Publicado em: 23 maio 2015

‘Governo vai pagar pelos pecados’, diz FHC sobre corte no Orçamento

O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB) afirmou neste sábado (23), ao ser questionado por jornalistas sobre o corte no Orçamento para 2015, que o governo “vai pagar pelos pecados” e terá que tomar medidas de contenção.

O corte, de R$ 69,9 bilhões, foi anunciado nesta sexta-feira (22) pelo ministro do Planejamento, Nelson Barbosa. Em termos nominais, este é o maior contingenciamento registrado no país. A medida faz parte da tentativa do governo de promover o ajuste fiscal e reequilibras as contas públicas.

“Esse próprio governo vai pagar pelos pecados, vai ter que tomar medidas de contenção”, afirmou FHC após participar de uma palestra em um centro universitário de Brasília.

Procurada pelo G1, a assessoria de imprensa do Palácio do Planalto disse que a Presidência não vai comentar as declarações de FHC.

Logo em seguida à crítica, o ex-presidente cobrou que o governo explique à população que medidas pretende tomar após promover o contingenciamento de recursos. 

“Quando você faz uma contenção fiscal, você tem que explicar ao país o que vem depois. Qual é a esperança, qual é o horizonte?”, questionou.

Na coletiva de imprensa em que anunciou o contingenciamento na sexta-feira, o ministro Nelson Barbosa disse que trata-se do “primeiro passo necessário” para a recuperação do crescimento de modo sustentável.

Para fazer qualquer coisa precisa de liderança. E ninguém faz nada sem liderança […]. Quando o presidente não lidera no sistema presidencialista, o Congresso lidera”Fernando Henrique Cardoso,
ex-presidente da República

Liderança
Neste sábado, FHC também fez uma crítica indireta à presidente Dilma Rousseff ao afirmar que, no regime presidencialista, se o presidente não lidera, essa função é feita pelo Congresso.

“Para fazer qualquer coisa precisa de liderança. E ninguém faz nada sem liderança […]. Quando o presidente não lidera no sistema presidencialista, o Congresso lidera”, afirmou. O tucano disse que sente “falta de liderança no país” e que tem dúvidas se o Brasil trilha o “caminho certo”.

“Não está claro pra mim se vamos realmente pegar o caminho certo […]. Estou sentindo falta de liderança, falta determinação e tem que fazer alguma convergência […] Estou falando de convergência nacional, pode ficar cada um do seu lado”, completou.

Economia
Durante a palestra, Fernando Henrique Cardoso afirmou que as medidas anticíclicas tomadas durante o governo Lula como forma de combater a crise econômica internacional que começou em 2007 eram necessárias, mas que era preciso “dosar” para evitar que provocassem a atual crise.

“Em política econômica não adianta só ter o rumo, tem que ter o rumo e aprender a dosar. Há momentos que não dá para continuar: freia, espera, vai retomar mais adiante”, declarou.

“Temos uma visível crise econômica, que está apenas começando […]. A responsabilidade nesse caso não é só do governo, os empresários entraram de corpo e alma. Alguns estavam vendo que a canoa ia bater no iceberg”, completou. Para FHC, houve incentivo em excesso à concessão de crédito e ao consumo. “Isso foi se acentuando não no governo do presidente Lula, mas no da presidente Dilma”, declarou.

Portal do Litoral PB

Com G1

 




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