Acusado de ser mentor de assalto a carro forte disse que foi ‘fácil e tranquila’ a ação
O motorista do carro-forte, preso na quarta-feira (10) suspeito de ter participado do assalto ao veículo no dia 2 de dezembro, serviu de consultor de crime para o restante do grupo que executou o roubo, segundo a polícia. Thiago Sandes, delegado do Grupo de Operações Especiais da Polícia Civil (GOE), explicou nesta quinta-feira (11) que o funcionário da empresa de segurança indicou que roubar o carro-forte seria “fácil e tranquilo” após ser questionado por um dos integrantes.
O vigilante, de 24 anos, foi preso em uma clínica no bairro de Jaguaribe, na capital paraibana na manhã de quarta-feira. A prisão aconteceu em cumprimento ao mandado de prisão preventiva expedido pela comarca de João Pessoa. Segundo a polícia, o homem, funcionário da empresa de transporte de valores proprietária do veículo, simulou um sequestro e ainda forjou estar amarrado a explosivos, que depois foram identificados pelo grupo de Ações Táticas da Polícia Militar como falsos.
Conforme detalhou o delegado, o vigilante que dirigia o carro-forte foi contatado por um amigo de Pernambuco, que já integrava um outro grupo especializado em assaltos a bancos no estado vizinho, sobre as condições do roubo. “Ele foi questionado sobre a viabilidade do roubo e repassou que seria fácil. Ele conhecia toda a rotina da empresa, o itinerário dos carros, os procedimentos. Então ele municiou o restante do grupo com as informações e na véspera do roubo eles acertaram tudo”, comentou Sandes.
Até esta quinta-feira, três dos cinco envolvidos no assalto, incluindo o motorista do carro-forte, estavam presos. Os dois foragidos foram identificados pela polícia e os mandados de prisão preventiva já foram solicitados à Justiça, segundo o delegado. As investigações apontam que aproximadamente R$ 1,5 milhão foi roubado do carro-forte. Desse valor, apenas cerca de R$ 800 mil foram recuperados, mas Thiago Sandes acredita que o restante ainda será localizado.
“Foi um espaço de tempo curto entre o roubo e as prisões. Pela quantia restante, acredito que pode estar escondida. E mesmo que não esteja, nós pediremos os sequestro de bens dos suspeitos para reaver o montante que falta”, completou. Ainda de acordo com o delegado, todos planejaram juntos o roubo.
O grupo foi descoberto após uma operação da polícia de Pernambuco contra uma quadrilha especializada em roubos a agências bancárias. Parte do grupo que roubou o carro-forte era integrante desse outro grupo que atuava no estado vizinho. A partir dessa ação, a polícia da Paraíba avançou na investigação e identificou a participação de uma dos funcionários da empresa de segurança no delito.
O suspeito confessou o crime e explicou detalhes sobre o roubo. “No dia 2 de dezembro, a quadrilha esteve bem cedo com o vigilante para uma abordagem que deu a ideia de sequestro e amarrou no corpo dele os supostos artefatos”, detalhou o policial. A família do motorista do carro-forte não sabia, até a prisão dele, da participação no crime.
O dinheiro roubado seria dividido entre o grupo no dia 4, mas a ação conjunta das polícias da Paraíba e de Pernambuco conseguiu recuperar mais de R$ 400 mil em uma casa no bairro Alto do Mateus, em João Pessoa, no mesmo dia. O material estava enterrado, juntamente com sete armas de fogo, sendo seis da empresa e ainda uma pistola. Outra parte do dinheiro foi recuperada logo depois no estado vizinho, totalizando a quantia de R$ 816 mil.
A princípio, o vigilante deve responder pelo crime de roubo e associação para o crime. Novos acusações podem surgir no decorrer da investigação, segundo Sandes. Os outros dois suspeitos presos em Pernambuco ainda serão ouvidos pela polícia da Paraíba. O motorista do carro-forte já havia sido detido por porte ilegal de arma.
Relembre o caso
Após funcionários de duas agências bancárias denunciarem à PM que havia um carro com suspeitos rondando as agências no fim da manhã da terça-feira, a polícia intensificou as rondas nos bairros do Bessa e Manaíra, em João Pessoa, e na cidade de Cabedelo. Nas rondas em Manaíra, policiais encontraram um carro forte estacionado na avenida Umbuzeiro, que é residencial, e um dos funcionários da empresa de transporte de valores na calçada.
O funcionário da empresa informou para a polícia que seis malotes com dinheiro e ainda armas e munições dos vigilantes haviam sido levados por quatro assaltantes, em seguida mostrou o que seriam explosivos presos à cintura, que teriam sido amarrados pelos criminosos antes dele sair de casa para o trabalho.
Ele relatou à polícia que trabalha à noite como vigilante em um prédio e pela manhã, quando chegou em casa, no Alto do Mateus, foi abordado por dois ou três veículos na frente de casa. O grupo teriam entrado na casa dele e em seguida o levou até a empresa, onde ele teria entrado os explosivos no corpo sem chamar atenção de ninguém, se uniformizou, pegou o carro e saiu.
“Em seguida ele recebeu uma ligação do pessoal que estava fora para que ele informasse o número do carro que estava, foi repassada essa informação. Então eles se dirigiram ao primeiro banco, em um shopping e aí ele foi orientado a deixar esse local e seguir para Manaíra, onde foi feito todo o transporte e a remoção do dinheiro do veículo”, explicou o sargento da PM Cláudio Fernandes.
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