Publicado em: 1 nov 2013

Lula trata Marina e Campos como rivais do PT, ataca ex-ministra e blinda Dilma

1383251226559-luladilmaEm estratégia combinada com o Palácio do Planalto, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva criticou ontem a ex-senadora Marina Silva, que ficará na oposição ao governo Dilma Rousseff na eleição de 2014. Na tentativa de neutralizar os ataques de Marina à política econômica e blindar Dilma, Lula provocou a ex-petista e afirmou que “ela deveria parar de aceitar com facilidade as lições que estão lhe dando”. Marina Silva tem atualmente um elo com ex-tucanos como o economista André Lara Resende, um dos idealizadores do Plano Real.

Após participar do ato de comemoração dos dez anos do Bolsa Família, ao lado de Dilma, o ex-presidente defendeu a gestão da economia, alvo de críticas de Marina, e mostrou irritação com comentários feitos por ela de que a marca do governo atual é o “retrocesso”, seja na agenda de desenvolvimento sustentável ou na política.

Para desconstruir a dobradinha Campos-Marina, o plano petista, agora, é reforçar a imagem de Lula como avalista de Dilma e a marca da continuidade (mais informações na pág. A5). O ex-presidente disse que Marina, ex-ministra do Meio Ambiente de seu governo até 2008, parece ter problema de memória ao apontar falhas na administração da economia. “Ela deve estar apenas lembrando o período de 1994 a 1998, esquecendo-se de que, em 1998, a política cambial fez esse País quebrar três vezes”, disse Lula, numa referência ao governo Fernando Henrique Cardoso (PSDB).

Mais tarde, em almoço com Dilma e ministros, no Palácio da Alvorada, Lula prometeu desmontar as críticas nas viagens pelo País. “Depois de desencarnar por quase três anos, estou voltando à atividade política. Me aguardem em Pernambuco!”, anunciou ele.

O ex-presidente afirmou que não subiu ao palanque no Recife, na eleição do ano passado, para não constranger o então aliado Campos, provável candidato à sucessão de Dilma em 2014. Na época, Campos e o PT se desentenderam e ele lançou candidato próprio à Prefeitura, que venceu a disputa. “Mas agora eu vou fazer campanha lá. Não tem nada que me segure”, avisou Lula. No dia anterior ele chamara Marina de “sombra” do governador e disse que poderia voltar a concorrer, em 2018, se enchessem o seu “saco”.

Temor. Pesquisas em poder do PT indicam que Campos, embora desconhecido nacionalmente, ganhou fôlego para entrar em cena na disputa pelo Planalto ao juntar sua imagem à de Marina. No Planalto, o comentário é que o governador de Pernambuco “está na cabeceira da pista” e pode ficar na frente do senador Aécio Neves (MG), candidato do PSDB à Presidência.

Cotada para vice na chapa de Campos, a ex-senadora bate na tecla de que o governo Dilma não tem marca e elogia a estabilidade econômica do governo FHC, o que deixa o PT furioso.

“A Marina só precisa compreender o seguinte: ela entrou no governo junto comigo em 2003 e sabe que o Brasil tem hoje mais estabilidade em todos os níveis do que a gente tinha quando entramos”, rebateu Lula.

“Nós herdamos do Fernando Henrique Cardoso um País muito inseguro, não tinha nenhuma estabilidade. A gente tinha R$ 37 bilhões de reserva, dos quais R$ 20 bilhões eram do FMI e hoje temos R$ 376 bilhões de reserva e R$ 14 bilhões emprestados do FMI.”

Nos dois dias que passou em Brasília, Lula cortejou partidos aliados, pediu ao PT que defenda Dilma e afagou o PMDB. Em 11 dos 27 Estados, como São Paulo, Rio, Minas e Bahia, o PT e o PMDB serão rivais.

Pão pão, queijo queijo. A estratégia de comparar os oito anos de FHC aos 12 do período petista também será posta em prática com mais ênfase. Para Lula, “o confronto direto” de Dilma com um adversário seria melhor do que a pulverização de candidatos.

“Seria mais pão pão, queijo queijo. É importante lembrar que a gente tinha uma inflação de 12% quando cheguei à Presidência e hoje a inflação está em 5,8%. Nós nunca tivemos tanto tempo de estabilidade econômica quanto agora. Em que momento da história esse País teve dez anos de inflação dentro da meta?”, perguntou o petista. Antes de se despedir, voltou a falar de economia.

180 Graus




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