Publicado em: 17 ago 2015

Após protestos, governo prega diálogo, mas se nega a admitir erros

O ministro Edinho Silva (Secom), acompanhado do deputado José Guimarães (PT-CE) e do senador José Pimentel (PT-CE), durante coletiva de imprensa após reunião de coordenação política com a presidente Dilma Rousseff, o vice Michel Temer e demais ministros, no Palácio do Planalto - 17/08/2015

No dia seguinte ao terceiro protesto contra a presidente Dilma Rousseff nos últimos cinco meses, o governo demonstrou que segue alheio às vozes das ruas. Em entrevista coletiva concedida nesta segunda-feira em Brasília, o ministro da Comunicação Social, Edinho Silva, e os líderes do governo na Câmara, José Guimarães (PT-CE), e no Senado, José Pimentel (PT-CE), creditaram a grave situação econômica do país aos efeitos da turbulência internacional e criticaram o “clima de pessimismo” no Brasil – não houve qualquer admissão de erros.

Na manhã desta segunda-feira, Dilma reuniu-se com a equipe da coordenação política no Palácio do Planalto, formada por líderes do governo no Congresso. Na noite de domingo, a petista também teve reunião com seu núcleo duro, formado pelos ministros mais próximos, para discutir os protestos. Mas o governo ainda não conseguiu encontrar o tom da resposta.

Em entrevista coletiva, o ministro Edinho Silva disse reconhecer o cenário de dificuldade econômica – mas não credita a atual situação às manobras fiscais ou à corrupção que já atinge cifras bilionárias no governo petista. “O cenário é de dificuldade não só para os emergentes, mas também para as grandes potências. Mas, se nós compararmos os fundamentos da economia, as instituições financeiras e de regulação econômica que o Brasil tem com outras economias mundiais, nós veremos que as projeções para o país são mais otimistas”, disse o ministro.

O interlocutor do Planalto disse ainda que, neste momento, o mais importante para o governo é “quebrar esse clima de pessimismo” e que as medidas estão sendo tomadas para que o país “em breve volte a crescer, gerar emprego e renda”. Edinho acrescentou que o governo considera as manifestações importantes e significativas. “Mas o governo se preocupa, neste momento, muito mais com a construção de uma agenda para o país, de diálogo com o Congresso, com a sociedade, o empresariado e os movimentos sociais”, afirmou.

Questionado se o governo faria um pedido de desculpas à nação, Edinho Silva sinalizou que não há qualquer intenção de fazer ao menos um mea culpa. “Eu penso que se trabalhar para a manutenção dos empregos no Brasil, trabalhar pela renda da população, principalmente a mais marginalizada historicamente desse país, se trabalhar pela manutenção de programas sociais é um equívoco, então que se constate o equívoco”, respondeu.

Houve ainda uma tentativa de deslegitimar os atos relacionando-os aos grupos que pedem a intervenção militar, minoria entre os milhares que foram às ruas neste domingo. “Parte dos movimentos assumiu uma conotação ideológica muito forte. Às vezes fica até difícil a presidente conversar com as ruas, porque não tem uma pauta. Os efeitos estão no diálogo e no Congresso. Pé na estrada, humildade e tranquilidade porque a institucionalidade democrática permite até que os Bolsonaros da vida preguem a volta do golpe”, disse o líder do governo na Câmara, deputado José Guimarães (PT-CE). “Nós respeitamos as manifestações mesmo discordando da agenda colocada, agenda inclusive como o fim da democracia, mas queremos centrar as ações na superação dos problemas que o Brasil tem vivenciado”, afirmou Edinho Silva.

Com Veja 



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