Publicado em: 31 jul 2015

“Nem com cachorro a gente faz isso”, diz irmão do atropelado que trem passou por cima no Rio

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A família de Adílio Cabral dos Santos esteve na manhã desta sexta-feira (31) na delegacia de Madureira (29ª DP) para prestar depoimento. Na terça-feira (29), um trem da Supervia foi autorizado a passar por cima do corpo de Adílio, que estava nos trilhos da linha férrea, na altura da estação de Madureira.

Elson Junior, irmão de Adílio, afirma que a pior parte foi ver as imagens.

— Já tinham atropelado, pra que passar por cima? Aí foi a pior parte. Já tinha acontecido, pra que fazer aquilo? Era só aguardar um pouco. Não trataram ele com respeito, nem com humanidade, nem com dignidade. Nem com cachorro a gente faz isso.

A família soube da morte do rapaz pela televisão. Eunice Souza, mãe de Adílio, lamenta que a morte tenha acontecido em um momento em que o filho estava “lutando para melhorar”. O homem é ex-presidiário e foi libertado do sistema prisional em outubro de 2014.

— Agora que ele sossegou e estava tranquilo, ajudando, trabalhando, vem essa tragédia.

Eunice descobriu a morte do filho quando assistia a uma reportagem de televisão junto com o filho Elson.

— Primeiro passou a notícia sem dar o nome e comentamos que era um absurdo. Pouco depois deram o nome, aí minha mãe começou a passar mal.

Além da Polícia Civil e da Agetransp (Agência Reguladora de Serviços Públicos Concedidos de Transportes Aquaviários, Ferroviários e Metroviários e de Rodovias do Estado do Rio de Janeiro), o Procon Estadual também investiga o caso. Carlos Eduardo Amorim, diretor jurídico do órgão, afirma que o que foi registrado nas imagens se trata de “um completo absurdo”.

— Como se trata de prestação de serviços, cabe ao Procon verificar outros pontos. Por exemplo, como essa pessoa teve acesso aos trilhos? É uma situação tão absurda que provavelmente a empresa vai ser multada.

A Supervia tem 15 dias para responder as solicitações do Procon. Caso seja concluído que houve violação do código de defesa do consumidor, a empresa pagará multa.

Permissão para não interromper viagem

A Supervia, concessionária que administra os trens do Rio de Janeiro, informou na tarde desta quinta-feira (30) que o trem passou por cima de um corpo em Madureira, zona norte do Rio, na terça-feira (28), por volta das 17h, “tinha altura mais do que suficiente para fazê-lo sem risco de atingir” a vítima.

A concessionária afirmou, também, que a medida foi autorizada “diante do risco de se criar um problema maior e mais grave com a retenção de diversos trens” e que “a paralisação da linha criaria transtornos para toda a movimentação do horário, quando viajam cerca de 200 mil pessoas pelo sistema”.

A Supervia informou que “lamenta e reforça que está investigando o fato, resultante de um procedimento totalmente fora dos padrões operacionais da empresa”. A concessionária também “lamenta a perda de mais uma vida por invasão dos trilhos”.

Relembre o caso

Na quarta-feira (30) o R7 publicou com exclusividade um vídeo enviado à Record Rio, por meio do aplicativo WhatsApp, em que um agente da Supervia autoriza a passagem de uma composição por cima de um corpo que estava na via férrea.

A primeira nota da Supervia sobre o incidente informou que “o procedimento adotado está fora dos padrões adotados pela concessionária. A empresa apura internamente o que levou a essa decisão e reforça que tem como princípios básicos de conduta o respeito ao próximo”.

Assista ao vídeo:




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