Publicado em: 4 dez 2014

Inquérito conclui que padrasto matou garota e se suicidou usando dinamite

loanna

Quase um ano após o crime, a Polícia Civil de Goiás concluiu, na terça-feira (2), o inquérito sobre a morte da estudante de enfermagem Loanne Rodrigues da Silva Costa, de 19 anos, e do padrasto dela, o garimpeiro Joaquim Lourenço da Luz, de 47 anos, em Pirenópolis, na região central de Goiás. Segundo o delegado Bruno Costa e Silva, a investigação apontou que o homem, motivado por ciúmes da enteada, provocou a morte dele e da garota com uma explosão de dinamite.

Eles foram encontrados mortos abraçados e amarrados a uma árvore, no dia 17 de dezembro do ano passado, no Morro do Frota, ponto turístico da cidade. Ainda segundo o delegado, o inquérito será encaminhado ao Ministério Público. “Como não há indícios da participação de terceiros nesse caso, a gente sugere o arquivamento”, afirma.

A investigação aguardava a conclusão de laudos sob responsabilidade da Polícia Técnico-Científica em Anápolis. “Ouvimos mais de 30 testemunhas, foram feitas várias perícias. O exame de local de crime teve um prazo maior tendo em vista de Joaquim ter tentando confundir a investigação para uma tese de duplo homicídio. Então, a gente teve que fazer todo um trabalho para comprovar que houve a simulação”, alegou o delegado.

Os exames toxicológicos constataram que havia etanol no sangue de Loanne. Além disso, em uma garrafa de água de 500 ml encontrada no local foi identificada a substância clonazepam, que tem efeito sedativo. Na garrafa havia 450 ml de água, o que, para o delegado, sugere que a garota teria ingerido 50 ml do líquido. Entretanto, não foram encontrados traços da substância no corpo de Loanne.

“Apesar disso, acreditamos sim que ela estava sedada porque o braço e a perna esquerda estavam soltos, não houve reação. Foi enviado ofício ao Instituto de Criminalística questionando se não houve um falso negativo nesse exame”, explica Bruno Costa e Silva.

Ainda segundo o delegado, os exames não constataram que a garota tenha sido abusada sexualmente ou que os dois tenham tido relação sexual. “Não há nenhum indício de que houve uma relação entre os dois. Inclusive ela reclamava do ciúme e dessa interferência constante dele nos relacionamentos dela”, afirma.

Planejamento
A investigação apontou ainda que Joaquim planejou o crime com, pelo menos, dois meses de antecedência. Dentre os elementos que levaram a polícia a essa constatação estão contratos de seguros de vida feitos pelo garimpeiro em nome da mulher e dos filhos. Além disso, um mês antes de ser encontrado morto ele vendeu o direito de exploração de uma pedreira a um colega, a quem pediu sigilo sobre a negociação.

Em depoimento à polícia, familiares relataram que Joaquim mudou o comportamento dias antes do crime. “Uma sobrinha percebeu que ele fez questão de participar de reuniões familiares, algo que ele não fazia porque era muito fechado. Ela constatou depois que era uma forma de despedida”, conta o delegado.

Já em relação a Loanne, a polícia acredita que a garota não tinha conhecimento das intenções do padrasto. “Encontramos mensagens no celular dela em que ela marcava de ir a festas. Então, nada indica que ela estivesse em depressão ou se preparando para isso.”

Mãe de Loanne faz última homenagem à filha durante enterro, em Pirenópolis, Goiás (Foto: Reprodução/TV Anhanguera)
Mãe de Loanne faz última homenagem à filha
durante enterro (Foto: Reprodução/TV Anhanguera)

Crime
Loanne e Joaquim foram encontrados mortos no dia 17 de dezembro, no Morro do Frota, ponto turístico de Pirenópolis, a 67 km de Anápolis. De acordo com a Polícia Civil, o padrasto e a enteada morreram abraçados, estando Joaquim com o pé acorrentado e Loanne amarrada com uma corda a uma árvore.

Em janeiro deste ano um laudo comprovou que a causa da morte dos dois foi uma explosão de dinamite. Desde a data do crime, a principal linha de investigação da polícia era de que a explosão tinha sido provocada por Joaquim.“Corrente, corda, barraca e colchão [objetos achados na cena do crime], era tudo propriedade de Joaquim. A dinamite era da pedreira onde ele trabalhava”, disse à época o delegado.

A mãe da estudante e mulher do garimpeiro, Sandra Rodrigues da Silva, disse que tenta aceitar a tese da polícia de que o marido planejou o crime. “Éramos felizes e nunca pensei que minha família iria ficar no meio de uma tragédia assim. Convivi oito anos com ele [Joaquim] e nunca pensei que ele pudesse ser capaz de cometer um crime. Por isso, penso que outra pessoa possa ter feito isso com os dois, mas infelizmente tudo aponta para ele mesmo”, lamentou.

A mulher também contou que, três dias antes do homicídio, viu os objetos usados no crime dentro do carro e indicou ao marido, após ser perguntada por ele, onde estava uma banana de dinamite que ele guardava em casa. “Eu me sinto culpada”, disse.

Ciúmes
Segundo amigos e familiares relataram à polícia, Joaquim nutria grande ciúme pela enteada. Além disso, resultados de exames grafotécnicos (que analisam a escrita) confirmaram que o garimpeirofoi o autor de uma carta com ameaças de morte recebida pela jovem.

Cerca de um mês antes das mortes, o garimpeiro contratou um seguro de vida no valor de R$ 30 mil, no qual seu filho biológico aparece como beneficiário. Segundo o então delegado do caso, Rodrigo Jayme, uma testemunha contou que Joaquim teria pedido informações no banco se a apólice cobriria casos de suicídio. “Esse é mais um elemento que leva a crer que ele pode ter forjado a cena do crime para parecer que foi vítima e não autor”, afirmou na época.

O rapaz que seria o beneficiário do seguro relatou em depoimento que estranhava o amor que o pai sentia por Loanne. Já a outra filha biológica do garimpeiro afirmou que acreditava mesmo que o pai tenha planejado o assassinato da estudante.

Loanne Rodrigues da Silva Costa, Pirenópolis, Goiás (Foto: Reprodução/ Arquivo Pessoal)
Loanne reclamava dos ciúmes do padrasto (Foto: Reprodução/ Arquivo Pessoal)



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