Para ex-ministro da Fazenda, Brasil precisa ‘adotar plenamente o sistema capitalista’ para sair da crise
O economista Maílson da Nóbrega, ex-ministro da Fazenda de 1988 a 1990, no governo Sarney, esteve nesta semana em João Pessoa para ministrar a aula inaugural do mestrado em Economia do Setor Público ministrado em parceria entre a Universidade Federal da Paraíba (UFPB) com o Tribunal de Contas do Estado.
Em sua aula magna, Maílson da Nóbrega apresentou o cenário econômico e político brasileiro, destacando as dificuldades e as conquistas do Brasil frente o resto do mundo.
“O Brasil, apesar de viver um momento difícil, é um país que deu certo. Há uma lista de 25 países ricos no mundo, e uma sala de espera para entrar nesta lista. O Brasil está ao lado de outros 14 países nesta lista de espera”, explicou o ex-ministro.
Maílson explicou o que o Brasil precisa para deixar esta ante-sala e entrar de vez na lista de países mais ricos do mundo. Para ele, o Brasil precisa “adotar plenamente o sistema capitalista e desenvolver suas instituições para conseguir mudar sua realidade”.
“O sistema capitalista se caracteriza por quatro aspectos. O direito de propriedade, o respeito a contratos, uma economia que se move e se rege por sistema de preços e bons governos, que ajudam de forma institucional a economia, e não que interferem nela”, contou.
Falta, ainda, para o Brasil, a integração com o mercado internacional e à rede mundial de valor. “O Brasil precisa deixar de ser um país de renda média, que são países que esgotaram o dinamismo da primeira mudança de cenário econômico interno, que é a migração das pessoas do campo para as cidades e precisa ser movido pela inovação”, disse.
Para Nóbrega, só o aumento do investimento e da produtividade em ritmo superior ao dos países ricos poderá tornar o Brasil um país rico também. “Precisamos disso e de uma educação de qualidade, além de mudanças culturais que reduzam o forte caráter antiliberal da sociedade brasileira”, explicou.
Cenário atual – Para o economista, o atual cenário enfrentado pelo Brasil é fruto de más decisões tomadas pela presidente Dilma Rousseff em seu primeiro governo. “Investiu-se onde não se deveria investir. Você interferiu no preço da energia elétrica, no preço da gasolina e isso se sente agora. Quando você represa os preços, mais cedo ou mais tarde, eles acabam tendo de ser liberados”, analisou.
Apesar da responsabilidade, para Nóbrega, pela recessão que o Brasil enfrenta, ser da presidente Dilma, ele acredita que ela se colocou no caminho certo ao escolher Joaquim Levy como ministro da Fazenda. “É um cargo que eu já ocupei, e sei o quanto é difícil. Mas a presidente fez uma escolha muito boa, por um profissional respeitado no mercado e que pensa totalmente diferente dela. Esta é a prova de que ela está tendo de se entregar ao pragmatismo para conseguir sair do problema no qual se meteu”, disse.
Não é, para o economista, o momento de se pedir o impeachment da presidente. “Precisamos entender que, na democracia, ela tem o direito de concluir seu mandato, e este direito precisa ser garantido”, afirmou.
Portal do Litoral PB
Com Paraíba.com
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