher deve fazer, denunciar!
Fui puxada pelo cabelo e atingida brutalmente com um soco no rosto, conforme atesta laudo de exame de corpo de delito feito à época, diferente da versão criada, supostamente, por ele.
Mesmo após o ocorrido continuamos o relacionamento. As audiências, sobre o processo de agressão previsto na Lei Maria da Penha, o deixavam constrangido, creio que pelo receio de uma penalidade judicial. A exposição do seu nome envolvido em uma agressão à mulher seria terrível para sua carreira e imagem junto à sociedade.
O amor que tinha por Waldir me fez preservá-lo moralmente. Falo de sempre ter evitado uma exposição à mídia, mesmo depois das agressões sofridas. Quando nos mudamos de apartamento pela última vez, agora recentemente, houve uma nova agressão, fato que o deixou reincidente perante a Delegacia da Mulher. A delegada tem acompanhado tudo e agiu de forma cirúrgica pedindo a saída dele do apartamento para evitar ações mais drásticas por parte dele. Se ele foi capaz de tirar a própria vida, poderia muito bem ter tirado a minha.
Ele procurou a Delegacia do Idoso há poucos dias. Nosso relacionamento vem há mais de três anos como já disse, o email tenta induzir que ele estava desprotegido, que tudo aconteceu muito rápido e que a mulher não merece proteção, minimizando a agressão que sofri, como se não valesse de nada a denúncia, porque para a sociedade ele teria o nome a zelar, mas esqueceu do meu nome e da minha família quando, supostamente,utilizou de mentiras para encobrir o que ele temia, sua condenação e a desmoralização perante a família e a sociedade, em ter agredido uma mulher.
Ninguém pode falar do meu pai, muito menos ele que não teve o amparo da família, porque decepcionou seus filhos, conforme ele próprio menciona de punho no bilhete. Meu pai, esse sempre foi um homem íntegro e de conduta ilibada. Foi um pai de verdade, amigo e leal em todos os momentos, nunca agiu de forma covarde e desleal com ninguém, e nunca me deixou faltar nada.
Esse bilhete deixa esclarecido que nunca o forcei a nada, que eu merecia todo respeito e que tudo que supostamente foi dito por ele no e-mail cai em contradição. Foram mais de três anos de relacionamento e não dias ou meses. Ninguém vive todo esse tempo com uma pessoa sem amor. Infelizmente não poderia permitir ser agredida por ele, nunca precisei apanhar de meu pai por nada para vir um homem para me agredir, essa é a pura e única verdade.
Com relação ao ato cometido por ele no último domingo, este foi o que ceifou sua vida, fato lamentável, porém este não foi o único ato que tentou contra sua própria vida. Ele já havia cometido várias tentativas de suicídio e os filhos dele sabem muito bem disso.
Infelizmente Waldir sofria de uma depressão gravíssima, assim como tinha outros distúrbios psiquiátricos. Ele fazia acompanhamento com a psiquiatra Tereza Pedrosa há anos, antes mesmo de me conhecer.
Quando ele supostamente menciona que sou uma drogada é porque sofro de distúrbios de ansiedade e insônia e as drogas que utilizo são remédios para dormir, apenas isso. Nunca tive nenhum vício, nem com álcool, nem com qualquer outra droga ilícita.
Estou sofrendo ameaças. Inclusive, recebi uma ligação no dia da morte dele, onde uma mulher, que não tenho nem ideia de quem seja, desferiu-me várias ofensas, palavras de baixo calão e ainda me chamou de assassina. Como sou assassina de uma pessoa que se matou?
Infelizmente, agora, nada vai mudar os fatos. Eu o amava. Os meus problemas psicológicos foram agravados ao lado dele. Admito que tudo que aconteceu de errado em nosso relacionamento foi por ímpeto, desespero, e, principalmente, foi por medo de perdê-lo. Sentia um amor patológico porque não conseguia e nem queria viver sem ele. Enquanto eu estava ao lado dele, lutava para que a nossa união fosse tranquila e tenho amigos que confirmam o que digo. Eu lutava para que tudo se resolvesse com resguardo da dignidade de todo. Waldir sabia que mesmo impulsiva e ansiosa sou pacificadora e sempre tentei buscar soluções melhores para cada um de nós ainda que adversas. Isso é possível quando há no mínimo uma porção de razão e quando há pelo menos um pouco de boa-fé, com muito amor e exclusivamente por se tratar de mais de 3 anos de relacionamento.
Por fim, gostaria de frisar que estou emocionalmente abalada por estar aqui comentando fatos que diziam respeito tão somente a mim e à pessoa que eu amava e que partiu de forma tão trágica. Mas a verdade dos fatos tem que ser restabelecida. Não pude ir ao velório e ao enterro devido as ameaças que sofri. Só Deus sabe da dor que sinto!
SOU A VITIMA DESSA HISTÓRIA!!!!
João Pessoa, 20 de junho de 2017
Tatianne Mendes Lomonaco
Fonte: Fatos PB
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