Em tempos de crise, “Criança Esperança” vira “Teleton Ensaiado” na Globo
Esqueça as grandes coreografias, os cenários faraônicos e o Didi voando. Em tempos de crise, a TV Globo decidiu economizar recursos na realização do “Criança Esperança” de 2015. Apresentado ao vivo direto de um grande estúdio no Projac, o novo formato da atração voltou às origens e se tornou uma espécie de “Teleton Ensaiado”, com direito a revezamento de apresentadores, mesão de telefonistas, entrevistas dramáticas ao vivo e “checão” com doação milionária no final.
Em um cenário de arena simples, com pipas e telões de led, o especial trouxe três pequenos palcos onde concentrou todas as apresentações. Em um deles, as funkeiras Anitta, Ludmilla e Valesca Popozuda cantaram músicas em inglês (dá para imaginar como foi…). Paula Fernandes e a dupla Henrique e Juliano representaram o palco sertão pop. O terceiro espaço apresentou a banda da Globo, formada por Otaviano Costa, Leticia Colin, Thiago Martins, Thiago Fragoso e Dudu Azevedo, com participação de Gilberto Gil.
Mantendo a política da direção de não deixar cantores interpretarem hits do próprio repertório para não ficar parecendo autopromoção (na verdade, parte dos que participam vão com essa finalidade mesmo), a produção apostou em músicas consagradas mundialmente, como “Imagine” (John Lennon) e “Happy” (Pharrell Williams), entre outras. Os grandes números coreografados foram extintos e deram lugar a pequenas coreografias em algumas canções. Todos os convidados permaneceram nos palcos do começo ao fim.
O time de apresentadores formado por Dira Paes, Lázaro Ramos, Leandra Leal e Flávio Canto deixou a atração ainda mais blasé. Renato Aragão, o eterno Didi Mocó, responsável por levantar a campanha nos últimos 29 anos, apareceu em um pequeno momento da atração e quase não falou. Após ser aplaudido de pé, emocionado e lendo um texto pronto no teleprompter, o artista agradeceu pela homenagem e deixou o palco. Nem deu tempo de conta a história do “No céu tem pão?”.
E por falar em teleprompter, o “Criança Esperança” deste ano, mesmo ao vivo, seguiu estritamente um roteiro previamente desenvolvido pela produção. Diferentemente do programa “irmão gêmeo” do SBT, consagrado por imprevistos e brincadeiras “non sense”, a atração global deixou transparecer que foi ensaiada nos mínimos detalhes antes de ir ao ar. Foi tudo tão perfeitamente executado que muita gente achou chato de assistir.
Aliás, o único momento de espontaneidade durante todo o programa se deu com as aparições de Susana Vieira, que sempre rouba a cena nos programas por onde passa. A atriz integrou o “Mesão da Esperança”, que em vez dos tuiteiros do “Teleton”, contou com os artistas do primeiro time global atendendo telefonemas. Tatá Werneck, que poderia ter sido melhor aproveitada com seu jeito escrachado e carismático para quebrar o gelo da noite, ficou apagada e só apareceu em um “mico criado” por Ingrid Guimarães: dançou, ao lado de outras atrizes, alguns hits que fizeram parte dos 30 anos de programa. Coisa mais engraçada não há.
As novidades do “Criança Esperança” dividiram opiniões nas redes sociais, mas parecem ter agradado grande parte dos telespectadores. A atração manteve a liderança isolada no ranking de audiências, sendo exibida das 22h25 à meia-noite. Em comparação com os programas maçantes exibidos nos últimos anos, de fato, o novo formato ficou mais agradável de se assistir. Entretanto, a Globo ainda precisa deixar de lado o medo de errar. E isso vale para todos os programas ao vivo da casa. O público percebe quando a televisão não é espontânea
Com TV Foco
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