Publicado em: 15 jan 2015

Redação do Enem de candidato paraibano vira destaque nacional: “esperava 0 e tirei 600”

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Trecho da folha de rascunho de redação com o trecho ‘porque hoje é meu niver’ e as notas do candidato

 

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A foto do rascunho da redação de Francinaldo, postada em uma rede social – Reprodução

 

RIO – O estudante paraibano Francinaldo Guedes Pereira completou 16 anos no dia 9 de novembro de 2014 e resolveu comemorar fazendo uma “homenagem” a ele próprio na redação do Enem. Segundo foto da folha de rascunho postada pelo candidato numa rede social, ele inseriu o trecho “porque hoje é meu niver” na última frase do terceiro parágrafo do texto. Francinaldo também printou a tela com suas notas no exame, em que teria tirado 600 em redação.

Se for confirmada a inserção do trecho no espelho da redação, que será divulgado pelo Ministério da Educação (MEC) até o fim de março, seu texto deveria ser anulado de acordo com o edital do Enem 2014. O item 14.9.5 diz que será atribuída nota 0 (zero) à redação “que apresente parte do texto deliberadamente desconectada com o tema proposto, que será considerada ‘Anulada'”.

Em entrevista ao GLOBO, Francinaldo confirmou que escreveu a brincadeira para testar a banca de correção.

– Vi que um aluno colocou a receita de miojo (na redação do Enem 2012), e aí queria testar como era. Era dia do meu aniversário e eu estava fazendo (a prova) só por experiência. Fiquei surpreso com a minha nota, porque muita gente fez com o tema certo, tudo direitinho, e tirou nota menor. Esperava tirar 0 – diz Francinaldo, que passou para o 3º ano de uma escola pública do município de Aguiar. – Este ano vou fazer sério, pois quero passar para a faculdade de Design.

Em 2013, O GLOBO mostrou que redações do Enem 2012 que continham brincadeiras como uma receita de macarrão instantâneo e trechos do hino do Palmeiras receberam 560 e 500 pontos, respectivamente. Na mesma edição do exame, o jornal mostrou que textos com nota 1000 apresentavam erros grosseiros como “enchergar”, “trousse” e “rasoavel”, além de desvios graves de concordância.

Após as reportagens, o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anisio Teixeira (Inep), órgão do MEC responsável pelo Enem, tornou os critérios de correção mais rígidos. No Enem 2014, apenas 250 candidatos atingiram a nota máxima em redação, e mais de 529 mil receberam 0. Ao todo, foram corrigidos 5,9 milhões textos. A nota média dos concluintes caiu 9,7%, de 521,2 em 2013, para 470,8 em 2014.

Procurado pelo GLOBO, o Inep ainda não se manifestou.




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