Publicado em: 24 abr 2015

Renan diz que não vai polemizar com Cunha e não engavetará terceirização

O presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), afirmou nesta sexta-feira (24), por meio de nota, que não vai “sonegar” o debate nem “engavetar” o projeto que regulamenta a terceirização. Ele disse também que não entrará em polêmica sobre o tema com o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ).

“O Senado Federal não vai engavetar nenhum projeto porque não pode sonegar o debate de qualquer tema. Quanto ao projeto que ampliou a terceirização da mão de obra, vamos discuti-lo criteriosamente, envolvendo todos os interessados na regulamentação, principalmente os trabalhadores, referências inafastáveis e prioritárias na discussão”, afirmou Renan Calheiros na nota.

Na noite de quinta, Cunha disse que, se o projeto da terceirização aprovado pelos deputados demorar para ser votado pelo Senado, propostas aprovadas pelos senadores passarão a ter “o mesmo tratamento” quando chegarem à Câmara. “Pau que dá em Chico dá em Francisco”, afirmou Cunha. A declaração do presidente da Câmara foi uma reação a uma fala de Renan Calheiros, que criticou pontos do projeto aprovado pela Câmara e a suposta “pressa” na tramitação da proposta.

Momentos antes da fala de Renan nesta sexta, o presidente da Câmara, que participou de evento em Campo Grande, disse que “felizmente” o Senado apenas irá revisar o projeto de lei que regulamenta a terceirização no país. Se a proposta que muda as regras de terceirização for alterada no Senado, o texto retornará para nova análise dos deputados federais, em razão de o projeto ser de autoria da Câmara.

“Felizmente, nesse projeto da terceirização, o Senado será apenas revisor”, ironizou Cunha.

O presidente do Senado reafirmou a crítica a um dos principais pontos do projeto aprovado pelos deputados – o que prevê a terceirização das atividades-fim nas empresas. Atualmente, uma súmula do Tribunal Superior do Trabalho (TST) estabelece que somente podem ser terceirizadas as chamadas atividades-meio, como serviços de limpeza e segurança, por exemplo.

“Terceirizar a atividade-fim, liberar geral, significa revogar a CLT, precarizar as relações de trabalho e importa numa involução para os trabalhadores brasileiros. Um inequívoco retrocesso. É sabido que os servidores terceirizados têm cargas de trabalho superior, recebem salários menores e a maioria não tem oportunidade de se qualificar melhor”, disse na nota.

Renan também afirmou que nenhuma proposta aprovada pelos deputados deixou de ser analisada pelos senadores e disse que “inúmeras” proposições do Senado estão paradas na Câmara.

“Não há nenhuma matéria importante oriunda da Câmara dos Deputados que não tenha sido apreciada pelo Senado Federal. Dentre as inúmeras proposições do Senado Federal, paralisadas na Câmara dos Deputados, está o Código do Usuário do Serviço Público. Uma exigência da sociedade que, além das dificuldades econômicas, é obrigada a conviver com  falência dos serviços públicos”, afirmou.

Leia abaixo a íntegra da nota divulgada pelo presidente do Senado:

NOTA PÚBLICA

Em face de alguns noticiários no dia de hoje (24), reafirmo que o Senado Federal não vai engavetar nenhum projeto porque não pode sonegar o debate de qualquer tema.

Quanto ao projeto que ampliou a terceirização da mão de obra, vamos discuti-lo criteriosamente, envolvendo todos os interessados na regulamentação, principalmente os trabalhadores, referências inafastáveis e prioritárias na discussão.

Sempre defendi a regulamentação como elemento insubstituível para a segurança jurídica, ampliação da previsibilidade do mercado e resolução do problema do setor que emprega atualmente mais de 12 milhões de trabalhadoras e trabalhadores.

Terceirizar a atividade fim, liberar geral, significa revogar a CLT, precarizar as relações de trabalho e importa numa involução para os trabalhadores brasileiros. Um inequívoco retrocesso. É sabido que os servidores terceirizados têm cargas de trabalho superior, recebem salários menores e a maioria não tem oportunidade de se qualificar melhor.

Não vou polemizar com o Presidente da Câmara dos Deputados. Tal controvérsia só interessa àqueles que não querem o fortalecimento  e a independência do Congresso Nacional, àqueles que têm horror ao ativismo parlamentar.

Não há nenhuma matéria importante oriunda da Câmara dos Deputados que não tenha sido apreciada pelo Senado Federal. Dentre as inúmeras proposições do Senado Federal, paralisadas na Câmara dos Deputados, está o Código do Usuário do Serviço Público. Uma exigência da sociedade que, além das dificuldades econômicas, é obrigada a conviver com  falência dos serviços públicos.

Senador Renan Calheiros
Presidente do Senado Federal

Portal do Litoral PB

Com G1



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