Publicado em: 5 set 2015

Morador de rua tenta salvar mulher e morre junto com bandido na Praça da Sé, em SP

Policiais militares mataram um homem que mantinha uma mulher refém na tarde desta sexta-feira (4) em frente à Catedral da Sé, no Centro de São Paulo, de acordo com a corporação. Um morador de rua que tentou ajudar a vítima também morreu.

O caso aconteceu por volta das 14h10 nas escadarias da catedral, na Praça da Sé. Segundo a PM, o homem ameaçava a mulher com uma arma. Ela contou que foi abordada dentro da igreja, enquanto rezava, e acredita que o homem fugia da polícia. Eles saíram juntos da catedral.

As imagens mostram o homem com a mulher no topo da escadaria. Em seguida, um morador de rua se aproximou por trás e avançou contra o criminoso, que abraçava a refém. Ele conseguiu empurrar o suspeito, que pega a arma e atira no morador de rua. Em seguida, é possível ouvir os disparos dos policiais e o criminoso cai morto.

A mulher mantida refém disse que ficou machucada no olho e na cabeça “por causa da pancada” – ela foi agredida pelo criminoso. Um homem que vendia terços em frente à catedral foi atingido no braço por um tiro de raspão. Ele não quis receber atendimento médico.

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O major Emerson Massera, porta-voz da PM, diz que o criminoso era Luiz Antônio da Silva, de 49 anos, e já tinha cumprido pena de 22 anos. Ele tinha passagens na polícia por roubo, furto, dano, lesão corporal, tráfico e fuga da cadeia. O morador de rua era Francisco Erasmo Rodrigues de Lima, de 61 anos. O caso será registrado no 1º Distrito Policial, na Sé.

Segundo Massera, caberá à perícia dizer se o morador de rua foi atingido por disparos da Polícia Militar, mas ele considera essa hipótese remota. “A sensação que a gente tem vendo as imagens é que quem acerta o morador de rua é o bandido. O barulho dos disparos, inclusive, é diferente, de 38 e de ponto 40”, disse.

Ele afirma que é possível ver que, após receber os disparos, o homem permanece em pé por certo tempo, outro sinal de que não recebeu tiros da polícia. “Se ele tomasse tiro de ponto 40 [armamento usado pela PM], cairia na hora.”
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Massera disse que, diante do risco de morte de outras pessoas, mais de dois policiais atiraram contra o homem que mantinha a mulher refém. Ele afirmou ter sido possível ouvir pelo menos 13 disparos, mas não descarta a possibilidade de terem sido mais. “Os policiais atiraram simultaneamente por haver risco de morte”, afirmou.

Segundo Massera, a polícia já havia cercado o local e estava negociando com o homem a libertação da refém, mas o morador de rua conseguiu furar o cerco. “Tinha todo um aparato no local, que estava isolado”, afirmou.

Testemunha
O supervisor de vendas Ricardo Ferreira Silva estava no horário de almoço e presenciou o crime. Ele contou que a mulher conseguiu sair correndo quando o morador de rua se jogou contra o suspeito. Ela se abrigou atrás de uma pilastra da catedral. A mulher teve ferimentos na cabeça porque, de acordo com a testemunha, levou coronhadas. “Parecia cena de filme”, afirmou Silva.

Duas armas estavam na escadaria, ao lado dos corpos, por volta das 16h10. Os peritos concluíram os trabalhos e os corpos foram retirados às 17h30. Tanto o criminoso quanto o morador de rua eram conhecidos na região da Sé, segundo testemunhas ouvidas. De acordo com os relatos, Francisco Lima pedia dinheiro no entorno da praça e dormia em um abrigo.

Em nota, o padre Luiz Eduardo Baronto, da Cúria da Catedral da Sé, lamenta as mortes e diz que “o triste acontecimento nos fala de modo trágico de como a violência não é solução para resolver situações de conflito, quaisquer que elas sejam”. Ele afirma que “na catedral, rezamos em sufrágio dos que perdem a vida nas tragédias e violências de todos os dias” e que convida a todos para “suplicar a Deus para que a paz se restabeleça em nossa cidade e cenas com essa não venham se repetir”.

https://www.youtube.com/watch?v=3amqeEkNdbM




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