Publicado em: 9 abr 2015

GUERRAS SANTAS E CRIMINOSAS

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                                                                                                                                   MARCOS SOUTO MAIOR (*)

                Minha querida e saudosa mãe, Adélia, era professora e destinou grande parte do seu salário, que era como ainda hoje continua sendo, uma lástima para a classe educadora, para pagar as mensalidades do melhor colégio da cidade à época, que vinha a ser o colégio Marista Pio X. Muito simples explicar, quando os educandários públicos, com algumas exceções, pagam pouco a quem ensina, falta material de aulas, afora a desobediência legal da manutenção anual nos respectivos prédios. Outro detalhe que guardo sentidamente na minha memória, diz respeito às aulas de religião, prelecionadas pelos Irmãos Maristas, que faziam leituras e desenhos no quadro negro, a fim de, mostrando a matança por conta das simplórias divergências dos credos, avançar nas estratégias de expansionismo pelo mundo, enquanto não fechava o meu entendimento para tantas e sangrentas violências em nome de Deus.

No campo extremista das religiões monoteístas, a história registra o protecionismo a dogmas e lugares intocáveis, por serem sagrados, mormente envolvendo o Cristianismo e o Islamismo, ambos com suas armas e os soldados dispostos a tudo. Tanto assim, que nos anos da Idade Média, o Cristianismo manobrou as famosas cruzadas, de índole militarista, a fim de reconquistar o Santo Sepulcro, em torno de oito expedições bem sucedidas, ao tempo de duzentos anos consumidos. Nos idos do Século IV, de outra banda, o profeta Maomé fundou o Islamismo, denominando os fiéis de mulçumanos e Alá sendo seu único Deus, com sede em Meca, na Arábia Saudita.

Hoje, o Catolicismo é puramente pacífico e respeitador das outras religiões, sob a presidência do Papa Francisco. Contudo, inventaram os famigerados xiitas, que vêm a ser uma seita violenta, envolvendo países como Irã, Líbia, Paquistão, Arábia Saudita, Iêmen, Azerbaijão, e tantos outros, mergulhados na política militarista, em protestos e mobilizações antigovernamentais. Soltando bombas mortíferas e, finalmente, matando pessoas desarmadas, mansas e pacíficas que oram em outras religiões, apenas para mostrar a força bestial das seitas criminosas, como forma de aterrorizar o planeta.

O massacre de Ruanda, em 1994, na África, com genocídio previamente organizado e encarregado por trinta mil militares do país, numa disputa entre um milhão de etnia hutus contra tutsis, teve comando no gabinete de uma ministra, que teria dito ser: “…pessoalmente a favor de conseguir livrar de todos dos tutis… sem tutis, todos os problemas de Ruanda desapareceriam.”  Agora em 2014, na África Central, o medo eclodiu quando 28 rebeldes criminosos da Selèka bombardearam, com granadas, a Igreja de Nossa Senhora de Fátima, na periferia de Bangui, matando setenta pessoas, inclusive um padre. À imprensa internacional, o sacerdote africano Mathieu Bondobo, asseverou: “É preciso dizer que esta paróquia, Nossa Senhora de Fátima, está localizada em área muito próximo de um bairro onde havia rumores de que alguns dos rebeldes estivessem infiltrados e estariam nessa área!” E a criminalidade religiosa continuará muito pior do que nos tempos da antiguidade. Quem viver, verá!

(*) Advogado e desembargador aposentado




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