Movimento comandado pela Mulher Melão pede liberação do topless no Rio
Dezenas de mulheres participaram, na manhã desta terca-feira, 20, ensolarado feriado de São Sebastião no Rio de Janeiro, do segundo Toplessaço na Praia de Ipanema, na Zona Sul da cidade. A funkeira Renata Frisson, a Mulher Melão, foi até a praia para dar seu apoio ao movimento e era uma das mais animadas no Posto 9, que ficou lotado de simpatizantes.
A campanha, que teve seu primeiro encontro em 2013, começou com um evento no Facebook que após reunir 50 mil pessoas chegou a ficar oculto na rede por ser alvo de ataques. Pouco depois, a idealizadora Ana Paula Nogueira, de 35 anos, voltou a colocá-lo como público e o movimento seguiu sendo criticado. Segundo ela, a proposta é justamente promover um debate sobre a não-criminalização da nudez feminina e decretar o “fim da repressão policial sobre os corpos”.
Ana Paula, que também é jornalista, falou ao EGO sobre a nova edição do Toplessinrio. “Queremos que o assunto seja debatido. Queremos marcar um ano do movimento Toplessinrio e reencontrar pessoas que estão apoiando o projeto. Este ano tem homens participando. Quisemos envolver o público masculino porque no ano passado as meninas não quiseram fazer topless porque se sentiram agredidas. Tentamos envolver o homem de um jeito lúdico usando a camiseta. Ele que sempre olhou para os peitos agora sente como é ser olhado”, explicou ela.
E ponderou: “O Brasil também não estava preparado para a barriga de Leila Diniz. É algo que podemos construir. Queremos criar a cultura para as pessoas se sentirem à vontade de fazer. Quem quiser apoiar o movimento pode usar a camiseta que criamos. Não estamos impondo o topless, o importante é termos liberdade para fazer quando quisermos”.
Melão dá apoio ao movimento
A funkeira Mulher Melão fez questão de ir a Ipanema e dar apoio ao movimento. Ela também explicou porque é a favor de legalizar o topless no Rio. “Por mim que legalize já! Uma coisa tão natural!”, defende. “O toplessaço é uma forma de protesto para chamar a atenção das autoridades, o Brasil é um país muito machista e cristão. O topless tem de ser legalizado fora do carnaval”.
Ela se diz expert em topless. “Topless nunca foi problema para mim. No carnaval eu já saí, contando por baixo, seis vezes fazendo topless. Sou uma expert em topless! O que me incomoda é a maldade das pessoas, e não o fato de mostrar o peito. Nos países de primeiro mundo é permitido, porque o Brasil, um país tão inteligente, vai ficar para trás?”, diz a modelo.
Melão não gosta da marquinha de biquíni na parte de cima. “Eu gosto da marquinha de biquíni na parte de baixo, deixa os homens loucos. Na parte de cima é bom sem marquinha para bronzear por inteiro”, defende.
No dia a dia, ela também costuma ficar sem sutiã. “Eu gosto de ficar à vontade, me chamam de índia porque eu gosto é de ficar nua”, diverte-se Melão, que costuma frequentar praias de nudismo.
Musa do movimento
Musa escolhida pelo júri popular, a bailarina Karla Klemente, de 31 anos, disse que o movimento do Toplessaço significa muito mais do que tirar a blusa. “Eu acho que ele reflete mais do que um simples topless. É pela não vulgarização do corpo da mulher. Ela precisa ser vista de outra forma. Precisamos rever muitos conceitos e preconceitos. Não é só quem tem peito bonito que pode mostrar. Eu como bailarina sofro preconceito por expor o corpo e as pessoas ainda tem tabus e preconceito. Temos de rever isso. Nossa luta é por uma sociedade mais igualitária e sem machismo”, afirmou a bailarina.
A modelo Natache Iamaya, de 32 anos, também é musa da causa e contou como deixou de lado qualquer receio por apoiar a causa. “A Ana (organizadora) me convidou e eu achei muito interessante. Na hora fiquei com medo da reação de todas as mulheres. Mas resolvi participar porque sou uma pessoa altamente desprovida de preconceitos. O deficiente físico ou é invisível ou é uma aberração. É uma luta contra o preconceito e os estereótipos.
É muito cultural isso do homem poder andar sem camisa e a mulher não. É machismo.
As mulheres não aderem por medo. Não é algo sexualizado, é uma questão da gente estar à vontade com seu próprio corpo”, falou.
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