Com Dilma ‘arranhada’, Lula se lança como alternativa para tirar PT da crise
Ao participar do lançamento da campanha de arrecadação do PT no 5º Congresso do partido, que ocorre em Salvador, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva se mostrou bem mais a vontade na manhã da sexta-feira (12) e se colocou como alternativa para ajudar no que chamou de recuperação da base.
Lula, que antes da abertura, confidenciou a pessoas próximas sua preocupação com a reação de dirigentes em relação àsnotícias de corrupção, inclusive envolvendo o Instituto Lula, fez um discurso anteontem bem mais mobilizador. Ele já classificou as denúncias como tentativa de criminalização do partido e dele próprio e obteve apoio dos petistas.
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“Há uma tentativa muito bem planejada de criminalizar o PT. O partido precisa compreender que existe um processo de criminalização e eu venho alertando sobre isso desde o encontro de Brasília, há quatro anos. A gente sabe disso, basta ver os filmes de como surgiu o nazismo e o fascismo”, comparou Lula.
“Acho que este momento, embora seja o momento delicado, é o momento do ressurgimento do nosso partido e temos que colocar isso como questão de honta, tudo que nós fazemos incomoda, tudo é assim, as pessoas não vão mudar em relação a gente”, disse o ex-presidente.
Dirigentes do partido e integrantes da bancada chegaram a alardear seu nome de Lula como única opção do partido para 2018. “É claro que vai ser ele. Só ele tem esta capacidade”, disse o líder do governo da Câmara, José Guimarães (CE).
A impressão de que o 5º Congresso acabou ocorrendo mais cedo do que o necessárioé também comum entre integrantes do partido. Cedo para que o partido possa se descolar do governo da presidente Dilma Rousseff, que está começando. Um petista chegou a comentar nos bastidores que a única saída seria “esquecer o governo” com sua política econômica e “cuidar do partido”.
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Apesar de o discurso de Dilma ter sido visto como humilde e de reaproximação com os partidos, petistas avaliaram que ela não deu opções ao partido para trabalhar a reaproximação com os movimentos sociais. Alguns delegados se sentiram contemplados com o tratamento dispensado pela presidente no discurso de abertura, no qual, Dilma se colocou como uma petista. “Ela disse meu partido. Talvez tenha sido a primeira vez que tenha ouvido isso”, disse uma dirigente. Do discurso de Dilma, que durou uma hora e meia, os primeiros 15 minutos foram ouvidos com atenção. O restante, quando ela se dedicou a falar sobre os feitos do governo, não contou com a mesma atenção. Muitos deixaram o auditório ou acabaram dormindo, deitados no chão de carpete.
Mesmo assim, faltou uma proposta no campo social que foi trazida nesta sexta-feira, por Lula. O ex-presidente elegeu o Plano Nacional de Educação (PNE), sancionado por Dilma como primeiro instrumento de diálogo com as bases, movimento que já vem sendo encarado como pré-campanha.
“Nós temos que começar a viajar o Brasil. Ontem eu falei assim, por cima, mas é que o partido não pode se esquecer das pessoas que estão nas bases. Em 2010 nós iniciamos o Plano Nacional de Educação. A Dilma só assinou em julho de 2014. Ele é o melhor instrumento político que o PT possa utilizar para trabalhar”, disse Lula.
“Estou pensando em fazer uma reunião com os governadores do PT, com popularização do nosso caderno. Ver se cada prefeito está cumprindo a meta e se o governo federal está cumprindo esta meta”, disse Lula sobre a articulação que deve iniciar pelo país. “A gente aproveita e, em cada conversa, pede uma contribuiçãozinha”, disse.
Mais descontraído, o ex-presidente dedicou a convocar os dirigentes a doarem dinheiro ao partido e dedicarem um final de semana por mês ao trabalho de base. “Temos que ter doações dos filiados, dos cargos comissionados, se nós não fizermos isso quem vai fazer. Os tucanos?”, questionou.
Com Diário do Povo do Piauí
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