SANTOS VENCE E DEIXA FLUMINENSE À BEIRA DA ZONA DO REBAIXAMENTO
Não poderia haver choque de realidade mais cruel para o Fluminense do que jogar em Presidente Prudente, no mesmo estádio onde, pouco mais de um ano atrás, conquistou o título brasileiro. Foi a única semelhança com a partida desde domingo. Agora, o estádio estava vazio, e o adversário, ao contrário do Palmeiras, que brigava para não cair, não tinha grande motivação. Mesmo assim, o Tricolor carioca foi totalmente dominado.
O Santos poderia ter feito três, quatro, cinco gols. Venceu só por 1 a 0, graças, principalmente, a Diego Cavalieri. Sem aspirações no campeonato, com um técnico que já sabe que não ficará em 2014, o Peixe passeou. Tabelou, driblou, correu… Como se não houvesse adversário. Está em oitavo lugar, com 51 pontos.
O clube tantas vezes campeão, atual campeão, ficou só na memória de quem esteve em Prudente no ano passado. E sofre. Está em 16º lugar e soma 42 pontos, empatado com o Coritiba, primeiro time na zona de rebaixamento – leva a melhor no número de vitórias (11 contra dez).
– O time foi apático, ficou os 90 minutos sem agredir, fazer nada. Até que ficou de bom tamanho (o resultado). Mas vamos continuar trabalhando. Dependendo dos resultados, podemos não mais depender das nossas forças, e isso complica. Estamos vivendo um momento complicado, mas vamos continuar trabalhando – avaliou Cavalieri, autor de quatro defesas difíceis na partida.
Antes da partida, os jogadores se sentaram no gramado de braços cruzados, em mais um protesto do Bom Senso F.C., que pede mudanças no futebol brasileiro, principalmente em relação ao calendário e à responsabilidade financeira dos clubes. A torcida aplaudiu.
Nas duas últimas rodadas, o Fluminense dará sequência à luta contra o rebaixamento. Enfrenta o Atlético-MG, no próximo sábado, no Maracanã, e fecha sua participação diante do Bahia, no dia 8, na Arena Fonte Nova. Já o Peixe, sem chance de se classificar para a Libertadores e também livre de qualquer possibilidade de queda, vai cumprir tabela contra Atlético-PR, em casa, e Goiás, fora. Ambos os adversários brigam no topo, por uma vaga na competição sul-americana.
– É sempre bom ganhar. Colocamos como objetivo vencer as três últimas partidas. Agora vamos trabalhar para bater também o Atlético-PR – afirmou Montillo.
Sinceridade de Sobis
– Foi péssimo o primeiro tempo, sorte que eles não fizeram o gol.
A sinceridade de Rafael Sobis explica perfeitamente a atuação do Fluminense. No lance mais perigoso da equipe, a bola nem chegou às mãos do goleiro-espectador Aranha. Samuel não alcançou cruzamento feito por Rhayner, da direita. Pouquíssimo para quem briga pela permanência na Primeira Divisão.
Os tricolores pareciam derretidos pelo calor de Presidente Prudente. Perderam as divididas como se fossem garotos enfrentando gigantes do basquete da NBA. As laterais, com Igor Julião na direita, e principalmente Digão na esquerda, foram o caminho do ouro para o Santos, que se aproveitou mal da fragilidade do rival.
Como disse Sobis, sorte que “eles” não fizeram o gol. Sorte e mérito de Diego Cavalieri, que aos 25 minutos já havia feito três boas defesas: duas em chutes de Montillo, cada um com um pé, e outra espetacular na finalização do volante Alison. Thiago Ribeiro também teve duas oportunidades, sempre arrastando os frágeis marcadores. Quase no fim, Cicinho caiu na área e pediu pênalti. O árbitro Francisco Carlos do Nascimento não deu, e expulsou o técnico Claudinei Oliveira por reclamação. Marcelo Fernandes comandou o Peixe no segundo tempo.
Justiça no pé de Thiago
Com 56 minutos de futebol, Aranha fez a primeira defesa. Foi em cabeçada de Anderson. Fraca, em suas mãos. O Fluminense voltou para o segundo tempo com o volante Valencia no lugar do centroavante Samuel. Aparentemente estranho para quem precisava vencer, mas o time esboçou melhora. Jean ganhou mais liberdade e, com um a mais no meio-campo, os cariocas equilibraram o jogo.
Por pouco tempo…
O ritmo dos times voltou a ficar diferente. E o lado esquerdo da defesa tricolor continuou sendo um convite irrecusável aos santistas. Primeiro, Geuvânio passou por um Anderson estático, e mais uma vez Cavalieri fez a defesa. Depois, Arouca tabelou com Geuvânio, contou com a complacência de Sobis, que não acompanhou a linha de passe, e cruzou para o merecido gol de Thiago Ribeiro.
Dorival mudou. Entraram Biro Biro e Marcelinho. O jogo não mudou. Apenas o Santos, em vantagem, diminuiu o ímpeto, mas continuou melhor. O relógio correu muito mais rapidamente do que as pernas dos jogadores do Fluminense podiam aguentar. Cícero ainda acertou a trave em mais uma das fáceis tabelas do ataque. Ao Santos, ficou a esperança de um 2014 promissor. Há uma base. Ao Flu, restou a certeza de que será preciso jogar muito mais bola nas próximas semanas para disputar a Série A no ano que vem.
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