Publicado em: 4 set 2014

Aceno de Dilma a evangélicos não convenceria, dizem pastores

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Os assuntos dominam o noticiário eleitoral desde que, pouco após lançar seu programa de governo, na sexta-feira, Marina alterou o capítulo que trata de propostas para a comunidade LGBT.

O programa inicial defendia, entre outros pontos, a aprovação do casamento gay e a criminalização da homofobia, mas as duas propostas foram eliminadas. A mudança ocorreu após fortes críticas públicas do pastor Silas Malafaia, que comanda o Ministério Vitória em Cristo da igreja Assembleia de Deus e é um dos principais líderes evangélicos do país.

Após o último debate entre os presidenciáveis, na segunda-feira, Dilma defendeu em entrevista a criminalização da homofobia. Por outro lado, segundo reportagem da “Folha de São Paulo” desta terça, a presidente pretende apoiar uma lei que garantiria benefícios fiscais a igrejas evangélicas, numa provável tentativa de agradar ao eleitorado protestante.

Em entrevista à BBC Brasil, Malafaia diz que “Dilma está mais perdida que cego em tiroteio”. “Ela acende uma vela para o diabo ao mesmo tempo em que acende uma vela para Deus. Isso não dá.”

Segundo Malafaia – que no primeiro turno diz que votará no Pastor Everaldo (PSC) e, no segundo, em Marina – a proposta de Dilma sobre a criminalização da homofobia desrespeita uma decisão recente do Senado.

Em dezembro de 2013, os senadores votaram por anexar ao novo Código Penal o Projeto de Lei Complementar 122, que criminaliza a homofobia. Na prática, a decisão implicou adiar a análise do tema, já que o novo Código Penal ainda está em discussão e não tem data para ser votado.

O pastor critica ainda a suposta intenção de Dilma de aprovar a Lei Geral de Religiões, que estenderia a igrejas evangélicas benefícios fiscais já concedidos à Igreja Católica.

“Ela está pensando que os pastores são otários. Durante quatro anos o PT lutou contra todas as nossas crenças, valores e princípios, e agora querem o apoio do povo evangélico?”

Recuo de Marina Silva

Quanto ao recuo de Marina em suas propostas para a comunidade LGBT, Malafaia diz não ter tido qualquer influência na decisão. “Não tenho essa bola toda”. Para ele, a alteração no programa ocorreu porque o “comitê LGBT do PSB exagerou na dose” e Marina não leu o texto antes de sua publicação.”

TwitterMalafaia ‘repreendeu’ Marina Silva no Twitter após o lançamento do programa de governo do PSB

Já Marina afirma que a mudança se deveu a “falhas de edição”.

Outros líderes evangélicos entrevistados pela BBC Brasil defenderam Marina das críticas que ela sofreu pelo recuo.

Para o apóstolo Paulo de Tarso, presidente da Igreja Betlehem, de São Paulo, o episódio expôs uma “desorganização natural” no comitê da candidata após a morte de Eduardo Campos.

Para o pastor Sérgio Ribeiro, líder da Comunidade Evangélica de Santiago, do Rio Grande do Sul, a mudança “demonstra o compromisso de Marina com princípios cristãos”.

Os dois líderes expressaram desconfiança quanto a possíveis medidas de Dilma para agradar o segmento.

Para Tarso, o governo do PT “perdeu a credibilidade” entre os evangélicos. “Acreditamos que qualquer aceno agora não tem mais possibilidade de traduzir uma posição real”, ele diz.

Ribeiro, por sua vez, diz que a aprovação da Lei Geral de Religiões teria pouco impacto para a maioria das igrejas evangélicas do país, que são pequenas.

“Essa lei beneficia igrejas que têm muitos prédios, estrutura. Para nós, que trabalhamos e não dependemos da igreja para sobreviver, muda muito pouco.”

Tanto Ribeiro quanto Tarso afirmam que vão votar em Marina para presidente. Os dois – além de Silas Malafaia – aprovaram a proposta de candidata, anunciada no último debate, de convocar plebiscitos sobre temas como a legalização do aborto e da maconha.

‘Não basta ter fé’

Marina Silva / Agência BrasilMarina está empatada com Dilma na corrida presidencial, de acordo com últimas pesquisas

Já o pastor Edmilson Vila Nova, presidente da Convenção Batista Nacional, expressa cautela quanto ao alinhamento entre evangélicos e a candidata.

Para ele, muitos protestantes se iludem ao pensar que, votando em candidatos de mesma fé, fazem uma boa escolha. “Não basta ter fé cristã, católica ou evangélica, para governar. É preciso ter outras qualificações”.

Vila Nova critica, por outro lado, o que considera um preconceito de setores da sociedade – inclusive da imprensa – com candidatos evangélicos. “Não tem que tratar um candidato de determinada maneira porque ele é evangélico, católico ou espírita, mas sim por suas propostas.”

Portal do Litoral PB

Com BBC Brasil 




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