Alemanha pede ajuda à Suíça em investigação sobre suspeita de compra de votos
Promotores alemães pediram a colaboração da Suíça, país onde está sediada a Fifa, na investigação sobre um pagamento suspeito ligado à realização da Copa do Mundo de 2006, na Alemanha. O procurador-geral de Frankfurt revelou nesta quarta-feira que procurou assistência legal para analisar dados bancários a respeito de uma transferência de 6,7 milhões de euros feita pela Associação Alemã de Futebol (DFB, na sigla em alemão) à Fifa.
Em novembro, agentes da polícia e do fisco fizeram uma busca na sede da DFB e nas residências de dirigentes para averiguar suspeitas de evasão fiscal ligada à concessão do torneio. A investigação se refere a um pagamento de 2005 que, segundo a revista alemã Der Spiegel, foi a devolução de um empréstimo feito pelo então diretor-executivo da Adidas, Robert-Louis Dreyfus, para comprar votos para a eleição da sede da competição, vencida em 2000 pelos alemães.
Separadamente, as autoridades suíças estão analisando 133 relatos de atividades financeiras suspeitas ligadas à concessão das Copas de 2018 e de 2022 à Rússia e ao Catar, entre uma série de alegações de corrupção na qual a Fifa está mergulhada. Wolfgang Niersbach, ex-presidente da DFB, seu antecessor, Theo Zwanziger, e Horst Schmidt, ex-secretário-geral da entidade – que ocuparam cargos de alto escalão no comitê organizador em 2006 – são suspeitos de fraudar o fisco, disseram os promotores.
A DFB e Niersbach, além do então chefe do comitê organizador, o ex-jogador Franz Beckenbauer, repudiaram as acusações de compra de votos, mas Zwanziger declarou que as alegações sobre o pagamento irregular são verdadeiras e que Niersbach sabia de tudo, sem oferecer informações sobre seu próprio conhecimento do assunto. Niersbach, que renunciou em função do escândalo, afirmou que há uma investigação interna em andamento para descobrir por que o valor foi pago à Fifa e para que foi usado.
Denúncias – O escândalo envolvendo a Copa de 2006 teve início em outubro. Uma matéria publicada pela revista alemã Der Spiegel acusou a federação alemã de ter comprado votos para o país ser eleito sede do Mundial. Segundo a publicação, o comitê de candidatura, presidido por Franz Beckenbauer, criou um fundo de 10,3 milhões de francos suíços (equivalentes a cerca de 41,5 milhões de reais na cotação atual) para conquistar os votos de quatro representantes asiáticos no comitê executivo da Fifa.
A Federação Alemã de Futebol rechaçou as acusações de corrupção, mas reconheceu que houve um pagamento de 6,7 milhões de euros à Fifa. Maior ídolo do futebol alemão, Beckenbauer admitiu ter enviado a quantia à Fifa em 2000, mas garantiu que agiu dentro da legalidade.
Antes, Wolfgang Niersbach havia alegado que a verba paga à Fifa tratou-se de uma garantia financeira para que a entidade máxima do futebol mundial enviasse à Alemanha uma quantia já disponível para a organização do Mundial de 2006. Ainda segundo Niersbach, a soma foi paga pelo então presidente da Adidas, Robert Louis Dreyfus, falecido em 2009. Oficialmente, os recursos iriam para “eventos culturais”. mas essas atividades foram canceladas, sem explicações.
O jornal Bild, revelou que o então recém-criado Comitê Organizador da Alemanha, não tinha recursos para realizar o pagamento e, por isso, Dreyfus foi o encarregado de pagar, recebendo posteriormente a devolução, por meio de uma conta da Fifa. Os outros países concorrentes à sede de 2006 eram África do Sul, Inglaterra, Marrocos e Brasil.
com agência Reuters
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