Após tumultuada sessão na Câmara, Cid Gomes deixa Ministério da Educação
BRASÍLIA – Após uma tumultuada sessão na Câmara, Cid Gomes deixou nesta quarta-feira o Ministério da Educação. Ele saiu do Congresso e foi direto ao Palácio do Planalto comunicar a decisão à presidente Dilma Rousseff. Pouco antes, o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), informou que havia recebido um telefonema do ministro da Casa Civil, Aloizio Mercadante.
— Acabei de receber um comunicado do ministro Mercadante que Cid Gomes está demitido — disse Eduardo Cunha no plenário.
Em nota oficial, a Secretaria de Comunicação Social da Presidência confirmou que Cid Gomes entregou à presidente seu pedido de demissão do cargo.
A presidente “agradeceu a dedicação dele à frente da pasta”, diz a nota.
Cid Gomes enfrentou o plenário da Câmara nesta quarta-feira e repetiu, diante de cerca de 300 parlamentares, que há achacadores entre os deputados, criando assim mais um embate entre o governo e o Congresso.
Antes, o líder do PMDB, Leonardo Picciani (PMDB-RJ), afirmou que, caso o ministro da Educação, Cid Gomes, permanecesse no governo, seu partido deixaria a base de apoio à presidente Dilma Rousseff. Picciani, que havia cobrado, da tribuna, a demissão de Cid, voltou a afirmar, em entrevista, ele não teria condições de permanecer na função.
— Caso permaneça ministro do governo, não há espaço para nosso partido na base. Não participaremos de nenhuma reunião com ele — afirmou.
Perguntado se isso se tratava de um recado à presidente, Picciani foi taxativo:
— A fase de recados já passou. Estamos fazendo uma afirmação. Ele não tem condição moral para ficar.
Cid deixou o plenário da Câmara antes chegasse ao fim a sessão para que prestasse esclarecimentos. O deputado Sérgio Zveiter (PSD-RJ) da tribuna chamou o ministro de palhaço. Cid pediu respeito:
— O senhor me respeite.
Mas o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), cortou a palavra de Cid.
— V. Excia. não é parlamentar para usar da palavra.
Depois dessa intervenção, Cid se retirou.
Numa saída tumultuada, ao ser questionado se deixaria o Ministério, Cid não disse se pediria demissão:
— A presidente Dilma resolverá. O lugar é dela, sempre foi dela e eu aceitei para servir porque acredito — afirmou.
— Se eu fosse pedir demissão, não poderia, por dever de ética, antecipar essa possibilidade. Seria uma descortesia com quem me convidou.
CUNHA PROCESSARÁ CID GOMES
No final da sessão desta quarta-feira, Eduardo Cunha afirmou que a presidência da Câmara irá entrar com uma ação contra Cid Gomes. O peemedebista também afirmou que irá pedir a abertura de um processo contra o ministro em seu nome:
— Não vou admitir que alguém que seja representante do poder Executivo, agrida não só essa casa, como ainda volte aqui e reafirme as ofensas.
O Globo
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