Adele retorna mais pop, poderosa e relevante
Aos 27 anos, Adele conquistou um lugar de destaque no panteão de grandes artistas do século XXI. Sua voz impecável e belas composições lhe trouxeram popularidade entre crítica e público, duo de opiniões que a tornou um sucesso de vendas estrondoso. Tanto que a sensação de orfandade foi generalizada quando a cantora britânica sugeriu, em 2012, que faria uma pausa de cinco anos na carreira. Por sorte, o hiato sem um disco durou “apenas” quatro anos, tempo suficiente para criar uma grande expectativa em torno de seu novo disco, 25, lançado nesta sexta-feira. O sucesso de 21 (2011) foi tão grande, que a própria não espera superá-lo. Contudo, no quesito qualidade, o novo álbum é, sem dúvida, superior aos dois anteriores – sendo o primeiro 19, lançado em 2008. Em vendas, ele também tem potencial para bater alguns recordes. E assim, como quem não quer nada, Adele retorna ao mercado fonográfico ainda mais poderosa e relevante.
O disco, que deve encerrar a trilogia “da idade”, começa com a já conhecida Hello. O piano forte que embala a canção prossegue ao longo do disco, ora mais agressivo, ora suave e romântico. Apesar de dizer que a faixa diz respeito a ela mesma, a letra de Hello induz à ideia de que o telefonema foi destinado a um ex-namorado. A conversa com o passado prossegue na segunda faixa, Send My Love (To Your New Lover), uma espécie de rito de passagem para a nova fase da cantora.
A dor de cotovelo, tema de seus discos anteriores, começa a esvair. Com uma batida mais pop e uma clara influência de ritmos africanos, a faixa é destinada ao ex e à sua nova namorada. “Send my love to your new lover/ Treat her better” (Mande lembranças a seu novo amor/ A trate melhor), diz o refrão. O clima despojado é resultado da boa parceria com o produtor sueco Max Martin, que já colaborou com diversos ídolos da música, como ‘N Sync, Taylor Swift e Britney Spears.
O momento de alegria é interrompido por I Miss You, canção com início sombrio, instrumentos ecoados e sintetizadores. O piano é substituído por uma bateria em primeiro plano, que dá um tom sensual à faixa em que ela pede para seu amante manter acesa a chama do amor.
Em seguida, o segundo single, When We Were Young, surge no que parece ser a música mais nostálgica do disco – mas não é. A balada coescrita pelo cantor Tobias Jesso Jr. é deliciosa e relembra icônicos cantores pop, como Elton John. Porém, a exaltação do passado ganha um peso maior na nona faixa,Million Years Ago. A balada com cara de bossa nova é entoada por uma Adele emocionada, com um violão acústico ao fundo e um grave backing vocal. Na letra, a cantora fala sobre arrependimentos, desejos que nunca realizou, a saudade que sente de amigos e familiares, e o rumo que sua vida tomou.
A nostalgia também faz uma ponta na sétima faixa, River Lea. O afluente que deságua do rio Tâmisa serve como uma metáfora para seu amadurecimento. “When I was a child I grew up by the River Lea/ There was something in the water, now that something’s in me” (Na infância eu cresci próximo ao rio Lea/ Havia algo na água, e agora há algo em mim), diz o começo da canção. Sintetizadores e um teclado eletrônico dão um tom atual ao clima soul. O mesmo tipo de melodia acompanha Water Under the Bridge, porém mais próxima do pop anos 1980. As duas faixas, juntamente com Send My Love, são as mais modernas de 25, e também as mais diferentes da discografia da cantora.
O bom e velho coração partido ganha espaço em Love In the Dark e All I Ask. Ambas abusam de um belíssimo piano, o conhecido vozeirão de Adele e letras sobre um fim inesperado. Destaque para a dramática All I Ask, feita em parceria com o cantor Bruno Mars.
Já a maternidade é a fonte de inspiração para Remedy e Sweetest Devotion. Apesar de não conter nenhuma referência explicita ao filho, Angelo, 3 anos, é evidente que o amor e ternura expressos ali vão além das paixões entoadas por Adele em outras baladas até agora. Uma prova de que os temas se expandiram e a cantora, que já era considerada à frente de outras de sua idade, fica cada vez melhor com as novas fases da maturidade. E tudo isso é apenas fruto de seus 25 anos.
Com Veja
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