BALEIA AZUL E O TABU DO SUICÍDIO JUVENIL
Um jogo com cerca de 50 desafios online capaz de levar adolescentes a tirar a própria vida tem se destacado no cenário nacional desde o último mês. O jogo virtual Baleia Azul vem inspirando jovens vulneráveis a participar de uma maratona de automutilação que culmina para o desafio final: o suicídio.
Sabe-se que esses desafios tiveram origem em 2015 nas redes sociais da Rússia e se espalharam pela Europa nos últimos dois anos. No Brasil, o assunto ganhou força no início do mês de abril, quando uma jovem de 16 anos foi achada morta dentro de uma represa no pequeno município de Vila Rica (Mato Grosso). A adolescente deixou cartas em que contava sobre os 50 desafios do jogo, aliados a tarefas e cronogramas que deveriam ser cumpridos. Mas, além do próprio suicídio, o que mais chamou atenção dos peritos e familiares foram os cortes nos braços e pernas da garota, provocados por uma gilete, na tentativa desesperadora de desenhar o símbolo de um jogo sádico: a baleia.
Inevitavelmente, esses acontecimentos nos fazem refletir sobre um tabu do mundo contemporâneo: o suicídio entre adolescentes. O tema certamente não é novo, no entanto, vem sendo impulsionado pelas novas tecnologias. Se procurarmos uma justificativa para tal atrocidade, o argumento mais favorável é a influência que adolescentes – em fase de afirmação da identidade – “sofrem” a partir da internet. Afinal, são eles que passam mais tempo expostos a ensinamentos benéficos e nocivos proporcionado pelo mundo das relações virtuais.
O desafio da baleia azul nada mais é do que a catarse da depressão sofrida pelos jovens, que acabam buscando meios para exteriorizar sua depressão ou revolta por algo. O suicídio vem de uma desesperança. O indivíduo ver-se sem opção, não encontra uma saída para aquilo que o está inquietando e a morte se torna a única alternativa.
A sociedade, a família, a escola, os amigos, precisam estar atentos aos sinais dados pelos adolescentes. Mas, antes de tudo, é necessário que todos esses agentes sociais abram uma espécie de canal de comunicação para ouvir, compreender e mostrar aos jovens que a saída para qualquer problemática sempre existirá. Que haverá sempre uma solução. Não podemos mais tornar o suicídio em um acontecimento invisível, um tabu impossível de ser discutido ou superado. A diretriz da Organização Mundial de Saúde (OMS) é abordar o tema sem glamour, sem divulgar métodos e sem apontar o suicídio como solução para os problemas – agindo sempre sem preconceito e oferecendo ajuda a quem precisar.
Anne Nunes
Jornalista
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